quinta-feira, 31 de março de 2011

ACUPUNTURA EM CRIANÇAS

Embora seja uma medicina muito antiga, as práticas chinesas só alcançaram a faixa etária pediátrica na Dinastia Song (960-1279) e os textos pediátricos proliferaram após 1949, pois a saúde das crianças sofreu muito pelos problemas sociais e econômicos da china. Como em toda a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), os cuidados pediátricos têm um caráter preventivo e integram vários aspectos: Físico e mental: ausência de doença. Ambiental: ajustamento ao ambiente. Pessoal e emocional: auto-realização pessoal e afetiva. Sócio-ecológico: comprometimento com a igualdade social e com a preservação da Natureza. O corpo da criança na visão da MTC apresenta uma constituição mole, Qi e Xuê insuficientes, tendões e vasos insuficientemente formados, espírito não desenvolvido e baixa resistência corporal. Ou seja: CUIDADOS INADEQUADOS PODEM CAUSAR DOENÇA! Algumas peculiaridades da criança também são observadas, lembrando sempre que os órgãos são vistos de acordo com sua função energética e não sua função fisiológica ocidental: O Baço e o Yin da criança são freqüentemente insuficientes; os órgãos são frágeis e suaves; o Qi facilmente sai do seu caminho. Crianças adoecem facilmente e sua doença rapidamente torna-se séria, por outro lado, seus órgãos e vísceras são claros e vivos, rapidamente recuperam a saúde. É preciso tratar da mãe para tratar da criança. Esses são preceitos básicos da MTC para aplicação na pediatria. Não há contra-indicação para o uso de agulhas em crianças, porém culturalmente nossas crianças e principalmente, as famílias, apresentam restrições ao agulhamento. A técnica que mais utilizo nas crianças é a fitoacupuntura, onde colocamos sementes com propriedades fitoterápicas no acuponto, para realização de um duplo estímulo, tanto o da acupuntura, quanto o da fitoterapia. Na próxima semana exploraremos mais o assunto a vou mostrar algumas experiências positivas que venho observando com esta técnica.
Boa semana. Um abraço.

Dra Alessandra

quarta-feira, 16 de março de 2011

CUIDANDO DE QUEM CUIDA

Hoje, diferente do que geralmente faço, vamos falar da atenção as mães, pais, avós, irmãos e outras pessoas que se dedicam ao cuidado das crianças com alguma deficiência.

Achei interessante falar neste assunto, pois semana passada atendi uma criança que conheço desde o nascimento (ela está com 9 anos) e mal reconheci a mãe. Uma moça jovem, que tem menos de 30 anos, mas com aparência de pelo menos 10 anos a mais, emagrecida e com um aspecto realmente cansado.

Perguntei como ela estava e ela me respondeu o que estava na cara: Nossa Doutora! Estou muito cansada. Minha vida é correr de lá para cá em médicos e terapias, laudos, escolas, remédios... Enfim uma vida de compromissos!

Curiosa, fiz uma pergunta: e o que você faz para você? Tipo ir ao cinema, passear sozinha, ir ao salão de beleza, essas coisas. Ela deu risada e respondeu: Ah, desde que minha filha nasceu, não faço mais nada!

Aquela resposta me tocou profundamente por dois pontos: Primeiro, sei (e sei bem) que uma criança com necessidades especiais, ainda mais no caso dela que a filha é dependente para tudo, realmente dá muito trabalho e consome um tempo enorme. Entretanto não podemos esquecer que há um ser humano por trás da figura do responsável que tem necessidades também, que precisa de uma vida além da criança, até para poder dar seu melhor à criança.

E segundo, as situações neurológicas da infância são geralmente crônicas, ou seja, vão acompanhar a criança boa parte, ou a vida toda. Então é necessário que a família se organize para viver com essa realidade e não viver somente essa realidade.

Outro ponto que acho importante é que a gente aprenda a pedir ajuda. Ao pai da criança (que tem as mesmas responsabilidades da mãe), avós, tios, vizinhos. Quanto maior a rede que for construída em torno dessa criança, menos ela vai ser um peso na vida daquele responsável sobrecarregado. Se essa for uma rede de amor, aí então, ela só tem a ganhar.

Pedir ajuda a alguém é, além de um exercício de humildade, um exercício de tolerância, já que o outro pode não cuidar da mesma forma que nós cuidamos (Cuidado mamães!! Pois nós mães achamos que só NÓS cuidamos direito dos nossos filhotes), mas qualquer cuidado que venha com amor e boa vontade vai, com certeza, dar certo e fazer bem.

E uma vez resolvido isso, vá sem culpa, ao parque, ao cinema, à igreja, namorar seu marido, seu namorado, arrumar um namorado, enfim viver a sua vida, pois esse é um direito de todos nós.

Sejamos felizes!
Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 2 de março de 2011

Intervenção Precoce é um trabalho sensacional!!

Olá!! Quanto tempo!! Parece que o ano já começou agitado! Mas vamos colocando as coisas em dia com calma.

Esta semana, quero comentar a experiência do nosso grupo de intervenção precoce, que carinhosamente apelidamos de grupo de “bebês”.

Ele é composto por bebês que nasceram no Hospital de Cotia e que apresentaram alguma intercorrência durante o parto ou logo após, como prematuridade, falta de oxigênio ao nascer (Anóxia Neonatal), convulsão ao nascimento ou meningite neste período e que vem para um seguimento de rotina com a equipe do centro de reabilitação.

Eles passam em avaliações mensais ou bimestrais de acordo com a necessidade e orientamos desde exercícios de estimulação motora e alimentar, até a compra de brinquedos, músicas e passeios externos. Quando observamos alguma alteração no desenvolvimento, a criança é precocemente encaminhada à reabilitação.

A equipe conta comigo como médica, com uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional, uma fonoaudióloga e ao final das consultas (em torno do primeiro ano de vida), realizamos uma avaliação e orientação inicial da odontologia.

O grupo é pareado por idade cronológica (ou seja, de nascimento), e vemos no máximo cinco crianças por atendimento.

Hoje foi um dia inusitado, pois vimos duas situações distintas em que o grupo mostra sua validade e importância. Duas meninas que nasceram com 15 dias de diferença e ambas com peso abaixo de 1kg.

A maiorzinha, que está com 10 meses, é umas das nossas menores crianças, foi uma prematura extrema e nasceu com cerca de 600g. Está com 10 meses (7 meses de idade corrigida) e muito, muito fofa, com exame normal para a idade corrigida, esperta, sorridente. Uma família ótima e uma mãe que seguiu todas as orientações de estimulação.

A outra, com 9 meses, vem apresentando uma evolução ruim, com atraso importante (foi um caso mais grave, que teve sangramento na cabeça e hidrocefalia, necessitando de cirurgia), mas percebido desde sua chegada ao grupo com 4 meses. Já está em reabilitação e vem evoluindo lentamente, embora de forma consistente.

Tenho certeza que essa seria uma criança que chegaria a um centro de reabilitação por volta dos seus 2 ou 3 anos de idade, com um atraso imenso e um tempo precioso perdido.

E como criança é tudo de bom, as duas como boas “amigas de infância”, brincaram juntas, sorriram e dentro de suas possibilidades interagiram de forma plena. E na saída, a pequerrucha nos brindou com um “tchau” recém aprendido e ainda meio desengonçado, que levou à mãe às lágrimas, pois realmente são pequenas guerreiras desde sempre!!

Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....