terça-feira, 22 de junho de 2010

Formas clínicas da Paralisia Cerebral - Espástica


Atendendo à pedidos, escrevo hoje sobre as formas clínicas da PC ou ECNE.

A ECNE é classificada de acordo com o distúrbio do movimento em quatro grandes categorias:

-Forma espástica
-Forma atetóide
-Forma atáxica
-Formas mistas ou seja, a combinação de duas formas anteriores.

Hoje falaremos a respeito da forma mais comum (70 a 80% dos casos) e também de classificação mais complexa que é a espástica.

A forma espástica é caracterizada pela hipertonia espástica - aumento do Tônus ou rigidez muscular. De acordo com os membros afetados classificamos como hemiparesia/plegia ou tetraparesia/plegia, se acometer os membros de um mesmo lado ou os quatro membros. A forma diplegia/paresia crural ou doença de Little, se caracteriza pelo acometimento mais intenso nos membros inferiores.

A forma tetraplégica, dupla hemiparesia ou ainda denominada forma quadriplégica da PC espástica é a mais grave, correspondendo a 5% dos casos. Estas crianças conseguem no máximo ficar sentadas com apoio e raramente conseguem manipular objetos. Além disto esta forma está associada a distúrbios da deglutição e fonação, o que denominamos quadro pseudobulbar além de comprometimento cognitivo associado. São geralmente indivíduos restritos à cadeira de rodas e dependentes nas suas atividades.

A forma hemiplégica não costuma ser diagnosticada no período neonatal, mas sim entre quatro a nove meses de idade, quando a criança começa a manipular objetos e os pais acabam por notar o uso preferencial de um dos membros, sendo erroneamente considerados como "destros" ou "canhotos" precocemente. Em geral há predomínio do déficit no membro superior, negligência dos membros acometidos e presença de sincinesias, isto é, movimentos involuntários dos membros afetados que acompanham a movimentação voluntária. Estrabismo é freqüentemente associado à esta forma de ECNE. Deficiência intelectual não é freqüente, e quando presente costuma ser leve. Esta está fortemente correlacionada com a presença de epilepsia, que pode ser focal ou secundariamente generalizada, sendo controlada com medicamentos na maioria dos casos.

A forma diplegia/paresia crural ou doença de Little se caracteriza pelo evidente acometimento dos membros inferiores, havendo também constante acometimento dos membros superiores porém menos intenso e detectável apenas num exame cuidadoso. Clinicamente observa-se hipertonia dos músculos extensores e os adutores mais evidentes na marcha, à qual se denomina marcha em tesoura. A marcha geralmente é adquirida apenas após o terceiro ano de vida. Nas formas menos graves pode-se observar apenas eqüinismo (posição na ponta dos pés). As funções intelectuais na forma diplégica são relativamente preservadas e quando há acomentimento cognitivo, este costuma ser leve. Epilepsia é incomum, sendo geralmente de fácil controle. Estrabismo e problemas visuo-perceptivos podem ser freqüentes. A forma diplégica está geralmente associada à prematuridade.

Na próxima semana abordaremos as outras formas de apresentaçao clínica da ECNE.


Um abraço e boa semana
Dra Alessandra

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