quinta-feira, 9 de junho de 2011

EPILEPSIA: Mitos e Verdades

Hoje vamos conversar sobre uma situação cercada de dúvidas e especialmente de preconceitos: a Epilepsia.

A epilepsia é uma condição clínica que afeta cerca de 1-2% da população, sendo que a faixa etária mais acometida é a infantil (abaixo dos dois anos) seguida dos idosos (acima de 65 anos). Há discreto predomínio masculino.

Apesar de freqüente, muito ainda se tem de preconceito em relação à doença. E a maior parte deste preconceito advém da falta de conhecimento sobre o assunto.

A epilepsia é uma condição que tem em comum a presença de crises epilépticas ou convulsivas recorrentes na ausência de condição tóxico-metabólica ou febril. A crise epiléptica é causada por descargas elétricas cerebrais anormais excessivas e transitórias das células nervosas. O sintoma da crise depende da área cerebral envolvida. A crise tem inicio súbito e cessa espontaneamente ou quando muito prolongada com uso de medicação. Alterações de humor, stress ou outras condições emocionais não são responsáveis pelo início das crises.

O pricipal sintoma da epilepsia é a crise epiléptica. Esta pode ser grosseiramente dividida em parcial – que se origina em áreas do cérebro restritas ou localizadas- ou generalizada – caracterizada por descargas neuronais síncronas provenientes de ambos os hemisférios. A crise generalizada chamada tônico-clônica é a mais freqüentemente reconhecida, pois é aquela onde o indivíduo, cai no chão, se `debate` (movimentos clônicos), às vezes `baba`(sialorréia) e pode ou não haver liberação de esfíncter (fazer xixi ou evacuar na calça). Embora essa seja a forma de crise mais reconhecida, ela não é a única e nem é mais ou menos grave. A gravidade da epilepsia geralmente está ligada à causa desta, ou seja, a doença de base, e não ao tipo de crise propriamente dita.

Quanto à causa da epilepsia, esta depende da idade do paciente e do tipo de crise. As causas adquiridas mais comuns são, em crianças, hipóxia ou asfixia neonatal (falta de oxigênio ao nascimento), traumatismo craniano, distúrbios metabólicos, mal formação cerebral e infecções (meningites, encefalites).

Em crianças maiores e adolescentes a epilepsia idiopática ou primária (familiar).
Na idade adulta temos as epilepsias idiopáticas, traumatismos cranianos, abuso de álcool e outras substâncias tóxicas, tumores cerebrais e AVCs. Doenças parasitárias como a neurocisticercose (proveniente da larva da solitária) são causas comuns em nosso meio.

O diagnóstico da doença é dado principalmente pelo quadro clínico. O primeiro passo é definir pela anamnese se o episódio é ou não de origem epiléptica. O diagnóstico da epilepsia é essencialmente CLÍNICO!

O exame complementar mais importante é o eletrencefalograma (EEG), porém este pode ser normal em 30-40% dos pacientes epilépticos num primeiro exame. O EEG deve ser realizado em sono e despertar, preferencialmente sob privação de sono e com registro mínimo de 20 minutos.

O vídeo-EEG é um exame usado para melhorar a caracterização das crises epilépticas, necessário somente em alguns casos.

Exames de neuroimagem (Tomografia ou Ressonância) são importantes para afastar crises sintomáticas com lesão cerebral. Outros exames dependem da avaliação médica especializada.

Quanto ao tratamento, o prognóstico é bom ou excelente na maioria dos casos, porém a evolução vai depender do tipo de epilepsia (síndrome epiléptica). Cerca de 50-70% dos casos evoluem para a cura após 2 a 4 anos de tratamento.

O tratamento pode ser medicamentoso (remédios anti-epilépticos) e cirúrgico (casos lesionais ou refratários).

Embora a maioria das crises ocorra ao acaso, de modo inesperado, em alguns tipos de síndromes epilépticas podem ocorrer fatores desencadeantes de crises, tais como luzes piscando, privação de sono, ingestão de drogas e álcool, situações estressantes graves, período menstrual, entre outros.

É importante salientar que no momento da crise, devemos somente proteger o paciente, virando-o de lado para que não se engasgue caso apresente sialorréia (baba excessiva). Não devemos tentar abrir a boca, puxar a língua ou enfiar qualquer material na boca da pessoa.

A epilepsia é uma doença crônica, não contagiosa e com boa resposta ao tratamento na grande maioria dos casos. O início desta situação é muito desconfortável para a família e principalmente para o paciente, ainda mais se este for criança, por isso é importante conhecer a respeito e saber que na maioria dos casos, a epilepsia tem um impacto muito pequeno na vida desta criança. Não vai prejudicar inteligência, rendimento escolar, personalidade ou comportamento. Um seguimento profissional especializado, disciplina e seriedade no tratamento e logo logo esse evento não passará de uma história para contar.



Um abraço

Dra Alessandra

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