Conforme prometido, segue um breve resumo das palestras que assisti no Congresso Americano de Epilepsia.
Epilepsia é fundamentalmente uma doença de conectividade e entender essas conexões e suas características é o grande desafio da epileptologia atual.
Já no primeiro dia foi apresentada a nova classificação pela Liga Internacional Contra e Epilepsia (ILAE), um trabalho ainda em aberto, que visa facilitar a comunicação entre médicos e entre esses e seus pacientes. Essa classificação é importante porque baseamos nossa proposta de tratamento de acordo com o diagnostico, logo, quanto mais apurado for esse diagnostico, melhor nosso plano terapêutico.
Outro aspecto interessante da nova classificação é reduzir o impacto desta notícia para pacientes e familiares, bem como discutir possíveis estratégias terapêuticas e as possíveis evoluções do caso.
Quando o assunto é investigação e tratamento, o congresso é sempre um pouco frustrante. Ainda estamos muito longe (especialmente na saúde pública) das oportunidades de investigação e tratamento.
O tratamento da epilepsia tem sido cada vez mais precoce, agressivo (no sentido de ações rápidas e bem indicadas) e preocupado com o neurodesenvolvimento e com as comorbidades encontradas.
Muitos medicamentos ainda não estão disponíveis no Brasil. A grande vantagem dessas novas drogas é a redução dos efeitos colaterais e maior eficácia terapêutica.
Quanto aos exames complementares, muita coisa interessante está sendo desenvolvida, como ressonância magnética funcional, eletroencefalograma associado a ressonância funcional, testes genéticos e metabólicos, porém todo esse arsenal ainda se encontra muito longe da nossa realidade.
Na minha opinião, o ponto principal no tratamento atual da epilepsia é pensar em toda extensão do indivíduo, em sua qualidade de vida, nas comorbidades cognitivas que podem ocorrer e focar o tratamento de uma forma mais abrangente, pensando em qualidade de vida e não somente em controle das crises.
Por outro lado, a epilepsia refratária ainda é um grande desafio para todos e merece toda nossa atenção e esforço.
Volto sempre renovada e cheia de ideias após esses encontros, mas também um pouco apreensiva do quanto ainda temos que evoluir no nosso país para oferecer uma medicina de ponta à todos. Entretanto, como sou uma pessoa sempre otimista, prefiro olhar esses pontos fortes e focar meus recursos no trabalho para a cura ou controle da epilepsia e principalmente, na felicidade das minhas crianças.
Um abraço
Dra Alessandra
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