sábado, 29 de dezembro de 2012

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES



Caminhando e cantando e seguindo a canção, assim começa a bela canção de Geraldo Vandré, símbolo da resistencia à ditadura dos anos 60/70.
Comecei esse texto com a letra desta música tão forte e tão atual, para refletirmos sobre o ano que passou e o que virá.

Nossa vida é um retrato fiel de nossas escolhas. Eu caminho cantando e confiando. Com o olhar atento ao bom da vida, mesmo quanto ele parece ter se perdido na rotina, nos problemas, na corrupção, na violência, na injustiça. Eu caminho e confio!

E ele continua dizendo na música, que somos todos iguais. Sim, iguais! Acredito que somos iguais e vivo isso, luto por isso. Essa é uma das minhas escolhas. Meu trabalho, minhas crianças, que me ensinam a olhar o mundo com mais suavidade.  E eu aprendo com elas a sorrir e a ser feliz, mesmo quando a maré está adversa.

Esse ano foi um bom ano, com boas escolhas e boa colheita. Mas não foi fácil, acho que nunca é. Um anos, doze meses, 365 dias é muito tempo para não termos nenhum aborrecimento. Tive alguns, é claro, mas escolhi o sorriso. Escolhi tentar me manter leve na medida do possível. E olhar as flores, sentir a relva, contemplar o belo. 

Vocês já sabem que gosto de usar datas comemorativas para refletir, mas nenhuma delas me toca tanto quanto o Ano Novo. Novo! Fresco! Cheio de possibilidades de mudança, crescimento, aprendizagem. Limpo armários em casa e no meu emocional. Observo, não julgo, perdoo. Pelo menos tento e sinto que melhoro um pouco a cada ano. É um processo lento, mas muito bonito. Mais belo que o lugar da chegada é o caminho. Aprecie!

E sigo, como dizia Cora Coralina, derrubando minhas pedras e plantando flores.

Escolhendo o amor, acima de tudo. O amor que traz em si o perdão, a compaixão, a caridade, enfim, tudo o que de melhor há no mundo.


Esse é meu desejo, que cada um de nós olhe 2013 como um ano de enormes possibilidades para a prática do amor em todas as suas nuances. Amar a si mesmo, amar sua família, seu amigo, seu vizinho, os animais, as plantas, todos como irmão e companheiros de caminhada. Se for assim, cada um fazendo um pouquinho, tenho certeza que constuiremos um ano inesquecível, o melhor do resto de nossas vidas!
Saúde! Feliz Ano Novo!
Sejam felizes. Escolham a felicidade!
Abraços
Dra Alessandra

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Minhocão ou Elevado Costa e Silva?



Eu já comentei aqui que gosto muito de uma revista chamada Vida Simples. Tenho desde o primeiro exemplar, mas de um tempo pra cá não estava mais curtindo tanto as matérias e a forma como ela está sendo conduzida. Então parei de comprar e resgatei os quase sete anos que tenho de revista e estou relendo. Revisitar conhecimentos alguns anos depois é bastante interessante.

Mas não é disso que vou falar hoje. Relendo uma dessas revistas de 2008, achei um texto da colunista (que escreve desde o começo da revista) Soninha Francine – sim, a candidata a prefeitura de SP – em que ela faz uma bela analogia entre o Minhocão e toda a alegria do brasileiro e sua irreverência em apelidar tudo, as cores do caminho, os pássaros que insistem em cantar em meio ao concreto e o Elevado Costa e Silva, a mesma construção, mas que nos remete e um Marechal que assumiu a presidência de nosso país em 67 e promulgou o terrível AI-5, que nos privou da nossa liberdade e da nossa arte.

O mesmo lugar com duas denominações tão antagônicas, duas leituras tão diferentes. Ela pontua que há dias em que ela passa pelo Minhocão, aproveitando toda sua beleza e sua peculiaridade, em outros passa pelo Elevado, cinza, com rachaduras, infiltrações, pobreza e sujeira ao redor. Feio, triste.

O lugar é o mesmo, o que muda é o olhar!

Eu li isso, não por acaso, num dia em que atendi a uma mãe que fez tantas, tantas queixas do filho (de 2 anos), que acabei não aguentando e perguntando se ela não achava ruim falar todas aquelas ciosas de uma criança tão jovem. Entendo que ela esta cansada e até irritada com o menino, que realmente dá muito trabalho, mas também sei que parte da irritação dele vem de toda essa projeção de coisas negativas que ela faz.

Como mostrar ao outro que o Elevado e o Minhocão são o mesmo lugar? E que ambos estão em nossas vidas, só cabendo a nós escolher para qual vamos olhar?

Difícil... Mas a parte legal de trabalhar com o outro é crer nas pessoas e não desistir, nunca.

E você? O que você vê? Qual é a sua escolha?

Um abraço
Dra Alessandra

GASTROSTOMIA: UM PROBLEMA OU UMA SOLUÇÃO?



Esse é um tema recorrente na minha prática clínica e embora, não seja específica da neurologia, a indicação da gastrostomia é um momento delicado e que gera muitas dúvidas nos familiares.

A gastrostomia é uma abertura feita cirurgicamente no estômago para o meio externo, que pode ser realizada por via endoscópica ou através de cirurgia a céu aberto, com finalidade de facilitar a alimentação enteral do paciente e administração de líquidos, quando a mesma está impossibilitada por via oral. 

Sua principal função, além de prover alimentação e ganho calórico adequado é evitar as consequências dos distúrbios da deglutição, em especial, a broncoaspiração. A broncoaspiração ocorre quando o alimento ao invés de descer pela via do sistema digestório, cai no sistema respiratório e vai para o pulmão.

Isso ocorre em várias situações neurológicas crônicas e pode chegar a 90% em casos de paralisia cerebral grave e 100% em doenças neuromusculares progressivas.

Alguns sinais de alerta para a aspiração são: escape oral de alimentos e saliva; dificuldade na mastigação e deglutição; regurgitação; pigarro após alimentação; engasgos e sensação de sufocação; tosse crônica e hipersecreção brônquica e especialmente, perda ou ausência de ganho adequado de peso.

A indicação do procedimento se dá após criteriosa avaliação clínica e a realização de exames complementares, tais como o videodeglutograma. Após a realização do procedimento deve haver reabilitação fonoaudiológica.

Importante salientar que em alguns casos, a gastrostomia não é definitiva. Havendo recuperação nutricional e o adequado treino de reabilitação e ganhos funcionais, podemos reverter o procedimento.

Finalizando, embora a gastrostomia seja um procedimento que suscite medo e dúvidas, é um procedimento seguro, que melhora sobremaneira a vida da criança e consequentemente das famílias. Proporciona melhor manejo clínico, melhores trocas posturais, enfim, um ganho na qualidade de vida da criança.

Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

NESTE DIA DO MÉDICO, TEMOS MUITO A COMEMORAR! SERÁ?



Fiquei olhando meio entristecida para o jornal e me perguntando se realmente temos motivos para comemorar. Num país onde os planos de saúde pagam em média 20 ou 30 reais uma consulta de um especialista que levou no mínimo 8 anos para se formar, entre graduação e especialização, onde o serviço público paga pela hora trabalhada um valor vergonhoso. Onde as pessoas morrem na fila esperando um exame ou uma avaliação especializada. Desculpe, mas vou discordar do meu conselho, pois acho que temos muito pouco a comemorar.

Eu adoro minha profissão. Gosto mesmo. De verdade. Sem demagogias. Gosto de cuidar das pessoas, dessa troca linda que é conhecer o outro, sua vida, suas histórias. Divido dores, multiplico possibilidades, somo conhecimento. Ensino e aprendo na mesma proporção. 

Nada me emociona mais que uma criança epiléptica com suas crises controladas e se desenvolvendo bem, ou um paciente encefalopata que adquiriu a marcha, não importa a idade. Um deficiente incluído com sucesso no mercado de trabalho, independente, produtivo.

Gosto de trabalhar em equipe. Trocar com outros profissionais. Esses ainda mais mal remunerados que nós médicos. E comecei falando na questão financeira, mas isso está longe de ser nosso único problema. Carência de recursos, condições ruins de trabalho, falta de equipe, falta de recursos simples, como uma pia para lavar as mãos entre os atendimentos... E por aí vai.

Sei que sou tão realizada na minha profissão porque fiz escolhas na minha carreira que me afastaram dessa realidade mais cruel, mas nem por isso esqueço como foram os primeiros anos de trabalho e como é a vida de vários colegas que se estressam perdendo vidas à espera de uma vaga em UTI que nunca vem.

Muito se evoluiu na medicina e muita coisa conquistamos, é verdade, mas essas conquistas ainda estão longe da esmagadora maioria dos pacientes. E isso entristece qualquer médico. Saber que poderíamos fazer mais pelo nosso paciente, mas não temos os recursos necessários é uma dura realidade.

Embora pareça pessimista, gosto de utilizar essas datas comemorativas para refletir sobre a situação real. E a realidade tem menos glamour que a comemoração.

Entretanto sou uma grande otimista. Acho que ainda podemos fazer boas escolhas e lutar pela dignidade de uma profissão tão linda, embora desgastada. Uma profissão de amor, de dedicação, de entrega. Não curo muito de meus pacientes, mas tenho certeza que faço tudo que está ao meu alcance para melhorar a qualidade de vida deles, luto pela dignidade e pela inserção das minhas crianças nas suas famílias, na escola, na vida. E cada sorriso, cada vitória é de todos nós e supera toda a dificuldade que enfrentamos diariamente. Só aumenta a motivação para lutar. Para mudar essa realidade.

Finalizando, acho que temos pouco a comemorar neste dia e muito trabalho a fazer. Um trabalho lindo, mágico, especial. E as felicitações que eu receber amanhã, não serão somente minhas, mas também de todas as pessoas que confiam a mim a vida do seu filho. Essas pessoas são parte da minha vida hoje e sempre. Juntos nós fazemos de situações dolorosas, um caminho de lutas e conquistas.

Feliz dia do médico! E dos pacientes! Não somente hoje, mas todos os dias.

Um abraço
Dra Alessandra

domingo, 30 de setembro de 2012

E AS FÉRIAS ACABARAM!

 
Há algum tempo aprendi a tirar férias. Sair, desligar, descansar. Sair de todos os empregos ao mesmo tempo, desligar o celular, Enfim, me dar tempo!
 
Às vezes fico em casa curtindo meu cantinho e minhas plantinhas, outras, viajo. Desta vez, viajei. Passei 20 dias viajando. Um momento lindo de descanso e aprendizado. Conheci lugares mágicos, me desliguei de todas as demandas do meu cotidiano. Realmente um tempo só meu.
 
E a viagem foi intensa. Descanso mental, mas quase uma aula de aeróbica... Andei, andei, andei. E aprendi, senti, compreendi.
 
Conhecer novos lugares, com o olhar atento e o coração aberto nos transforma, acrescenta. Foi uma viagem sensacional. Fui a Israel, numa peregrinação pelos caminhos de Cristo na terra Santa e depois Assis e Fátima, na Itália e Portugal, respectivamente. Lugares lindos, uma beleza para ser apreciada com os olhos e com o coração.
 
Mas Israel superou minhas expectativas. Longe de defender qualquer posição religiosa, entender os caminhos deste grande homem foi revelador. Independente da forma como o entendemos, desde filho de Deus até um grande filósofo, ele revolucionou o mundo, a ponto de dividirmos a existência humana, na maior parte do globo, em antes e depois de sua estada terrena.
 
Por isso foi intenso. Lugares com dois mil anos de história. Pedras milenares, construções que sobreviveram a guerras e terremotos, história viva. Energia pura.
 
Mas, a grande lição disso tudo é não passar em branco por essas vivencias. É que todo esse material humano e histórico que vi, vivi e senti, faça parte da minha vida, me modifique e que eu possa tocar outros corações com essa experiência.
 
A grande aprendizagem de qualquer viagem é voltarmos melhores do que fomos de alguma forma. E para isso, a viagem pode ser para o outro lado do mundo, ou para o outro lado da cidade. Ou pode nem acontecer. A diferença é nosso coração estar aberto às boas experiências e aos bons ensinamentos. Assim, as férias acabam, mas continuam eternamente em nossas vidas.
 
Boa semana! E aproveitem cada oportunidade da vida.
Um abraço.
Dra Alessandra 
Obs: foto - vista de Jerusalém

domingo, 26 de agosto de 2012

ENCONTROS E DESPEDIDAS


“O trem que chega é o mesmo trem da partida”. Assim nos fala os versos da linda canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, há pouco tempo regravada na bela voz de Maria Rita. A chegada é alegre, positiva, enquanto a partida, na maior parte das vezes é triste. Mas a música nos lembra que o trem é o mesmo, a vida tem chegadas e também adeus. E embora haja dor na despedida, há também crescimento, aprendizado.

Vocês que me acompanham no blog já sabem que desapego não é meu forte. Crio vínculos, me envolvo e dizer adeus, ou mesmo até breve, é difícil para mim.

Mesmo em situações positivas, como por exemplo, trocar de carro. Sim, eu crio uma relação com meu carro. Gasto dentro dele boa parte do meu dia. Então preciso me despedir, desapegar, deixa-lo ir fazer outras pessoas felizes.

Com meus bichos isso é obviamente muito mais intenso. Tenho uma relação de troca, de amor e de cuidado mútuo com eles. Entendo que bicho não é gente e que a brevidade da vida deles nos faz aprender a deixar ir, desapegar, a amar com a quase certeza que um dia eles vão nos deixar.

O processo racionalmente faz todo sentido, mas não fica fácil. O trem que trouxe aquele filhotinho fofo, gorducho, uma bolinha de pelo, tão fofo que chamamos de Fofão, foi o mesmo trem que levou nosso meninão num momento muito alegre de sua vida.

Serelepe, alegre, corria animado pelo quintal, espalhando alegria e baba por todo canto. Um belo São Bernardo, carinhoso e companheiro. Dividimos boa parte da vida dele e nos últimos anos ele foi morar com meus pais, onde continuou sendo muito amado e bem tratado, levando alegria e companheirismo à eles também.

E como não concordar que uma vida assim foi plena e feliz? Que sua missão foi lindamente cumprida e a saudade é só a certeza de um amor bem vivido? Isso consola. Esses pensamentos reconfortantes nos dão a força de olhar para esse momento com serenidade e só agradecer por esses lindos anos de convivência.

Tchau, amigão! Vá ser feliz naquele lugar encantado onde só os puros de coração descansam.
Um abraço. Boa semana.
Dra Alessandra

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

IMPERDIVEL - Palestra gratuita

A imagem desaparece....

Mas vai em texto. 
Segunda, dia 27/08 - PALESTRA TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR
Dra Evelyn Kukzinsky - psiquiatra da infância e da adolescencia.
EVENTO GRATUITO
LOCAL: Instituto de Psicologia da USP, bloco B sala 26
Organização: Projeto Disturbios do Desenvolvimento - IPUSP

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O QUE VEM POR AÍ!

Voltando a falar do Congresso, muitas novidades foram expostas no congresso e na feira de reabilitação. O aparato tecnológico de assistência à pessoa com deficiência não para de se aprimorar.

Técnicas de reabilitação robótica como o Lokomat, que permitem o movimento com auxílio e correção das deformidades. Andadores que se transformam em cadeiras de rodas para deambuladores de curtas distâncias, próteses articuladas com movimentação muito próxima do normal. Enfim, muitas possibilidades.

Ainda na área terapêutica, a estimulação magnética transcraniana na reabilitação após acidente vascular cerebral (AVC), para estimulação motora e o aprimoramento de técnicas como a reabilitação em espelho foram novidades e aperfeiçoamentos apresentados no encontro. Terapias intensivas na reabilitação precoce foram salientadas como o melhor plano de recuperação.

Todas essas possibilidades associadas à medidas objetivas dos ganhos funcionais. Cada vez mais propomos avaliações dos ganhos reais da reabilitação e com isso melhoramos cada dia mais o processo de recuperação pós lesional.

Entretanto é importante salientar, e isso foi muito comentado pelos palestrantes, que a terapia robótica ajuda de forma importante no movimento funcional. A órtese robótica e todo o aparato tecnológico está a serviço do tratamento, mas não é o tratamento por si só. 

Nada substitui uma boa equipe, composta por profissionais de diversas áreas, que vão olhar a pessoa deficiente com um indivíduo completo e pleno, com suas peculiaridades, suas dificuldades e sua pluraridade. Nada substitui esse olhar!


Outro ponto importante, que não posso deixar de salientar, é o quanto toda essa tecnologia é acessível. Quando tudo isso vai chegar à todos? Tenho certeza que vai demorar. Nosso país só é democrático e acessível para quem tem dinheiro e o poder público não usa o dinheiro público pelo bem maior da população. Então como diz o ditado, vamos manter um olho no peixe (nas possibilidades de reabilitação) e outro no gato (no uso racional e democrático do nosso dinheiro). Especialmente esse ano, que é ano eleitoral.

Um abraço
Dra Alessandra

domingo, 19 de agosto de 2012

CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA FÍSICA E REABILITAÇÃO

Essa semana participei do Congresso Brasileiro de Medicina Fisica e Reabilitação. É a primeira vez que venho a esta evento e o tamanho impressiona. 

Realizado no Centro de Convenções do Anhembi junto com a feira de reabilitação, a estrutura física é enorme.

Embora com algumas falhas, especialmente na parte de alimentação (no primeiro dia oficialmente passei fome), a organização é muito boa e o espaço muito bem pensado.

Impressionante como a deficiência vem cada vez mais tomando seu espaço e seu lugar nas discussões e nos investimentos na área da saúde.

Claro que quando falamos de saúde pública, essa realidade ainda está muito distante e pouco acessível, mas a área da reabilitação cresce exponencialmente, tanto em novos recursos quanto em aprimoramento dos antigos.

Muito se falou sobre o idoso, que mesmo quando não tem deficiência, tem mobilidade reduzida e uma fragilidade que se não diagnosticada e abordada reduz sua expectativa e qualidade de vida.

Um consenso nesta área é que qualidade de vida, integração, inclusão e principalmente funcionalidade são os reais objetivos de um bom programa de reabilitação. Olhar esse indivíduo como alguém que está se adaptando a uma nova realidade (como na maior parte dos casos), respeitar o tempo e o luto e apoiar essa pessoa durante todo o processo é a base de qualquer reabilitação bem feita.

Ouvi ainda, algumas palestras sobre internação para reabilitação e outras sobre a dificuldade de acharmos locais para os casos crônicos e a reabilitação de manutenção. Resumindo, o que é difícil, é difícil para todo mundo.

Finalizando, muito se falou de técnicas de reabilitação no presente e especialmente para o futuro, mas sempre pensando o individuo por trás da deficiência, os aspectos psiquicos e emocionais dessa pessoa e de sua familia. Só assim reabilitamos globalmente. Trazendo essa pessoa, toda sua potencialidade e sua pluraridade de volta à vida e não só reabilitando a marcha ou o controle de tronco.

No proximo post falaremos sobre as novidades propriamente ditas.
Um abraço
Dra Alessandra

domingo, 12 de agosto de 2012

PEQUENAS FELICIDADES

Eu sou uma pessoa feliz. Mesmo! Parte disso vem da minha personalidade. Sou mais alegre que melancólica. Mas boa parte disso é uma escolha. Eu escolho a alegria. No copo pela metade, acredito que ele está meio cheio e não meio vazio.

Mesmo nos momentos de problemas mais graves, tento não manter o foco no negativo e aproveitar todo e qualquer momento de alegria.
É claro que o meu trabalho, onde escuto histórias muito tristes, me ajuda a contextualizar minha vida. Recebo,todos os dias, lições de vida, pessoas que passam por situações extremas e tiram um força, uma retidão que admiro. E observo. E aprendo. 

Comparar nunca é uma boa proposta. Sempre há alguém com mais ou menos. Mas o que vale é olhar o hoje e aproveitar. Aprender que há sempre mais e menos, mas o que eu tenho é meu, o que eu sou é bom. Pode melhorar? Sempre, mas o presente me faz feliz, me basta.

Ouço muito a frase: " Eu era feliz e não sabia" e penso que talvez essa pessoa ainda seja feliz e continue não sabendo, não reconhecendo.
Mas a maior conquista neste processo que é viver, foi aprender a aproveitar as pequenas felicidades.


Pensar nas pequenas felicidades é essencial. Minhas orquídeas que se abrem, um pôr do sol na minha varanda, um chá e bom papo com os amigos, um vinho com a pessoa amada. Minha família, meus bichos. O amor incondicional e eterno, maior que eu, que sinto pela minha filha. Coisas simples, corriqueiras, mas que agradeço e reconheço como pura e absoluta felicidade.

E isso é possível, acessível a todos nós. Basta querer, manter a mente alerta e o coração aberto. 

Mais do que seja feliz, se aprorpie, reconheça e aproveite sua felicidade. E expanda isso, compartilhe, divida, some. Assim faremos um mundo melhor e seremos pessoas melhores. Eu estou no caminho! Pelo menos tentando.

Boa semana. Abraço.
Dra Alessandra

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Filho de peixe não nasce jacaré!

Essa frase é uma adaptação que faço frequentemente do ditado “filho de peixe, peixinho é” e que repito várias vezes durante meu trabalho.

E o principal objetivo desta frase não é lembrar aos pais a herança genética de seus filhos, mas principalmente os comportamentos aprendidos no ambiente domiciliar. Criança aprende observando. Não adianta mandar seu filho beber suco de laranja, enquanto você só bebe refrigerante.

Assim vale também para a escola. Uma queixa extremamente frequente é a que a criança não quer estudar. Vamos combinar, quantos de nós aos 7 ou 8 anos de idade queriam estudar? Quantos espontaneamente pegamos um livro para ler? Poucos, eu garanto. Até porque nesta idade, não há maturidade para entender os reais benefícios do estudo.

Mas esses também são comportamentos aprendidos. Estudos apontam que a escolaridade materna é fator importante no sucesso escolar das crianças. Se você lê, se informa, estuda, está indiretamente ensinando seu filho a fazer o mesmo.

Ajudar a tarefa de casa, checar cadernos, agendas, coisas que parecem óbvias, mas ás vezes eu pergunto à mãe o ano em que o filho está na escola e ela não sabe. E ainda espera que a criança tenha um bom desempenho escolar!

Ter em mente a responsabilidade que é criar um filho é necessário e imprescindível. Amar, educar, dar suporte e bons exemplos de respeito e cidadania criará não só uma geração de adultos mais envolvidos e éticos, como também um mundo melhor de se viver.

Um abraço

Dra. Alessandra


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O ELETRENCEFALOGRAMA: VAMOS CONHECER UM POUCO DESTE EXAME

Recebo muitas perguntas no blog a respeito do exame de eletrencefalograma. Vamos tentar responder algumas.

O Eletroencefalograma (EEG) é o estudo do registro gráfico das correntes elétricas encefálicas, realizado através de eletrodos aplicados no couro cabeludo.

O psiquiatra alemão Hans Berger (1873-1941), obteve a primeira imagem gráfica das corrente elétricas do cérebro através da pele intacta da cabeça do homem.

As indicações destes exames são: avaliação de síndromes epilépticas, avaliação de coma, morte encefálica, intoxicações, encefalites, síndromes demenciais, crises não epilépticas e distúrbios metabólicos.

O exame deve ser realizado em ambiente tranquilo e silencioso, preferencialmente com o paciente em sono espontâneo ou induzido por remédio, pois o sono é um ativador das alterações epilépticas. Manobras como fotoestimulação e hiperpnéia (respirar rápido) também devem ser realizadas de rotina. A duração mínima do registro deve ser de 20 minnutos.

É um exame relativamente barato, sem riscos e de fundamental importancia na investigação de quadros epilépticos. Entretanto, embora específico, é um exame pouco sensível, o que significa que um EEG normal não afasta a possibilidade de epilepsia. Quando as crises são bem estabelecidas, o dignóstico da epilepsia é eminentemente clínico. A repetição seriada de exames, 3 ou 4, pode aumentar as chances do aparecimento das anormalidades.

E EEG é uma ótima ferramente de apoio diagnóstico, porém deve ser solicitado com indicação clínica e avaliado por profissional capacitado e experiente.

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vale a pena ler!!

Amigos, vou postar a entrevista de um colega da AACD, que li no blog de um colega.
O endereço do blog é www.saudeconsciencia.blogspot.com.br
Vale a visita.

PRECISA CAIR A FICHA - ENTREVISTA



POR: ANTONIO CARLOS FERNANDES - MÉDICO ORTOPEDISTA



Sem jogo de bola e outras brincadeiras de rua, com a atenção voltada para games, computadores, tablets e smartphones, as crianças podem acabar antecipando o processo de envelhecimento.
O que o senhor tem observado no comportamento das crianças em relação à postura?
Antes de tudo, que praticam menos atividade física. Há muito mais atividade intelectual, seja na escola ou em casa, além de a atenção hoje estar voltada para videogames, computadores, tablets e smartphones.

Quais são as possíveis consequências desse comportamento?
O músculo torna-se mais fraco e as articulações sofrem com a sobrecarga. Isso ocorre tanto na coluna quanto nos membros inferiores. Quando essas crianças decidem levar adiante uma atividade física, é até necessário que o façam de forma progressiva e acompanhada de alongamentos e fortalecimentos, para que evitem lesões e tenham um corpo compatível com a sua faixa etária.

Existe uma idade certa para iniciar a prática de esportes?
É um processo natural. A criança desenvolve as funções neuromotoras apropriadas à medida que cresce. Para ela, quando pequena, esporte é correr, brincar e jogar bola. Hoje, em uma cidade grande, quem brinca na rua? É muito difícil. Mas é possível fazer exercícios na escola, em casa, no clube e, eventualmente, numa academia. Assim como nós, adultos, as crianças têm de se exercitar. O ideal é praticar, ao menos, três vezes por semana. A duração, no entanto, depende tanto da atividade quanto da idade.

Quais os perigos da mochila com alças folgadas, pesada e fora de eixo?
O corpo da criança está dimensionado para seu peso. Se alguma área carregar excesso de peso, sofrerá. É o mesmo que sair com apenas um sapato de 5 quilos. E ao peso do nosso corpo alia-se a pressão exercida pela coluna de ar atmosférico. Por sermos bípedes, grande parte dessa sobrecarga está sobre a lombar e, quanto maior o peso nessa região, maior a chance de complicações.

E qual o peso de hábitos como esse na qualidade de vida?
Quando se trabalha pouco um músculo normal, o que sofre com a sobrecarga são as pequenas articulações da coluna. E aí, há uma chance maior de desenvolver sintomas como dores e má postura. Caso persista na ação por muitos anos, a criança passará a ter vício postural que, aliado ao desgaste das articulações, irá desencadear o processo de envelhecimento.

Por que envelhecimento?
Porque nosso organismo age de forma distinta à do fator cronológico. O sedentarismo leva à acentuação das taxas de gordura no sangue, predispõe ao sobrepeso e à hipertensão arterial, por vezes também ao diabetes e a doenças cardíacas. O sobrepeso pode ainda comprometer articulações, tanto da coluna como dos membros inferiores. E tudo isso começa já na vida infantil. São problemas da vida moderna: crianças com erros alimentares e sedentarismo.

Não parecem muito diferentes dos adultos.
É uma tendência. Hoje, um adulto jovem sedentário, por exemplo, trabalha muito e, geralmente, nessa fase da vida está se preparando para casar, constituir família etc. Por falta de tempo, pratica pouca ou nenhuma atividade física. E, ao decidir fazer um esporte, a chance de lesão é muito grande e ele logo desanima. Com essa falta de exercícios, o envelhecimento ocorre antes do tempo. Ou seja, precisa cair a ficha. Trocamos essas atividades por clicar em botões, assistir à televisão e jogar videogame. E isso está ocorrendo muito cedo, antecipando cronologicamente as doenças do envelhecimento. Todos sabem que para combater o envelhecimento é necessária uma alimentação saudável, evitando alimentos gordurosos e industrializados. E que também é preciso praticar atividades físicas. Isso faz parte de nossa vida.

sábado, 7 de julho de 2012

Livro, de novo!

Sei que ando parecendo uma critica literaria, postando dicas de leitura no blog. Mas como adoro ler e volta e meia acho algo interessante em relação a alguma situação neurológica, gosto de compartilhar com vocês.

E a dica desta vez é o livro: O estranho caso do cachorro morto. O autor Mark Haddon nos escreve em primeira pessoa como se fosse Christopher, um rapaz de 13 anos, 5 meses e 2 dias.

Sim, Christopher é uma menino com Síndrome de Asperger, uma situação clinica que se encaixa nos transtornos do espectro autista.

Extremamente inteligente, Christopher nos leva de forma objetiva e clara a observar toda a sua dificuldade de socialização e suas limitações diante do novo.

O autor expoe de forma muito bem elaborada os sentimentos do personagem e de forma leve e bem humorada, nos leva a entra nesse mundo tão diferente que é o dos Asperger.

A história é bem humorada e envolvente. Uma leitura rápida e fluida, mas com uma profunda reflexão sobre o outro, o diferente. Nem pior, nem melhor. Só diferente. Só precisando de respeito, compreensão e amor. Como qualquer um de nós!

Embora seja um livro relativamente antigo (de 2004), é sempre atual entender as diferenças e conviver sem preconceito.

Vale a leitura

Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Palestra gratuita

Palestra imperdivel no IP USP - convidada Dra Maria Sigride Thomé-Souza
Tema Autismo e epilepsia.
Maiores informaçōes ni link abaixo.
APROVEITEM!

http://amareproteger-2.blogspot.com.br/2012/06/palestra-gratuita-autismo-e-epilepsia.html

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O mundo da epilepsia

Cercada de mistérios e preconceito desde a antiguidade, a epilepsia é sempre um tema interessante de estudar e tratar. Com uma prevalência de 1% na população geral, é importante olhar sem medo para esse assunto.

O congresso está sendo muito interessante. A epilepsia foi amplamente discutida, em todos os seus aspectos. Um programa abrangente, com convidados bastante expressivos no cenário atual, fizeram deste um proveitoso encontro.

Iniciamos com o dificil diagnostico diferencial da epilepsia com outros eventos paroxisticos. Muitos eventos podem ser confundidos com epilepsia, desde doenças do movimento, até as chamadas CNEPs, que são as crises não epilépticas psicogênicas, diagnóstico esse só esclarecido com a realização do vídeo-EEG.

Passamos então, ao estudo da nova classificação proposta pela ILAE - liga internacional contra a epilepsia. E novamente voltamos a utilizar o termo convulsão como sinonimo de epilspsia.

Muito se falou das possibilidades de exames na investigação etiológica, com exames de imagem e genética. Indicações cirúrgicas das epilepsias foram bem exploradas também.

Outro tópico bastante revisitado foi o da associação da epilepsia com os transtornos psiquiátricos. Há tempos essa associação é conhecida, mas só agora vem sendo mais profundamente estudada.

E finalmente, tratamento e prognóstico em longo prazo das mais diversas síndromes epilépticas, com o advento de novas medicações e o olhar mais abrangente do paciente epiléptico como um todo, visando não só o controle das crises, como também uma melhor qualidade de vida e um impacto funcional menor. Enfim uma abordagem mais humana do individuo com epilepsia.

Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 6 de junho de 2012

VAMOS ESTUDAR NO FERIADO!

Aqui estamos novamente aproveitando o feriado para estudar. Vocês que me acompanham já sabem o quanto é frequente a ocorrencia de congressos no feriado.

A quente e nublada Ribeirão recebe esse ano o 34o congresso brasileiro de epilepsia. Faz alguns anos que não venho a esse congresso, apesar da minha formação em epileptologia, não consigo ir todos os anos a todos os congressos, senão não consigo trabalhar...

Mas já que vim, resolvi fazer o pacote completo, iniciando com o curso pré congresso em neuroimagem em epilepsia.

Assistir palestras de neuroimagem é sempre meio deprimente para quem como eu, trabalha preferencialmente em serviços de saúde pública.

Fico sempre com a sensação de que muito há para se oferecer e pouco conseguimos realizar.

Variaveis como tipo de equipamento, profissional que lauda o exame com experiencia em epilepsia e recursos tecnológicos de ponta, influem sobremaneira no resultados dos exames.

Embora a neuroimagem seja primordialmente usada na investigação etiológica das epilepsias, muito se perde neste quesito pela falta de exames bem realizados e acessiveis a toda a população.

Mas, otimista que sou, prefiro pensar que o importante é sabermos tudo o que há disponivel atualmente, analisar criticamente quais as possibilidades com melhor custo/benefício e lutar ativamente para que toda essa tecnologia seja possível para omaior número de pacientes.

Amanhã vamos mergulhar na epilepsia propriamente dita.
Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Para ler e amar!



Acabei de ler um livro lindo que quero compartilhar com vocês: Paralisia Cerebral – Olá! Quer ser meu amigo?

A autora, Sulamita Mattoso Maciel nos brinda com uma generosidade genuína ao contar sua história e de seu filho Gabriel, um jovem com paralisia cerebral.

Sulamita passeia com fluidez por todos os momentos do caminho, a suspeita do diagnóstico, suas dúvidas a respeito do desenvolvimento do Gabriel (com a família e o pediatra insistindo que era coisa da cabeça dela), até finalmente alguém dar o diagnóstico. Suas aflições e a forma de tratamento de alguns colegas da saúde que não conseguem enxergar o momento delicado que é o do diagnóstico de uma condição para a vida toda.

Conta ainda, todas as fases que ela passou na aceitação deste. Sua fase de vitimização, “Por que comigo?”, sua fase “Super mãe” até a chegada a um caminho de equilíbrio no processo.

Me emocionei várias vezes durante a leitura, desde o prefácio com a bela introdução do neurologista que hoje acompanha Gabriel (Fernando Kok), passando pelos relatos dos parentes e amigos, até a linda descrição que Sula faz sobre quem é Gabriel.

Esse é um ponto interessante. Na minha prática clínica, sempre pergunto às mães como é a criança e muitas não tem noção do que seus filhos gostam ou não gostam. E dizem que ele não entende nada. Fiquei maravilhada com a profundidade do conhecimento que Sulamita tem de Gabriel. Ele não fala, mas se comunica e a família tem a atenção e a sensibilidade necessárias para compreendê-lo. Isso é reflexo do amor. Isso é possível e o livro nos mostra isso de forma muito concreta.

A autora expõe de forma corajosa suas escolhas e reflete sobre elas, sem medo de perceber alguns erros cometidos na tentativa sincera de acertar. Comenta sobre a patologia de forma clara, correta e acessível e aponta a necessidade dos pais saberem o grau de comprometimento de seus filhos e o que esperar da evolução do quadro.

Finaliza de forma poética nos alertando que “os monstros vão existir enquanto houver medo. Uma coisa só existe quando acreditamos nela. Portanto, os monstros só existem se você acredita neles”.

Vale a leitura.

Um abraço
Dra. Alessandra

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