quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Congresso Americano de Epilepsia




No início deste mês estive no 69º Congresso da Sociedade Americana de Epilepsia. Sediado na bela e fria Filadélfia, o Congresso foi intenso e extremamente interessante.

Muito se falou das novas técnicas de diagnóstico nas epilepsias, especialmente na área da genética e da neuroimagem. Outro ponto muito discutido foi o das comorbidades psiquiátricas nas epilepsias, especialmente na infância. Transtorno como o de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o ansioso e até mesmo o do Espectro do Autismo são mais frequentes em pessoas com epilepsia, mesmo as antigamente classificadas como “benignas” e devem ser ativamente investigados e tratados concomitantemente.

Falando em tratamento, esse foi o ponto mais fraco do congresso, em minha opinião. Falou-se de alguns novos medicamentos, revisitaram-se alguns já conhecidos, mas nenhuma grande novidade. A “grande” droga para tratamento da epilepsia, infelizmente, ainda não chegou.

Outro ponto interessante foram os dispositivos para monitoramento de crises noturnas, que variam desde relógios inteligentes até fofos cachorros treinados para dormir com seus donos e reconhecerem crises noturnas.

Foram 5 dias muito intensos, de aprendizado (as palestras iam das 7 às 20h), mas também de confraternização. Uma grande oportunidade de reencontrar colegas que moram fora, conhecer outras pessoas e passear um pouco por essa bela cidade.

Volto renovada, cheia de animação e novos conhecimentos para começar 2016. Vamos trabalhar na cura ou no controle, na melhora na qualidade de vida, e principalmente, na felicidade das minhas crianças com epilepsia.
Um abraço
Dra Alessandra

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Estimulação Precoce: por que iniciar a intervenção cedo é tão importante?


Na medicina a gestação é contada em semanas e dura de 38 a 42 semanas (os famosos 9 meses, são as 40 semanas de gestação).  Todo bebê que nasce antes de 37 semanas, é então considerado prematuro ou pré termo. Entre 37 e 38 semanas, chamamos de limítrofe.
Muitas são as complicações que podem ocorrer no nascimento prematuro, entretanto com a melhora do suporte gestacional e neonatal, boa parte destas situações pode ser evitada ou tratada precocemente.
Entretanto devemos ter em mente que esse é um bebê que nasceu imaturo e não totalmente formado e por conta disso merece uma atenção e um cuidado especializados.
Embora os avanços tecnológicos nos cuidados neonatais proporcionem maior sobrevivência de bebês prematuros, incluindo os prematuros extremos, com menos de 31 semanas de idade gestacional e/ou com peso menor do que 1.500g, esses pequenos apresentam risco para alterações do desenvolvimento e para sequelas neuromotoras e sensoriais, tais como paralisia cerebral, transtorno do espectro do autismo e até mesmo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

As sequelas mais comuns nessa população são; atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor, distúrbios de aprendizagem e comportamento, encefalopatia crônica não evolutiva (ou paralisia cerebral), além de doença pulmonar crônica e perda auditiva. Estes achados vêm aumentando nos últimos anos, uma vez que atualmente, sobrevivem recém-nascidos de risco ainda maior do que no passado. 
Todo bebê, seja ele prematuro ou com qualquer intercorrência perinatal, ou seja ele um bebê sem qualquer problema ao nascimento deve ter seu desenvolvimento seguido de perto pelo pediatra e principalmente por seus pais. A puericultura é como esse seguimento é realizado no campo da saúde. São consultas mensais, onde o bebê é pesado, medido e seu perímetro cefálico (medida da cabeça) também é checado.
Programas de Estimulação Precoce são programas multidisciplinares que avaliam e seguem bebês com intercorrências ao nascimento, tais como prematuridade, Asfixia (ou Anóxia) Neonatal, que é a falta de oxigênio ao nascimento, meningite no período neonatal, entre outros, diagnosticando e intervindo precocemente. Nestes programas, além da avaliação pediátrica de rotina, há também a avaliação do neuropediatra e da equipe de reabilitação – fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo.
Cada vez mais comuns e extremamente necessários para esses pacientes tão especiais, esses programas vem se tornando mandatórios no nosso país. Seguir de perto o desenvolvimento de uma criança, iniciando uma intervenção quando alguma alteração é observada pode mudar o prognóstico funcional deste bebê, evitando atrasos maiores, deformidades e outras situações mais difíceis de corrigir tardiamente. O nosso maior objetivo é sempre termos crianças saudáveis e felizes!
Um Abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Setembro e suas possibilidades


Setembro foi um mês de muito trabalho e muitas novidades interessantes na Clínica Vivere. Mas vocês já sabem, muito trabalho e muita novidade significam menos tempo para o blog.
No início do mês, como relatei no post anterior, participei do Congresso Brasileiro da ABENEPI.  Muita informação, muita troca de experiência e sempre a parte boa de rever os amigos.
Na sequencia, proferimos (eu e a neuropsicóloga Melanie Mendoza) uma palestra para pais e responsáveis de crianças surdas que frequentam o Instituto Adhara, em Cotia. Uma manhã muito rica de troca de experiências e dúvidas. Aprendemos muito sobre a cultura surda e a dificuldade de inclusão nos serviços médicos e na avaliação destas pessoas.
E para fechar o mês, nossa neuropsicóloga Melanie viajou até Santa Catarina a convite da AMA Brusque para participar do II Jornada de Atualização em TEA (Transtornos do Espectro do Autismo).  
Além desses eventos, solidificamos na clínica o projeto de estimulação multiprofissional para crianças com TEA. A equipe formada por mim, pela neuropsicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e três terapeutas ABA tem se reunido intensamente, discutindo casos, planejando estratégias de abordagem e avaliando resultados. A intervenção precoce e intensiva em crianças com TEA vem se mostrando a melhor abordagem terapêutica e nossa experiência com nossos mais de 20 pequenos com esse diagnóstico nos anima a trabalhar cada dia mais.
A terapia ABA (manejo comportamental realizado por psicólogo especializado) ocorre na casa da criança e as outras terapias na clínica. Semestralmente realizamos a reavaliação neurológica e neuropsicológica e a avaliação dos objetivos propostos, além de traçar novos objetivos.
E assim trabalhando muito, estudando muito, aprendendo e trocando muito setembro passou. Que outubro seja tão produtivo e tão estimulante quanto setembro e que eu consiga estar mais próxima de vocês aqui do blog.
Em caso de dúvidas, podem perguntar por aqui, mas caso eu demore a responder, por favor enviem e-mail para contato@vivereclinica.com ou visitem nosso site: www.vivereclinica.com
Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 15 de setembro de 2015

XXIII Congresso Brasileiro da ABENEPI


 
Semana passada, participei do XXIII Congresso Brasileiro da ABENEPI. A fria, bela e chuvosa Campos do Jordão nos recebeu de braços abertos para uma jornada intensa de estudos dos Transtornos Neurológicos e Psiquiátricos que acometem nossos pequenos.
Transtorno do Espectro do Autismo, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Deficiência Intelectual e Epilepsia (tema este que participei também como conferencista) foram os assuntos mais debatidos no encontro.
Reabilitação, diagnóstico, prognóstico, tratamento medicamentoso, tudo discutido por convidados nacionais e internacionais de alto padrão.
Algumas novidades, muitas dúvidas e uma grande certeza: a realização de um diagnóstico apurado e precoce e uma intervenção geralmente multidisciplinar e também o mais precoce possível é o que muda para melhor a evolução de praticamente todos esses quadros.
Um abraço
Dra Alessandra



sábado, 29 de agosto de 2015

O RETORNO



Nossa! Quanto tempo!! Acho que nunca fiquei tanto tempo sem aparecer por aqui. 

Sinto muita falta de escrever no blog. Do nosso contato, das dúvidas, da troca. Mas esse ano realmente está sendo muito intenso para mim. Não só no trabalho, mas também no âmbito pessoal.

 A nossa clínica Vivere (www.vivereclinica.com) desabrochou e virar gente grande dá muito trabalho! Mas hoje contamos com uma equipe linda, afinada, integrada, trabalhando pelo bem maior que é a saúde de nossos pequenos. 

Nossa intervenção precoce para crianças com Transtornos do Espectro do Autismo, Paralisia Cerebral e Atraso global do Desenvolvimento vem se firmando como um serviço competente e diferenciado na região, o que me enche de orgulho e de satisfação.

Nossa equipe segue participando de muitos congressos, cursos e ministrando palestras nas mais diversas áreas de atuação. Assim vamos caminhando com muita motivação e muito trabalho. Mas, obviamente, isso toma tempo, muito tempo. 

E já fiz aqui com vocês várias vezes, planos de ser mais disciplinada e mais assídua. Confesso que cumpro essas metas por algum tempo e depois a coisa vai desandando. 

Mas o importante é retomar sempre nossas prioridades e as coisas que tem importância na nossa vida. Por isso, aqui estou de volta. Contando meus  casos, colocando informações que eu espero ajudem a todos que passam por alguma situação neurológica com o filho.

Que tenhamos um belo setembro, com a primavera florescendo em todos nós.

Um abraço e até breve.

Dra Alessandra

terça-feira, 26 de maio de 2015

Vamos ao estudo! As novidades que vem por aí.

Os dois últimos finais de semana passei estudando. Vocês já sabem o quanto eu adoro estudar. Sou uma curiosa por natureza, ainda mais quando vejo no estudo uma possibilidade de cuidar cada vez melhor dos meus pequenos.

No dia 16 de maio, eu a neuropsicóloga Melanie Mendoza fomos a Campinas no simpósio Braincare (www.grupobraincare.com).

Colegas de profissão e parceiros, o evento foi organizado de forma muito competente e contou com palestras interessantíssimas, que abordaram o TDAH, os Transtornos do Espectro do Autismo, as Desordens do Processamento Auditivo Central, a Dislexia e especialmente, a reabilitação e as estratégias de ensino em situações especiais, assim como intervenções para memória e atenção.

Sempre saímos desses eventos cheias de ideias e motivadas a melhorar cada vez mais nossa abordagem.

E como dizia o subtítulo do evento, “o cérebro nunca para de nos encantar”.  Quanto mais estudamos, mais abrimos possibilidades de melhor intervir, estimular e dar às nossas crianças e adolescentes um futuro e um presente cheios de alegria.

Já no dia 23 de maio, participei de um fórum sobre Epilepsia. Confesso a vocês que esse assunto me encanta. É meu desafio diário entender esse processo tão complexo do nosso sistema nervoso. Controlar as crises, curar sempre que possível e dar aos pacientes com epilepsia uma vida normal, adaptada é uma luta diária.

E por conta disso nosso entendimento sobre essa condição vem cada vez mais se expandindo. Controlar as crises é o foco, mas pensar nas comorbidades, especialmente o TDAH, os transtornos do aprendizado e de linguagem abrem uma nova forma de abordar a epilepsia. Nessa direção, a pesquisa ativa de comorbidades e seu tratamento é uma parte fundamental do tratamento.

Métodos objetivos de diagnóstico como o CPT e a BRIEF que já usamos na clínica estão agora mais que indicados na avaliação completa da pessoa com epilepsia.

Enfim, trocar o descanso por tantas boas experiências, aprender coisas novas, validar outras que já usamos na nossa prática é o que me alimenta. Volto ao trabalho renovada e cheia de esperança de dias cada vez melhores para nossos pequenos, onde eles sejam sempre felizes.

Assim como vocês!
Um abraço
Dra. Alessandra


segunda-feira, 25 de maio de 2015

EXEMPLO É O MELHOR CONSELHO


Hoje vou dividir com vocês uma história pessoal. Não que eu vá virar uma blogueira fitness (Rsrs) mas quero compartilhar as mudanças que fiz na minha vida nesses últimos 6 meses.

Várias vezes já postei aqui a necessidade da gente se cuidar, ter um hobby, uma distração, algo que você goste de fazer, tirar um tempo para você.

Sei que quando a gente vira mãe, isso fica cada vez mais distante. São muitas demandas: filhos, casa, trabalho, tudo junto e misturado. Mas se não fizermos disso uma prioridade, nunca vamos ter tempo.

Há alguns anos decidi viver melhor, trabalhar menos, me adaptar a viver com menos, ter tempo para todas as refeições e ter uma vida mais saudável.

Mas fui me perdendo no caminho... Voltei a comer mal, no carro, sem regras ou horários e parei de me exercitar, sempre culpando a falta de tempo. E aí meus amigos, não há segredo. A combinação disso resulta em ganho de peso, desânimo e perda da saúde.

E comigo não foi diferente. Aumentei muito de peso, um cansaço físico eterno e várias dores, no joelho, no ombro, enfim era hora de dar um basta.

De novo, não há segredo. Disciplinei minha alimentação, tenho me exercitado pelo menos 5 dias na semana, nem que seja 30 minutos. Achei o que me faz bem, que é a variedade. Faço de tudo um pouco. Corro, danço, jogo tênis, faço treino funcional. Isso foi o que serviu para mim. O tempo continua escasso, a diferença é coloquei isso como parte importante da minha vida.

Então o “milagre” aconteceu. Foram 20kg eliminados em 6 meses. 

E a grande lição que tiro disso é que se disser para vocês que foram meses sofridos, estou mentindo. Ao contrário, foram meses muito felizes, de resgate de amor próprio, de bem estar comigo mesma. Meses em que parei de sentir dor, fiquei mais animada. Eu nunca fui vaidosa e agora uso até anel!

É claro que esteticamente eu mudei, mas a mudança interna de auto-cuidado e de saúde foram os maiores ganhos. Eu, que tanto cuido dos outros, agora cuido também de mim.

Vamos tentar? Olhar um pouco para nós mesmos. Não precisa ser uma dieta, não precisa virar atleta, mas vamos dedicar um tempo para olhar com carinho para essa pessoa tão importante que é você!

E seja feliz!

Um abraço

Dra. Alessandra

quarta-feira, 20 de maio de 2015

UM ANO DEPOIS

Vou compartilhar com vocês hoje o texto da Neuropsicóloga Melanie Mendoza sobre o primeiro ano de funcionamento da nossa clínica.

Um texto lindo, emocionante, especialmente para nós,  que estamos construindo com muito amor e dedicação um espaço fundamentado naquilo que acreditamos.

Esse ano passou rápido, como só passam os momentos felizes. 

Fomos, somos, estamos muito felizes. 

E cheios de ideias. E cheios de novidades!

Segue o texto:

Em abril a Clínica Vivere fez um ano de existência! A clínica surgiu da vontade de criar em consultório um ambiente em que os transtornos do desenvolvimento e da aprendizagem fossem tratados da maneira global e com uma forte integração entre os profissionais de diferentes áreas.

Antes da inauguração da Clínica Vivere, eu e a Dra. Alessandra atuamos em conjunto em serviço do terceiro setor e em pesquisa e atendimento na USP. Nestes lugares sempre debatíamos sobre as melhores abordagens disponíveis para cada paciente gerando um serviço de melhor qualidade e intelectualmente enriquecedor, mas tínhamos dificuldades de implementar este modelo na prática em consultório. 

A distância geográfica (eu moro nos Jardins em São Paulo, distante mais de 20 km da Granja Viana) não foi suficiente para que desistíssemos da ideia de um espaço multidisciplinar só com terapeutas qualificados em suas áreas, com sólida experiência em transtornos do desenvolvimento, com uma visão global do processo de maturação do ser humano e que conhecessem as atribuições das demais áreas do conhecimento.

Essa ideia deu certo e hoje cada paciente da clínica é discutido periodicamente entre a equipe que o acompanha. 

Nas discussões são definidos seus próximos objetivos e avaliadas as possibilidades terapêuticas disponíveis, além disso, os profissionais trocam informações sobre estratégias de intervenção enriquecendo os próximos atendimentos.

Quando é delineado um tratamento para nossos pequenos são definidos os objetivos imediatos e futuros – e qual a terapêutica que pode ser mais eficaz. Por exemplo, um paciente pode, por atraso no desenvolvimento, estar em acompanhamento em fonoaudiologia e reabilitação cognitiva (psicologia) durante as idades mais precoces. 

Posteriormente - na idade pré-escolar e após a alta da psicologia – ser planejada uma intervenção em terapia ocupacional com o intuito e melhorar o grafismo através do treino da coordenação motora fina.

Felizmente os desafios não param de surgir. Mais recentemente percebemos a demanda de grupos para crianças e atendimento para pais e responsáveis dentro do espaço da clinica - uma vez que muitos dos adultos já haviam criado um vínculo com o serviço.

Um ano depois podemos dizer que nos orgulhamos de estar nessa equipe e que temos um longo caminho a trilhar e muitos sonhos a realizar.

Um grande abraço,
Melanie Mendoza



Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....