É muito, mas muito frequente no meu dia a dia a queixa de que a criança é preguiçosa. Confesso a vocês que essa é uma frase que me irrita um pouco, especialmente quando a criança em questão tem alguma deficiência.
Eu não sei o que é ter que fazer uma força dobrada ou triplicada para mexer um membro que se recusa a ter qualquer movimento, não sei o que é ter que me movimentar com rodas ao invés de pernas, talvez por isso, eu tenha um respeito e uma admiração por crianças (ou adultos) que dentro de suas limitações, ultrapassam barreiras e façam esses movimentos de forma tão natural que chega a parecer fácil.
Parece, mas não é!
Uma criança com um lado do corpo parético, ou seja, com menos força muscular que o outro, tem dificuldades maiores que o movimento ou a força reduzida. Há alteração de equilíbrio, de balanço do corpo na marcha, de coordenação para a escrita. Enfim, nosso sistema nervoso é uma rede imbricada e complicada de neurônios onde uma alteração dita pequena pode causar dificuldades em várias funções.
Digo isso porque especialmente na infância onde tudo é novidade, onde todos os estímulos são instigantes, a preguiça raramente é uma realidade. Acredito em crianças mal estimuladas, mal recompensadas pelos seus esforços, pouco motivadas, mas não preguiçosas.
Colocar na criança a culpa por determinadas situações é não só injusto, mas cruel.
Estimular adequadamente nossos filhos, recompensá-los com elogios, abraços e carinhos. Viver o mundo deles, valorizando seus problemas e respeitando seus limites é o passo inicial para não termos crianças “preguiçosas”.
A medicina tradicional chinesa tem uma orientação muito interessante que ensina que crianças sem limites são crianças doentes. Portanto dizer não quando necessário com o mesmo amor que se diz um sim, ensinar coisas simples como respeito ao próximo e aos mais velhos é também um ato que previne doenças.
Assim, embora tente fortemente não tirar conclusões precipitadas, quando escuto uma mãe chamar o filho de preguiçoso, a primeira pergunta que passa pela minha cabeça é: quem é o preguiçoso? Criar um filho é uma opção para a vida toda que dá muito, MUITO, trabalho. Trabalho esse que só é comparável à alegria e a plenitude do amor incondicional por um filho.
Vamos refletir sobre isso?
Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra
Um abraço
Dra Alessandra
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dúvidas, sugestões, comentários? Me escreva!!!