quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Minhocão ou Elevado Costa e Silva?



Eu já comentei aqui que gosto muito de uma revista chamada Vida Simples. Tenho desde o primeiro exemplar, mas de um tempo pra cá não estava mais curtindo tanto as matérias e a forma como ela está sendo conduzida. Então parei de comprar e resgatei os quase sete anos que tenho de revista e estou relendo. Revisitar conhecimentos alguns anos depois é bastante interessante.

Mas não é disso que vou falar hoje. Relendo uma dessas revistas de 2008, achei um texto da colunista (que escreve desde o começo da revista) Soninha Francine – sim, a candidata a prefeitura de SP – em que ela faz uma bela analogia entre o Minhocão e toda a alegria do brasileiro e sua irreverência em apelidar tudo, as cores do caminho, os pássaros que insistem em cantar em meio ao concreto e o Elevado Costa e Silva, a mesma construção, mas que nos remete e um Marechal que assumiu a presidência de nosso país em 67 e promulgou o terrível AI-5, que nos privou da nossa liberdade e da nossa arte.

O mesmo lugar com duas denominações tão antagônicas, duas leituras tão diferentes. Ela pontua que há dias em que ela passa pelo Minhocão, aproveitando toda sua beleza e sua peculiaridade, em outros passa pelo Elevado, cinza, com rachaduras, infiltrações, pobreza e sujeira ao redor. Feio, triste.

O lugar é o mesmo, o que muda é o olhar!

Eu li isso, não por acaso, num dia em que atendi a uma mãe que fez tantas, tantas queixas do filho (de 2 anos), que acabei não aguentando e perguntando se ela não achava ruim falar todas aquelas ciosas de uma criança tão jovem. Entendo que ela esta cansada e até irritada com o menino, que realmente dá muito trabalho, mas também sei que parte da irritação dele vem de toda essa projeção de coisas negativas que ela faz.

Como mostrar ao outro que o Elevado e o Minhocão são o mesmo lugar? E que ambos estão em nossas vidas, só cabendo a nós escolher para qual vamos olhar?

Difícil... Mas a parte legal de trabalhar com o outro é crer nas pessoas e não desistir, nunca.

E você? O que você vê? Qual é a sua escolha?

Um abraço
Dra Alessandra

GASTROSTOMIA: UM PROBLEMA OU UMA SOLUÇÃO?



Esse é um tema recorrente na minha prática clínica e embora, não seja específica da neurologia, a indicação da gastrostomia é um momento delicado e que gera muitas dúvidas nos familiares.

A gastrostomia é uma abertura feita cirurgicamente no estômago para o meio externo, que pode ser realizada por via endoscópica ou através de cirurgia a céu aberto, com finalidade de facilitar a alimentação enteral do paciente e administração de líquidos, quando a mesma está impossibilitada por via oral. 

Sua principal função, além de prover alimentação e ganho calórico adequado é evitar as consequências dos distúrbios da deglutição, em especial, a broncoaspiração. A broncoaspiração ocorre quando o alimento ao invés de descer pela via do sistema digestório, cai no sistema respiratório e vai para o pulmão.

Isso ocorre em várias situações neurológicas crônicas e pode chegar a 90% em casos de paralisia cerebral grave e 100% em doenças neuromusculares progressivas.

Alguns sinais de alerta para a aspiração são: escape oral de alimentos e saliva; dificuldade na mastigação e deglutição; regurgitação; pigarro após alimentação; engasgos e sensação de sufocação; tosse crônica e hipersecreção brônquica e especialmente, perda ou ausência de ganho adequado de peso.

A indicação do procedimento se dá após criteriosa avaliação clínica e a realização de exames complementares, tais como o videodeglutograma. Após a realização do procedimento deve haver reabilitação fonoaudiológica.

Importante salientar que em alguns casos, a gastrostomia não é definitiva. Havendo recuperação nutricional e o adequado treino de reabilitação e ganhos funcionais, podemos reverter o procedimento.

Finalizando, embora a gastrostomia seja um procedimento que suscite medo e dúvidas, é um procedimento seguro, que melhora sobremaneira a vida da criança e consequentemente das famílias. Proporciona melhor manejo clínico, melhores trocas posturais, enfim, um ganho na qualidade de vida da criança.

Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....