terça-feira, 27 de abril de 2010

Um pouco de mim!!!

Temos falado de assuntos técnicos no blog todo o tempo. Entretanto hoje resolvi escrever um pouco de mim!!!

Tantos trabalhos, tanto estudo, mas a verdade é que sou uma apaixonada pela medicina. E não aquela medicina invasiva, que entra, abre e resolve (por isso não sou cirurgiã!! Rs), mas uma medicina mais lenta, onde tenha tempo de conhecer as pessoas, olhar nos olhos, entender o contexto. Minha grande motivação na profissão é o trabalho com o outro. Como podemos aprender observando o outro!!!

Por isso neuropediatria, por isso reabilitação e por isso acupuntura. Uma somatória de aspirações que foram fazendo sentido com o tempo. Um caminho pessoal de busca por interiorização e sentido.

Eu gosto de trabalhar com a criança deficiente. Me sinto meio cúmplice de uma luta árdua, mas tão cheia de alegrias para quem consegue enxergar. Não há maior alegria no mundo que ver uma criança andando ou sustentando a cabeça. E não importa, tampouco, que isso ocorreu aos 5 anos, importa que é fruto de um investimento emocinal e físico de toda uma equipe familiar, de saúde e educaçao.

Venho de uma família de educadores, fiz magistério, e embora nunca tenha exercido, sou uma apaixonada pelo ensinar. Daí para a educação especial e mais tarde para os transtornos de aprendizado foi um pulo. Hoje trato crianças com dificuldades escolares com ou sem deficiência e tenho uma excelente equipe interdisciplinar em todos os locais onde trabalho, pois só acredito em um tratamento amplo, onde a criança é olhada como um todo e seus potenciais são além de explorados, são respeitados, bem como suas limitações. Invisto nas orientações, na necessidade de pais presentes, de comprometimento da familia e da escola com a criança. Não trato criança para resolver situações onde ela é a consequencia!!

É assim que acredito em reabilitação e em habilitação!!! É assim que acredito na medicina!

Na próxima semana vou abordar os projetos de estimulação precoce que trabalho!!! Investir nos pequenininhos é a grande prevenção.

Boa semana! Um abraço!
Dra Alessandra

terça-feira, 20 de abril de 2010

Acupuntura e epilepsia

Hoje trago o resumo do meu trabalho de conclusão de curso de acupuntura, utilizando esta técnica milenar em pacientes com epilepsia.

Na definição da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a saúde é um estado de harmonia entre as funções orgânicas internas e entre o ser humano e o meio ambiente onde vive. Na natureza, os fenômenos podem ser divididos, de uma forma simplista, em dualidades opostas, denominadas de yin-yang, que apresentam um estado de equilíbrio dinâmico.

No corpo humano o fluxo ininterrupto e suave das substâncias essenciais mantém as funções adequadas dos órgãos internos e, conseqüêntemente, asseguram as atividades nervosas e mentais, manifestando externamente um estado de saúde e bem estar.

A epilepsia do ponto de vista ocidental é uma condição que tem em comum a presença de crises epilépticas ou convulsivas recorrentes na ausëncia de condição tóxico-metabólica ou febril. A crise epiléptica é causada por descargas elétricas cerebrais anormais excessivas e transitórias da células nervosas. O sintoma da crise depende da área cerebral envolvida. A crise tem inicio súbito e cessa espontaneamente ou quando muito prolongada com uso de medicação.

A epilepsia é chamada pela MTC de DIAN XIAN, que significa: "vento interno". Vento simboliza perturbação, e refere-se grosseiramente ao desequilíbrio do elemento madeira. Existem os ventos internos, que podem ter origem no nascimento ou serem adquiridos ao longo da vida através de algum traumatismo ou tumor. Existem também os chamados ventos externos, que hoje são relacionados pelas técnicas ocidentais a vírus, bactérias e outros microorganismos presentes no ar.

Apesar de não possuir ainda uma evidência clínica consistente publicada na literatura médica especializada, acredita-se que a abordagem integrativa usando os conceitos tradicionais chineses pode contribuir no bem estar e melhora da qualidade de vida das pessoas com epilepsia.

Meu estudo iniciou-se com a anamnese detalhada dos pacientes para realização do diagnóstico energético e foram incluídos três pacientes com idades entre 10 meses e 11 anos, com diagnóstico ocidental de epilepsia refratária, todos utilizando mais de duas medicações ao dia e sem controle efetivo das crises epilépticas.

Os pacientes foram submetidos a oito sessões de acupuntura, sequenciais, semanais e não houve faltas ou desistências durante o estudo.

Todos os pacientes experimentaram melhora significativa (20 a 80% de redução) das suas crises epilépticas.

Obviamente essa amostra é pequena para afirmar o emprego da técnica nesta condição, porém abre um precedente para novos estudos, com número maior de pacientes.

Conclui-se que a acupuntura pode ser um recurso no tratamento de quadros neurológicos, incluindo a epilepsia e, que mais estudos padronizados são necessários para demonstrar sua eficácia.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Hippoterapia: Reabilitação com prazer!!!

Semana passada falamos sobre a TAA (terapia assistida por animais) enfocando a pet terpia ou terapia com animais de pequeno porte. Agora vamos falar da Hippoterapia ou Equoterapia, que literalmente significa tratamento com a ajuda do cavalo. Iniciada na Alemanha no século XIX, é uma terapia que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento bio-psico-social das pessoas com deficiência física e/ou mental e/ou sensorial.
O movimento do cavalo tem um efeito terapêutico porque apresenta um modelo de movimento muito similar ao movimento da pélvis de uma pessoa durante a marcha humana normal. O cavalo apresenta movimentos que nenhum aparelho mecânico ou tratamento convencional consegue imitar!
Durante o passo, além de apresentar os movimentos tridimencionais que se assemelham à marcha humana, o cavalo oferece ainda um gama de estímulos sensoriais, através da visão, tato,olfato e audição, favorecendo a conscientização corporal, a melhora do tônus muscular e o aperfeiçoamento da coordenação motora. O movimento e a mudança de equilíbrio constantes estimulam o sistema vestibular e solicitam uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e aperfeiçoando a coordenação motora. A integração com o animal, a equipe, o espaço utilizado, os elementos da natureza, a montaria e o manuseio final desenvolvem ainda novas formas de socialização, maior confiança e aumento da auto-estima.
Indicada para indivíduos com situações neurológica variadas, como sequela de AVC (ou derrame cerebral), paralisia cerebral, ataxias (perda do equilíbrio), síndroma de down, entre outras , a hippoterapia utiliza o cavalo como método neurofisiológico de tratamento manuseando o paciente e possibilitando sensação de movimento normal.
Como toda terapia que utiliza animais como terapeuta, há pré requisitos para a escolha do cavalo a ser utilizado na Hippoterapia. Ele deve ser dócil, tolerante e calmo. Não existe particular idade ou raça que seja idade ou apropriado. O tamanho do cavalo depende da necessidade de cada paciente. Pôneis não são apropriados para Hippoterapia, porque suas passadas são muito pequenas e o ritmo muito rápido. O cavalo deve passar por uma minuciosa análise, e após a escolha, ser treinado continuamente.
A Hippoterapia envolve uma equipe multidisciplinar que consiste no médico, fisioterapeuta e ajudante. Podem também fazer parte desse time o terapeuta ocupacional, o psicólogo, o fonoaudiologo, e outros profissionais relacionados à saúde. O médico é o responsável por indicar o paciente à Hippoterapia. O atendimento dura cerca de 30 minutos e o paciente geralmente senta-se no cavalo sobre uma manta junto ou não com o terapêuta, dependendo de suas condições físicas.
A Hippoterapia constitui um prazeroso método de tratamento, amplo e com resultados muito importantes na reabilitação física, mas também afetiva e emocional. Redução da ansiedade, melhora a capacidade de concentração e na auto-estima são efeitos observados precocemente na terapia.

O convívio animal é enriquecedor para o homem em qualquer esfera, seja com um animal de estimação ou em terapias com animais. Sendo assim, tratar bem esses seres que tanto nos ajudam é uma condição fundamental para crescermos como seres verdadeiramente humanos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Amigo animal: mais que um amigo, um terapeuta!!!

Você sabia que seu bichinho de estimação pode ser bem mais que um bom amigo? Pois é, originada na Inglaterra em 1792, a pet terapia ou terapia assistida por animais (TAA) é a realização de terapia de reabilitação utilizando cães, cavalos ou outros animais domésticos como instrumento mediador entre o terapeuta e o paciente.

A TAA é uma intervenção direcionada, individualizada e com critérios clínicos específicos onde um animal é parte integrante e fundamental do processo do tratamento; deve ser aplicada e supervisionada por profissionais da saúde devidamente habilitados e todo processo deve ser documentado e avaliado periodicamente, promovendo a melhora na função física, social, emocional, e/ou cognitiva de pacientes humanos.

Os animais funcionam como catalisadores na recuperação da saúde mental, promovendo ganhos motores, na auto-estima, comunicação, entre outros aspectos.
A presença de pets em ambientes hospitalares pode causar estranheza inicial, porém especialmente em pacientes pediátricos (crianças) o retorno é praticamente imediato. A visita dos animaizinhos quebra totalmente a rotina do lugar e a alegria transmitida por eles estimula a sociabilização, humaniza o ambiente e melhora o humor das crianças.

Atividades como: levar o “cachorro para passear”, com um material adaptado, colete com uma alça, servindo ao paciente como um andador vivo, em diferentes tipos de solo, com declives e aclives; escovação; pinçamento; arremessos de bola; bambolê; jogos de futebol, e jogos com finalidade pedagógica como: classificação e nomeação de cores e formas geométricas, objetos, introdução à matemática, estruturação de palavras, nomeação de vogais, seqüência lógica, análise e síntese, e montagem de quebra-cabeça estimulam as capacidades cognitvas e pedagógicas num ambiente extremamente prazeiroso para as crianças.

Os pacientes são ainda, colocados em contato com a textura do pêlo e com a temperatura corpórea dos animais, alimentam os animais, são expostos á motivação do comando buscando a atenção e a concentração, em um ambiente facilitador.

Mas você pensa que só crianças se beneficiam deste tipo de tratamento? Não mesmo! A pet terapia é utilizada também na reabilitação de idosos com doenças degenerativas, trazendo estímulo sensorial e cognitivo, melhorando a qualidade de vidas desses idosos que se sentem acolhidos e amados de forma incondicional. Este é um aspecto essencial para a melhora observada em casos de depressão, por exemplo.

Vários projetos se espalham pelo Brasil trabalhando de forma profissional com a pet terapia. Os animais são escolhidos de acordo com porte e docilidade para o trabalho e são adestrados por profissionais capacitados. É de extrema importância que o animal estaja em perfeitas condições de saúde e higiene e que tenha um acompanhamento periódico de médico veterinário.

Outros exemplos da atuação desses animais são como guias de deficientes visuais e no trabalho junto a forças policiais. Os cães são especialmente selecionados e treinados para desenvolver estas atividades que beneficiam uma infinidade de pessoas.

Entretanto, ser proprietário de um animal de estimação já é o suficiente para melhorar as relações no ambiente familiar, pois torna as pessoas mais tolerantes e compadecidas com os outros. Além disso, estudos revelaram que os proprietários de “pets” respondem melhor ao tratamento e se recuperaram mais rapidamente do infarto do miocárdio, possuem menos fatores de risco de acidentes cardiovasculares e apresentam menores níveis de stress. Até o bucólico peixinho no aquário comprovadamente reduz níveis de stress e ansiedade, por conta disso esses bichinho vem enfeitando com frequencia consultórios dentários.

UAU!! Aposto que após todas essas boas notícias você gostou mais ainda de seu pet né? Então não perca, pois em breve falaremos sobre a equo ou hippoterapia, a terapia com cavalos.
Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....