Falar do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) em crianças já gera bastante dúvidas e surpreendentemente alguma
polêmica. Hoje vamos explorar um campo ainda mais desconhecido, que é o TDAH no
adulto.
A forma clínica da idade adulta do TDAH foi oficialmente
reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria em 1980, por conta de sua
publicação no DSM-III, persistindo seu diagnóstico nas edições subsequentes. A Classificação
Internacional de Doenças (CID – 10) ainda não lista a forma adulta e seus
critérios diagnósticos, embora estes já estejam bem estabelecidos como veremos
no decorrer deste texto.
O diagnóstico de TDAH no adulto ainda é motivo de debates, visto
que desde a sua descrição o TDAH tem sido definido como uma situação da
infância.
Boa parte dessa dúvida se dá pelo fato dos sintomas de
hiperatividade e impulsividade melhorarem na adolescência, dando a impressão de
cura do transtorno após essa fase da vida.
Entretanto, estudos demonstraram que o TDAH persiste na vida
adulta em torno de 60 a 70% dos casos e embora haja diferenças clinicas entre
adultos e crianças, a tríade clássica de desatenção, hiperatividade e
impulsividade persiste em intensidade e características diferentes, porém com
impacto funcional e adaptativo também no adulto.
Há atualmente, inclusive, escalas
específicas para a avaliação de TDAH em adulto, como a ARSR (Adult Self-Report Scale), uma escala
auto aplicável para rastreio do transtorno e outros testes já utilizados no
Brasil como o CPT (Continuous Performance Test), um teste computadorizado, padrão ouro para avaliação
das funções executivas que vai dos 6 aos 80 anos. Para maiores informações sobre
o CPT acesse http://www.vivereclinica.com/#!Diagnóstico-no-Transtorno-de-Déficit-de-Atenção-e-Hiperatividade/cpbq/54c2591d0cf2ad5dc6cd7015.
Outros recursos como a avaliação neuropsicológica
também são bastante importantes no diagnóstico do transtorno nos adultos.
É importante salientar que muitos indivíduos podem
ser diagnosticados na idade adulta e o impacto na vida da pessoa continua
existindo mesmo depois de tantos anos convivendo com o transtorno. É muito
comum na minha prática clínica realizar o diagnóstico do pai ou da mãe de uma
criança após o diagnóstico do filho.
O tratamento tanto medicamentoso, quanto
psicoterápico, seja com treino cognitivo, com o COGMED ou com terapia cognitivo
comportamental ou seja na associação de intervenção terapêutica e medicamentosa
melhora de forma impactante a vida do indivíduo com o TDAH e esse diagnóstico pode
e deve ser realizado em qualquer idade.
Embora o TDAH seja um diagnóstico muito mais
prevalente na infância, diagnosticar e tratar o adulto com o transtorno é
fundamental para melhorar a qualidade de vida, a performance e a funcionalidade
destes indivíduos.
Um abraço
Dra Alessandra
Leitura Recomendada:
Biederman J, Faraone SV. Attention-deficit hyperactivity
disorder. Lancet. 2005;366(9481):237-48.
Faraone SV, Biederman J, Spencer T, Wilens T, Seidman LJ, Mick
E, et al. Attention-deficit/hyperactivity disorder in adults: an overview. Biol
Psychiatry. 2000;48(1):9-20.
MATTOS, Paulo et al. Painel brasileiro de
especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul
[online]. 2006, vol.28, n.1 [cited 2015-05-07], pp. 50-60 . Available
from: .
ISSN 0101-8108. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81082006000100007.
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