sábado, 17 de maio de 2014

MIELOMENINGOCELE

Quando comecei a trabalhar com crianças com deficiência física me deparei com uma condição sobre a qual eu já havia estudado, mas é muito pouco citada apesar de relativamente comum em nosso país: a espinha bífida ou mielomeningocele (MMC).

Principal razão para o uso de ácido fólico na gestação, a MMC é um defeito na formação da medula durante a formação do feto. Para correção do defeito é realizada uma cirurgia para correção nos primeiros dias de vida do recém-nascido ou ainda no útero. Entre as sequelas estão vários graus de paraplegia, incontinência vesical. A reabilitação é, de maneira geral, voltada para correção/prevenção de deformidades, prevenção de lesões, ortostatismo e marcha.

Mas a MMC não afeta apenas os movimentos.Associada a ela existe uma mal formação de porções do cerebelo que pode causar hidrocefalia. Esta mal formação é camada de Chiari tipo II.
Não sabemos ainda todas as funções do cerebelo, mas estudos tem mostrado que seu papel vai muito além de controle dos movimentos. Pacientes com lesões nesta região apresentaram prejuízo em planejamento, atenção e linguagem, e alterações na personalidade, por exemplo.

A maioria das crianças com MMC apresenta desenvolvimento cognitivo próximo ao normal na primeira infância, especialmente nas habilidades linguísticas.Por conta disso, a avaliação de seu desenvolvimento intelectual é negligenciado até o final do primeiro ciclo do ensino fundamental. Estudos sistemáticos tem mostrado prejuízo em atenção e função executiva (comportamentos direcionados a uma meta futura) e ocorrência significativa de indivíduos com deficiência intelectual, além de funcionalidade reduzida na vida adulta. São observados também uma ocorrência acima do restante da população de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

Por causa de tudo isso, convido as pessoas que lutam por um mundo mais inclusivo que olhem também para essas crianças, adolescentes e adultos de maneira mais cuidadosa.

Um grande abraço,


Melanie Mendoza
Neuropsicologia
CRP 06/103028

Algumas considerações finais sobre o Congresso Internacional de Neurologia Infantil


Retomo o assunto do congresso para deixar algumas considerações que não tinha abordado anteriormente.

Muito se falou em Paralisia Cerebral (PC) e isso foi ótimo. Esse tema durante algum tempo ficou meio que esquecido, como se pouca coisa tivéssemos para fazer por esses pacientes. Nos últimos anos a reabilitação ganhou fôlego e tecnologia e com isso o tratamento da PC voltou à tona, com mais possibilidades. 

Reabilitação Virtual, realidade virtual, inúmeras técnicas, várias novidades para reabilitação tanto na PC quanto no autismo e até para TDAH foi o que se viu no Congresso. Países investindo fortemente na funcionalidade e na adaptação da pessoa com deficiência.

Outra coisa que se falou muito foi da importância de diagnóstico, e especialmente, intervenção precoce. Mesmo sem um diagnóstico final, estimular a criança com qualquer tipo de atraso o mais cedo possível é fundamental para a melhor evolução.

Finalmente, e mais importante, foi o papel da família e das entidades de suporte, associações, grupos, criados pelas famílias para acolherem outras famílias, lutar pelos direitos de seus filhos e principalmente, exercerem papel ativo e atuante na reabilitação de suas crianças. 

Realizar estimulação domiciliar e ambiental na criança especial é muito importante, talvez mais até que a reabilitação formal. A foto abaixo demonstra a importância do envolvimento não só da família como da comunidade no tratamento da criança com deficiência. 

Esse é o ponto que mais destaco. Participação ativa, envolvimento. Aprender a cuidar do seu filho. Pais, mães, avós, tios, todos envolvidos formando uma rede de amor e investimento na criança. 

Um abraço
Dra Alessandra






domingo, 11 de maio de 2014

Congresso Internacional de Neurologia Infantil 2014


E o Congresso acabou! Foi tão corrido que nem tive tempo de ir colocando as novidades para vocês.

Participar de um congresso internacional é sempre uma emoção diferente. Ainda mais neste, que foi no Brasil. Convidados de vários países se misturavam aos muitos brasileiros que foram até a bela Foz do Iguaçu no Paraná prestigiar o evento.
Mais de 900 participantes fizeram deste encontro uma semana rica de trocas e confraternização.

Muito se falou da medicina dos países ditos “em desenvolvimento”, mas que na prática nada mais são que países pobres, com uma medicina precária e mal distribuída, onde os ricos tem toda a tecnologia de ponta e a saúde pública carece de elementos básicos. Neste aspectos somos assustadoramente parecidos com a índia e com países africanos. Todo nosso conhecimento e tecnologia não chega para a maior parte dos pacientes. Enquanto se falava em ressonância neonatal para diagnóstico precoce de paralisia cerebral, nós ainda lutamos por ultrassonografia nas UTIs neonatais da rede pública.

Assuntos importantes como paralisia cerebral, neurologia do desenvolvimento, neurologia neonatal e epilepsia foram devidamente abordados, com palestras muito interessantes, trabalhos de vários países mostrando diversas faces destas patologias, incluindo um trabalho do nosso serviço, que tive a honra de representar. Nestes momentos a discussão era extremamente prática e de interesse para a rotina de trabalho de cada um.

Outros assuntos como doenças metabólicas, doenças neuromusculares e neurogenética também foram amplamente discutidos. Mas nestas áreas nosso país está muito atrás. Coisas lindas são feitas, pesquisas interessantes são desenvolvidas, mas infelizmente, isso ainda está muito longe da nossa realidade. Aqui, ainda demoramos muito a realizar esses diagnósticos e mais ainda para dar o tratamento adequado. Fica uma sensação de impotência e frustração. Entretanto fica também a esperança de que a luta é árdua mas é possível e que vale muito a pena.

Sempre me pergunto quando vou a congressos, o que isso fica para a minha vida segunda-feira quando for atender meus pacientes. E fica muita coisa. Coisas ótimas, como novas possibilidades de tratamento e investigação, como a certeza de que embora com poucos recursos, fazemos uma medicina pautada pelo estudo, pelo conhecimento e pela responsabilidade com o outro.

Mas fica também algumas tristezas, como a de reconhecer que se houvesse interesse político poderíamos ter um país com a saúde muito melhor para nossa população. Políticas públicas de saúde bem feitas, dinheiro bem investido, menos corrupção, políticos mais interessados no trabalho e menos em cuidar dos próprios interesses são ações que podem melhorar nosso caminho. E parte disso está nas nossas mãos. Votando com consciência e cobrando de nossos representantes. Vamos ao trabalho!

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra


FELIZ DIA DAS MÃES!


A Clínica Vivere e eu desejamos a todas as mamães do mundo um lindo dia das mães! Que o amor permeie esse dia e que seus filhos sejam sempre grandes motivos de alegria e satisfação nas suas vidas.
Que nossas mamães especiais tenham confiança e esperança que seus filhos sejam produtivos e adaptados e que consigam atingir  o máximo de seu potencial.
E que o mundo se abra para uma convivência produtiva e isenta de preconceito. Que a diversidade seja entendida e vivenciada com naturalidade!
Feliz dia das mães!!

domingo, 4 de maio de 2014

Feriado é para estudar - Congresso Internacional de Neurologia Infantil



Essa próxima semana estarei participando do Congresso Internacional de Neurologia Infantil. Neste congresso neuropediatras do mundo todo estarão se encontrando para discutir temas relevantes da especialidade.

Realizado na bela Foz do Iguaçu, cidade onde vivi o final da minha infância e o inicio da adolescência e que há muito não revia, o congresso chega cheio de boas expectativas. Teremos horas e horas de palestras, encontro com amigos e apresentação de trabalhos.

Vários temas relevantes serão tratados por aqui. Neurogenética, epilepsia, paralisia cerebral,  desordens neurometabólicas, atualização em neuroimagem, nueroimunologia, entre outros temas. O congresso tenta passar por todas as áreas de interesse e de relevância dentro da especialidade. Convidados de altíssimo gabarito e relevância mundial fecham o pacote que promete muitas novidades e bons momentos para rever amigos e matar saudades.

Trago na bagagem, além de toda a expectativa, vários trabalhos para apresentar, que representam nossa produção, nossas possibilidades, nossa contribuição. É o nosso dia a dia virando tema de interesse e discussão. Nosso trabalho sendo relevante para outras pessoas. E isso é uma animação e uma satisfação a parte.

Vou tentar, durante a semana, ir postando as novidades e minhas observações sobre o congresso.

Um abraço! Boa semana!

Dra. Alessandra



Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....