terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ele tem que ir para a escola?


O início do ano letivo sempre traz dúvidas e angústias para pais e cuidadores, especialmente de crianças com alguma deficiência. Vamos, hoje, conversar sobre a escola e a educação inclusiva. Longe de querer resolver todas as dúvidas, esse texto tem a intenção de refletir sobre nossa educação e a necessidade de lutarmos por uma escola cada vez melhor para todos.

O Brasil é considerado um dos piores países do mundo em investimentos na área da educação. Em relação à educação inclusiva essa realidade não é diferente. Entretanto, apesar do pouco investimento e do descaso político, a educação inclusiva foi ganhando seu espaço de forma lenta, movida principalmente pela necessidade de adequação a essa realidade.

Em meados da década de 90, no Brasil, observando movimentos em outras partes do mundo, já mais avançados, começaram as discussões em torno deste modelo de atendimento escolar denominado Educação Inclusiva.

E essa é sempre uma grande angústia de mães de crianças com alguma deficiência: Ele tem que ir para a escola? Mas ele não fala! E se for maltratado? E se não for incluído?

Esse é um momento muito difícil, entretanto extremamente necessário. Colocar um filho, com ou sem deficiência na escola é sempre cercado de dúvidas e algum sofrimento. Mas criança tem de ir para a escola. Todas as crianças. E quanto mais esse momento é postergado, mais difícil fica. A criança com necessidades especiais deva ser vista primeiramente como criança, com todos os direitos e deveres de qualquer outra.

O desenvolvimento harmonioso da criança sob o aspecto individual, individual-social e predominantemente social é o que se pretende atingir no processo educativo. A auto-realização, a qualificação para o trabalho, o exercício consciente da cidadania são decorrências de uma ação educativa eficaz e eficiente, seja ela dirigida a indivíduos com necessidades especiais ou não.

É claro que a criança com deficiência necessita de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar e suplementar a educação regular.

Famílias amedrontadas frente à exposição de seus filhos a uma realidade inóspita sem a preparação física e profissional para recebê-los são realidade no meu dia a dia, mas privar uma criança do direito a escola não é o caminho. Lutar para que essa escola seja boa o bastante para essa criança é a única saída. E para isso é preciso envolvimento. Conhecer a escola, os professores, os objetivos trabalhados com seu filho, o plano pedagógico, a flexibilização do currículo é o grande diferencial nesse processo.

Muitas crianças com necessidades educacionais especiais encontram-se hoje fora de qualquer tipo de escola, o que configura muito mais uma exclusão generalizada da escola, e essa é uma situação muito mais grave do que a discussão de qual escola é a mais adequada.

Em resumo, ao longo dos últimos trinta anos, tem-se assistido a um grande debate acerca das vantagens e desvantagens da inclusão escolar. A questão sobre qual é a melhor forma de educar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais não tem resposta ou receita pronta.

É importante que as pessoas ligadas ao deficiente, sejam familiares, equipe de saúde ou educação estejam atentos às necessidades deste, independente das discussões teóricas e filosóficas.

Pensar a deficiência como diferentes possibilidades de adaptação e funcionalidade deve, obrigatoriamente, nortear todas as escolhas e decisões tomadas em relação a essa população.


Sejam felizes e coloquem seus filhos na escola.

Um abraço

Dra Alessandra

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