terça-feira, 14 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Final de ano é aquela época gostosa de organizar a vida, fazer balanços das decisões tomadas, dos assuntos postergados, de arrumar armários e de ter todas as festas do mundo num único mês!! Haja fôlego!!!

Por isso, neste mês, não teremos novos posts técnicos, pois a correria diária está mais intensa.

Mas, falando em balanços, vamos arrumar esse armário!! Quando comecei este blog, foi com a despretensiosa intenção de escrever de forma clara e acessível sobre condições do meu dia a dia e posteriormente de compartilhar histórias que me tocam de alguma forma.

E o blog cresceu, pessoas entraram em contato, me escreveram, se sensibilizaram comigo.

Conheci novos casos, revisitei casos antigos. Pacientes que há muito não via, me acharam no blog e me escreveram para contar como estavam suas crianças. Enfim, trocamos boas energias.

E assim eu espero que seja o Natal de todos nós. Independente da orientação religiosa de cada um ( mesmo ausente), gostaria de lembrar aqui que Cristo, antes de tudo, foi um grande sábio, um filósofo, que veio nos ensinar o AMOR INCONDICIONAL (ame aos outros como a si mesmo, perdoe, tenha compaixão com o outro). Neste mundo tão árido da atualidade, tão “Yang”, tão comercial, eu desejo que cada um de nós cultive o amor neste Natal.

Que esse amor comece (como a caridade deve começar) de dentro para fora. Amando a nós mesmos em primeiro lugar e à nossa família. Perdoando, não julgando nem a nós, nem a nossos pais, filhos, avós, cônjuges. Respeitando nosso corpo, esse templo que nos foi dado de presente, cuidando da alimentação e da mente. Sendo feliz.

Então, essa energia estará conosco desde o início do ano, fazendo de 2011 um ano com menos violência e mais harmonia. É assim que começa, um pequeno passo, um bom dia de coração para o vizinho. Pequenos atos, grandes projetos.

Feliz Natal e um Ano Novo de muito amor!!! E ano que vem, já começaremos falando de autismo. Preparem-se.

Um abraço! Obrigada por todo carinho, respeito e consideração.
Dra Alessandra

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diagnóstico e prognóstico

Sim,quanto nome difícil!!! Palavras que despejamos no dia a dia para nossos pacientes e seus familiares na expectativa de ajudá-los a lidar com o inesperado. Porque nenhum pai, mãe ou avós acha que seu filho ou neto terá uma doença. E se ela é neurológica então... pior ainda.

Diagnóstico é o nome da doença ou situação clínica que o indíviduo tem. Paralisia cerebral, autismo, síndrome de Down, epilepsia, enxaqueca são alguns exemplos de diagnóstico. Porém em alguns casos, como a epilepsia por exemplo, esse diagnóstico pode ter uma causa, uma etiologia, como a própria paralisia cerebral.

Em alguns pacientes essa busca não é fácil e nos desgastamos junto à família para dar um nome à situação, pois como nos fala poeticamente a Adriana Ueda do blog Síndrome de Angelman (vide meus blogs prediletos): “E mesmo que a medicação não mude, ou que as terapias e tratamento continuem sendo os mesmos, a impressão que temos ao ter um nome para o problema é que uma página foi virada e podemos começar um novo capítulo. E com um diagnóstico, é como se estivéssemos flutuando, a deriva, e de repente chegássemos numa ilha - e por mais inóspita e desconhecida que seja, pelo menos estamos em terra firme.”


O diagnóstico nos abre as portas para o passo seguinte: o prognóstico. Prognóstico é a leitura que o médico faz, baseado no diagnóstico, de como aquela doença e aquele paciente vão evoluir. E embora, isso não seja uma previsão do futuro, saber o nome da doença nos dá uma boa idéia de sua evolução.

Por isso é tão importante uma boa investigação diagnóstica, e mais ainda, é importante que os familiares saibam qual o diagnóstico da criança e caso ainda não haja um, quais as suspeitas do médico.

Pergunte, peça laudos por escrito, se não entendeu as palavras, não tenha vergonha, pergunte novamente até entender. Mais que um direito, é um dever dos familiares saber o que acontece com sua criança.

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 23 de novembro de 2010

TDAH - Dicas

Finalizando os texto sobre TDAH, vou aqui dar algumas dica de manejo, porém esse texto não tem a função de ensinar com “receita de bolo” a lidar com uma criança que apresenta o TDAH. A intenção é dar algumas dicas simples que ajudam pais e professores, mas principalmente a criança que é nosso principal foco.

Porém a grande dica é que bom senso e amor fazem toda a diferença para qualquer criança. Entender que o indívio com o transtorno não faz de propósito “só para irritar” já é um grande passo para olha-lo com tolerância.

Vamos as dicas:

. Um ambiente muito bem estruturado ajuda a criança a ordenar-se.

· Favorecer ambientes onde tenha a menor distração possível. Na escola, sentar longe de portas e janelas. Em casa, ter um ambiente próprio para o estudo.

· Supervisionar pessoalmente as tarefas.

. Manter agenda, que deve ser vista pelos pais e professores diariamente.

· Estabelecer um tempo extra e fixo para que copie seu trabalho, lembrando que quando o tempo se esgotar deve parar e não deixar passar do limite.

· Fracionar as tarefas em intervalos curtos de tempo, com descansos entre uma e outra.

· Usar ajudas visuais como imagens em livros, em quadros, ou favorecer a aprendizagem por computador, para manter-lhe a atenção.

· Ser positivo e gratificante com cada sucesso cotidiano por menor que seja, para estimular o esforço em manter a atenção e reduzir o estado de frustração e cansaço – REFORÇO POSITIVO.

. Dar instruções curtas e objetivas.

. Manter rotina.

. Ser homogeneo nas instruções e repreensões ( o NÃO da mãe, deve ser do pai, avós, etc)

E ACIMA DE TUDO, ACREDITAR!!! Acredite , invista e aposte no seu filho. Seja presente, dedicado, amoroso. Brinque com ele, tenha um tempo com ele. Torne sua casa um lugar de harmonia.

Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Ele é tudo de ruim"

Atendi um menino semana passada, com 10 anos e um quadro comportamental importante. J. se recusa a ir à escola. E como já é um rapazinho, simplesmente não vai. Se joga no chão, grita, bate, enfim, não vai há 2 meses na aula.

Ele passou em triagem comigo e com a psicologia, e ainda que numa observação mais superficial, nós não fechamos qualquer diagnóstico neurológico ou psicológico.

A situação familiar é extremamente conturbada e a mãe não oferece o suporte necessário. Ele já passou em vários tratamentos, mas nenhum é levado com seriedade.

Durate a avaliação, pergunto como ele é em casa e lá vem uma chuva de queixas e acusações: J. é agressivo, desobediente, bate na mãe, é insuportável, etc, etc, etc. Eu já meio sem jeito fiquei observando J. sentadinho na cadeira ouvindo a mãe dizer tudo isso dele, mas a psicólogca foi além e perguntou o que ele fazia de bom e a mãe tranquilamente respondeu: - Nada, esse menino é tudo de ruim!!!

Como assim?? Eu quase cai da cadeira! Como uma mãe fala na frente do filho que ele é tudo de ruim? Ela estava nos dizendo que recebeu uma criança pura e fresca, e em 10 anos de convivência, não conseguiu despertar nada de bom nele. Essa é a nossa responsabilidade como pais.

É claro que naquele momento não pontuamos nada com a mãe, pois ela não tinha condições de nos ouvir, mas fui para casa refletindo como às vezes, a criança é tratada como o problema e na verdade é a grande vítima da situação.

Uma palavra tem poder. Se você fala para o seu filho que ele é tudo de ruim, com certeza ele vai ser, pois essa é a expectativa que você joga nele. E se perto do profissional foi assim, fico imaginando em casa como deve ser.

E assim, uma criança normal, é rotulada de problemática, recebe uma pilha de encaminhamentos – ao neuro, ao psiquiatra, ao psicólogo – enfim, uma iatrogenia.

O que ficou disso foi uma avaliação de ambos pela psicóloga, uma avaliação neurológica para a criança e a certeza de que aquela criança sofre.

Minha grande briga com parte das mães dos meus pacientes é exatamente essa. Criança tem que ser criada com amor, com carinho e com limite, sabendo que alguém a ama incondicionalmente e que estará lá para suportá-la. E isso, não há remédio no mundo que substitua.

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Congresso SBNI 2010

Semana passada, dias 11, 12 e 13, fui ao Congresso da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI). É o congresso nacional da especialidade, com temas atuais, convidados estrangeiros e toda a “trupe” de neuropediatras do Brasil.

Bom para rever os amigos e para nos atualizarmos com o que há de mais novo na especialidade.

O pré-congresso ocorreu no dia 11 e foi sobre as fronteiras da neuro com a psiquiatria. Um dia muitíssimo interessante, com discussão de duas especialidades afins, que abordaram temas como o TDAH, autismo, novas medicações que chegarão ao mercado (especialmente para o TDAH), novidades no campo da genética para as patologias psiquiátricas e uma boa discussão sobre um sintoma muito frequente na prática clínica, a irritabilidade!


Enfim, um dia cheio e bastante produtivo. Chamo a atenção para as palestars do Dr Luiz Augusto Rodhe de Porto Alegre e do Dr Guilherme Polanczyk, um gaúcho que atualmente está em SP, ambos psiquiatras da infância.

O congresso propiramente ditoa foi nos dias 12 e 13 e o tema foi: Neuroimunologia!

Uma série de doenças não muito frequentes, porém importantes na prática clínica, pela possibilidade de tratamento e pela diferença que faz no prognóstico final do evento a velocidade do diagnóstico e da instituição do tratamento.

O simpósio sobre Doença de Niemann-Pick tipo III foi excelente, tanto para o alerta para o diagnóstico precoce, quanto pela possibilidade de tratamento medicamentoso, com bons resultados. Essa é uma doença neurodegenerativa e para a qual, até pouco tempo atrás não existia tratamento.

O dia terminou com a palestra, brilhante como sempre, da Dra Elza Márcia Yacubian, que falou sobre os efeitos colaterais das medicações anti-epilépticas.

O último dia do congresso foi marcado por um simpósio interessantíssimo, conduzido pelo Dr André Palmini, que falou da comorbidade frequente entre epilepsia e TDAH. Com espaço para discussão e opiniões diversas dos colegas, foi um momento enriquecedor do congresso.

Enfim, um feriado muito produtivo de estudo e descontração. Volto nova e cheia de idéias para o trabalho!


Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Uma sexta-feira difícil

Eu trabalho na APAE – Cotia há cerca de 4 anos e lá temos um programa específico de atendimento ao autista.

O autismo é um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de gravidade. Nesta situação, o contato social e a fala são mais prejudicados. Em breve falaremos mais sobre o assunto.

Pois bem, há 2 semanas iniciamos as reavaliações dos alunos deste programa e essa sexta-feira foi especialmente mais difícil.

Mães com muitas dificuldades de manejo do quadro, chorando na consulta, com dúvidas importantes sobre seus filhos e com situações, que infelizmente, são fruto de uma abordagem equivocada por parte da família.

As pessoas acham que quando orientamos não deixar uma criança tirar a roupa, ensiná-la a não bater e a comer na mesa, colocar regras e ensinar a criança a segui-las, é só porque é “legal”.

O que não se entende, às vezes, é que um menininho de 4 anos tirando a roupa é engraçadinho, mas aos 20 anos já não é. E aí, como tirar um comportamento de 15, 16 anos de evolução?

Nós nos condoemos pela situaçao das mães, mas nessa idade, já não temos tantos recursos à oferecer. Eu sempre acredtio que há como melhorar, mas convenhamos não é como na infância.

Só nos resta, então, acolher essas famílias, ouvi-las, mostrar que sabemos que elas estão fazendo seu melhor e trabalhar com os pacientes o máximo possível de habilidades.

Nosso programa visa o atendimento clínico e pedagógico dessas crianças e adolescentes dando condições para que possam desenvolver suas habilidades, bem estar emocional e seu equilíbrio pessoal.

Porém trabalhamos com recursos pequenos, em meio período, pois não temos espaço físico para período integral e atualmente não temos vaga, pois são indivíduos que raramente damos alta e não acredito no trabalho com autista em turmas com mais de 4 alunos.

Temos conseguido bons resultados, especialmente no treino de habilidades de vida diária e na orientação familiar, mas quando pegamos um dia inteiro só avaliando os casos mais gravemente acometidos, eu me pergunto o que mais fazer! Mas aí, olho meus meninos entrando na escola, comendo sozinhos, escovando os dentes e olhando (ainda que brevemente) nos meus olhos e sinto que devemos respeitar o tempo deles, reestruturar as nossas expectativas e ter um pouco de paciência, porque cada conquista por menor que seja, vale todo o trabalho.

Um abraço
Dra Alessandra

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

APRENDIZAGEM

Já que estamos falando de aprendizagem, selecionei para vocês um texto das minhas amigas Melanie e Carolina, do laboratório onde desenvolvo meu projeto de doutorado.
Vale a pena ler o texto a seguir:

APRENDIZAGEM



Melanie Mendoza* e Carolina R. Padovani**



Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. É um processo contínuo, que sofre alterações na velocidade e na qualidade do que é aprendido conforme a idade e nível de desenvolvimento, isso acontece porque o sistema nervoso - órgão responsável pela aprendizagem - termina seu amadurecimento apenas no fim da adolescência e sofre contínuas alterações pelo ambiente por toda a vida.

Com o passar do tempo, a criança demonstra de maneira mais evidente o que aprende.

Como você viu na aula sobre desenvolvimento, a criança começa sorrindo, brincando com as mãos, olhando para alguns objetos e assim por diante, até ser capaz, mais tarde, de elaborar teorias sobre o mundo físico e social, além de sistemas de valores e crenças individuais.

Durante o processo de aprendizagem e desenvolvimento a criança opera sobre todos os dados recebidos do ambiente e atribui significados a eles - tanto pessoais, quanto da cultura em que está inserida. A aprendizagem, não é um processo limitado à atenção e ao esforço, depende também de estímulos ambientais, de características orgânicas e motivacionais de cada pessoa.

O aprender amplia-se com o passar do tempo juntamente com o aumento da capacidade de abstração da criança e com o transcorrer da idade.

A aprendizagem é muito mais do que memorizar e copiar os estímulos recebidos. É um processo ativo englobando outras atividades, como:

1) Organizar a nova informação;

2) Comparar e integrar com o que já se conhece;

3) Guardar na memória;

4) Lembrar sempre que necessário.



Lembre-se: O bom aprendiz não é alguém com uma memória privilegiada ou um bom copista, mas alguém que consegue manipular a informação de maneira inteligente e flexível.



i) OS PRIMEIROS ANOS



Nos primeiros anos de vida, aprendizagem e desenvolvimento se confundem, isso acontece porque o sistema nervoso da criança - imaturo ao nascer- prossegue evoluindo por toda a infância e adolescência, isso se reflete sobre seus comportamentos e sua maneira de compreender o mundo.

A capacidade que a criança de compreender o mundo que a rodeia é um reflexo da interação do meio - que a estimula - e de processos neurológicos que ocorrem durante o crescimento. Assim, a criança aprende coisas sobre si mesma e sobre o ambiente à medida que informações novas chegam e apresentam "problemas" para que ela resolva, estimulando assim sua inteligência e amadurecimento.



Lembre-se: A criança aprende porque o meio provê estímulos para ela e porque suas estruturas cerebrais permitem. Portanto é importante estimular, mas sem esquecer de respeitar o tempo dela.



Normalmente antes de entrar na escola, a criança já é capaz de:

1) Nomear coisas

2) Diferenciar classes de animais e objetos

3) O que é certo e errado em casa e no seu grupo de amigos

4) Leis físicas como gravidade, calor e movimento

5) Antecipar algumas reações das outras pessoas e elaborar uma teoria sobre como elas

estão se sentindo ou pensando.

6) Encontrar modos de conseguir o que quer.



Você pode ajudar nesse processo através de brincadeiras. Durante a infância a criança aprende brincando, literalmente. Respeitar esse direito é fundamental para que seu filho se desenvolva afetiva e cognitivamente.

Como dissemos na aula sobre "ser pai", os momentos de intimidade entre pais e filhos são fundamentais para os dois, estes podem ocorrer de maneira prazerosa em torno de um jogo ou de uma brincadeira.

Mas em um mundo tão cheio de propagandas voltadas para as crianças, quais são os brinquedos mais adequados para as elas?

Certamente os brinquedos não precisam ser caros ou sofisticados, os brinquedos mais adequados para promover a aprendizagem são justamente aqueles simples e que são utilizados há muitas gerações.

De acordo com a idade os brinquedos devem trabalhar:

4 a 7 anos: motricidade, os limites das artes gráficas, diferenças sexuais, sociabilidade. Tipos de brinquedos: construtivos, agressivos e optativos.

7 a 9 anos: sexualidade, sociabilidade, limites. Tipos de brinquedos: construtivos e principalmente optativos.

9 a 11 anos: sexualidade (identificação), formação de grupos sociais. Tipos de brinquedos: jogos.



De acordo com o tipo podemos classificar:

-dramáticos: bonecos (bebês, adultos, velhos), famílias (pano e plástico), copos, pratos, panelinhas, sucatas, caminhões, carrinhos, aviões, motos, etc - animais (selvagens e domésticos)

-regressivos: massa modelar, tintas, balde, água, areia, barro

-construtivos: jogos, formas e blocos, papel (branco e colorido), canetas, lápis, canetinhas, lápis de cor, pincéis e tintas, tesoura, barbante, cola, palitos,tampinhas,plásticos e panos,montagens

-agressivos: revólver, espada, bola (pequena, média, grande), arco e flecha

-optativos: jogos, fio e agulha, vela e fósforo



ii) NA ESCOLA



Lembre-se: Cada criança é um indivíduo único e tem seu próprio tempo para aprender cada coisa, nem todas as crianças entram na escola sabendo as mesmas coisas!



Ir a escola pela primeira ver, ou mesmo retornar de férias à escola, pode trazer uma situação muito delicada e barulhenta. A criança pode começar a chorar, gritar e se desesperar e esse comportamento pode gerar muita angústia e sofrimento aos pais.

A criança tem essa reação porque ainda não consegue fazer uma projeção do tempo e por isso não entende que ficará apenas algumas horas ali e logo poderá ver seus pais. Na hora da separação acaba se comportando como se fosse uma despedida definitiva. Assim, os pais devem estar bem seguros sobre o momento de colocar seu filho na escola e que a escola escolhida cuidará bem da criança, mesmo que ela esteja chorando e não tenha vontade de ficar lá.

Mesmo que a criança tenha dado um pouco de trabalho para ir a escola, os pais devem demonstrar carinho e afeto, não brigar e exigir que a criança goste rapidamente de ir a escola. A educação familiar é fundamental, pois são os pais que ensinarão ao filho humano os valores culturais e morais, por isso devem sempre que possível mostrar o quanto é importante aprender e desenvolver o gosto pelo conhecimento. Também quando a vida escolar se inicia a convivência entre pais e filhos pode ser usufruída. Pergunte ao seu filho como foi o dia na escola, o que ele aprendeu de novo, demonstre interesse na vida escolar da criança isso ajudará para que ela aprenda a importância de ir à escola e de se dedicar aos estudos.

Escolher a escola não é uma tarefa fácil. A melhor escola é aquela que está em sintonia com os valores e hábitos dos pais. Dessa maneira o diálogo entre pais e escola também é facilitado.

Depois de passar pela escolha da escola, o primeiro dia de aula os pais ainda devem continuar seu trabalho como educadores. Acompanhar a vida escolar de seu filho não é apenas um direito, é um dever já que a criança raramente irá fazer as tarefas de casa por conta própria, mas não faça o dever pelo seu filho. Valorize as conquistas do seu filho, faça elogios quando ele for bem em provas, receber um elogio da professora. É sempre mais importante dar atenção antes de mimos!

Os filhos imitam os costumes dos pais, o melhor ensinamento vem do exemplo. Assim, evite mentiras, gritos e ou dar recompensas arbitrárias seu filho para fazer tarefas e estudar. Paciência é uma das maiores virtudes de um bom educador, ser pai realmente não é tarefa fácil, mas tenha paciência quando seu filho não quiser fazer o dever de casa.

Outra coisa que deve ser lembrada: irmãos são diferentes, por isso evite estereótipos e comparações. Faça elogios e valorize o que cada criança tem de melhor. Elogias e valorizar não significa ser amigo de seus filhos, quando eles fizerem algo de errado exerça sua autoridade, isso não significa bater ou ser muito violento, mas sim impor limites à criança. Nunca sobreponha amizade à responsabilidade e autoridade, você deve ser pai (ou mãe) de seu filho e não um amigo que permite tudo.

O mercado de trabalho tem se tornado competitivo e por isso os pais acham que colocando seus filhos em vários cursos como: inglês, natação e outras atividades, estarão preparando melhor a criança para o futuro. Cuidado! Excesso de atividades pode acabar reduzindo o desempenho. Mesmo depois da primeira infância a brincadeira com os amigos e com os pais é uma forma de aprendizado importante para a criança.



iii) PROBLEMAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM



O problema de aprendizagem é uma perturbação ou falha na aquisição e utilização de informações ou na habilidade para solução de problemas. Geralmente, essas dificuldades tornam-se mais aparentes quando a criança entra na escola, pois os conteúdos ficam mais complexos, além disso, em um grupo maior de crianças é possível fazer comparações entre a mesma faixa etária e perceber se alguma apresenta dificuldades que as demais do grupo não possuem.

Para que a criança aprenda devem estar presentes condições para que isso ocorra de maneira satisfatória. Podemos dividir essas condições em três grupos:

1) Funções psicodinâmicas: deve haver integridade psíquica e emocional para que a criança aprenda. Criança sob forte stress em casa ou na escola pode apresentar dificuldade de assimilar o que lhe é ensinado.

2) Funções do sistema nervoso periférico: Uma criança com problemas de visão ou audição recebe menos informações ambientais. Se ela não for atendida em suas necessidades pode não aprender adequadamente os conteúdos apresentados na escola ou mesmo fora dela.

3) Funções do sistema nervoso central: O cérebro é o responsável pelo armazenamento, elaboração e processamento da informação. Uma pequena parcela das dificuldades de aprendizagem pode ser resultante de problemas nos processos cerebrais, o que exige investigação cuidadosa de um profissional.



As dificuldades no aprender podem, portanto, ser causadas pela ausência de uma das condições mencionadas acima. Eventualmente o problema em um nível pode trazer problemas em outro nível. Por exemplo: uma criança que enxerga mal e não usa óculos (grupo 1) pode ter seu desempenho prejudicado e se sentir excluída no ambiente escolar (grupo 2).



TIPOS DE PROBLEMAS:



a) Leitura

Os problemas específicos de aprendizagem mais comuns são os distúrbios de leitura - dislexia -, pois envolvem uma série de processos cognitivos. Para ler um texto escrito precisamos:

1) Ter atenção dirigida e controlar os movimentos dos olhos pela página

2) Reconhecer os sons associados com as letras

3) Entender as palavras e a gramática

4) Construir idéias e imagens

5) Comparar as idéias novas com as que você já tem

6) Armazenar idéias na memória.



Você pode detectar algum dos sinais de dislexia em casa, observando, por exemplo, se o seu filho apresenta:

1) Atraso na leitura de dois ou mais anos com relação às crianças da mesma idade

2) Velocidade na leitura é inferior a 50/60 palavras por minuto.

3) Erros freqüentes na leitura (omissões, substituições, inversões de fonemas - vogais e consoantes sonoras)

4) Não diferencia adequadamente os lados direito e esquerdo

5) Ver outros sinais considerados importantes



b) Escrita: habilidade escrita abaixo do nível esperado - disgrafia - para idade, inteligência e escolaridade.



c) Cálculo: dificuldade nos procedimentos de cálculos iniciais - discalculia -, envolvendo estratégias de contagem para resolução de problemas aritméticos de adição e subtração.



Se a criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem ela deve ser examinada por um profissional - psiquiatra infantil, psicólogo, psicopedagogo - que fará uma avaliação do problema e o encaminhamento adequado.

Durante essa avaliação, o profissional irá realizar uma série de investigações em vários níveis:

1) Avaliação psicopedagógica: Observa-se a escola e o método pedagógico avaliando se é adequado e se não existem fatores emocionais e motivacionais dificultando a aprendizagem.

2) Avaliação neuropsicológica: são investigadas as funções de atenção, memória, habilidades motoras, linguagem, leitura, escrita, aritmética, percepções visuais, auditivas e sinestésicas, função intelectual e aspectos emocionais.

3) Testes psicológicos.



Lembre-se: O acompanhamento atento e cuidadoso dos pais é sempre o melhor meio de detectar precocemente dificuldades escolares.





Referências:



Pereira, E. P. Projeto Brinquedoteca na Universidade Federal do Paraná: Relato da Experiência disponível em < http://www.eci.ufmg.br/gebe/downloads/114.pdf>

Ciasca, S. M. (org.) Distúrbios de Aprendizagem: Proposta de Avaliação Multidisciplinar, Casa do Psicólogo, 2003



*Graduanda em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP

**Psicóloga. Mestranda do Instituto de Psicologia da USP

Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Site do PDD: http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com

Artigo disponível em:

http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=52

TDAH - CONTINUAÇÃO

Conforme falamos semana passada, o diagnóstico de TDAH pode ser difícil, pois os sintomas demonstrados pelos pacientes podem ocorrer não só devido ao TDAH, como também a uma série de condições neurológicas, psiquiátricas, psicológicas e sociais.

Normalmente o diagnóstico começa pela eliminação de outras patologias ou problemas sócio/ambientais, possivelmente causadoras dos sintomas. Além disso, os sintomas devem, obrigatoriamente, trazer algum impacto na vida da criança.

A idade e a forma do surgimento dos sintomas também são importantes, devendo ser investigados, já que no TDAH, a maioria dos sintomas está presente na vida da pessoa normalmente desde a infância. Portanto, por se tratar de um transtorno crônico, os sintomas de dificuldade de atenção/concentração ou hiperatividade semelhantes ao TDAH mas que apareçam de repente, de uma hora para outra, tem uma grande possibilidade de NÃO ser TDAH.

Para que se considere o diagnóstico de TDAH, os sintomas devem se manifestar em vários ambientes (escola, casa, viagens, etc..). Os sintomas que só aparecem em um ambiente, como por exemplo, só em casa, só na escola, só quando sai de casa... etc., devem ser investigados com mais cuidado.

Muitas vezes os professores são os primeiros a detectar o problema, já que podem comparar a conduta entre crianças da mesma idade. Quando se suspeita que a criança possa estar sofrendo deste transtorno, deve-se realizar uma consulta com um profissional especializado.

O plano terapêutico se baseia fundamentalmente em três premissas:

1. Adequação das opções educativas

2. PsicoterapiaAtualmente se tem provado maior efetividade com o uso de terapias do tipo cognitivo- comportamental.

3. Tratamento farmacológico

Os fármacos chamados psicoestimulantes, como por exemplo o metilfenidato (Ritalina®; Concerta®) tem permitido, junto com a psicoterapia, melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dessas crianças. O médico especialista pode utilizar outras medicações, como por exemplo, os antidepressivos. Devem realizar-se controles periódicos, valorizando entre outros, o apetite, o crescimento e o sono, que são os problemas mais freqüentes que se associam ao uso desses medicamentos.É natural que exista certa preocupação por parte dos pais em usar os fármacos por tanto tempo mas, devem sempre ser avaliados os riscos e benefícios do tratamento, juntamente com a qualidade social e escolar da criança.

Embora o TDAH seja uma entidade bem conhecida e estudada no meio médico, ainda causa muitas dúvidas na população geral. Vamos continuar tratando deste tema nos próximos posts e eu sugiro o livro “No mundo da lua” do Dr Paulo Mattos como um bom início.

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 26 de outubro de 2010

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

Essa semana, dando continuidade ao tema transtornos do aprendizado, vamos conversar sobre uma situação que não é um transtorno primário do aprendizado, porém apresenta grande impacto no desenvolvimento escolar de seus portadores, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH.

Assunto repleto de controvérsias e de informaçãoes incorretas, muito me agrada seu estudo (tanto que estou fazendo meu doutorado neste tema). Por isso, vamos tentar expor de forma clara e direta, sem qualquer intenção de esgotar o assunto.

Trata-se de um transtorno neurobiológico freqüente nas crianças em idade escolar, atingindo 3 a 5% delas. Apesar disto, o TDAH continua sendo um dos transtornos menos conhecidos por profissionais da área da educação e mesmo entre os profissionais de saúde. Há ainda muita desinformação sobre essa questão.

Embora o TDAH não seja um distúrbio primário do aprendizado ,tem um forte impacto neste, pois é na escola que as crianças com TDAH vão apresentar problemas de comportamento, baixo rendimento entre outros.

Determinar qual o nível de atividade normal de uma criança é um assunto polêmico. A maioria dos pais e escolas tem uma certa expectativa em relação ao comportamento de seus filhos e, normalmente, esta expectativa inclui um certo grau agitação, bagunça e desobediência, características que são aceitas como indicativos de saúde e vivacidade infantil. Porém, quando essa atividade é muito aumentada, associando-se à outras questões comportamentais, como a impulsividade e levando à um impacto negativo na vida da criança, podemos começar a pensar no transtorno.

O TDAH caracteriza-se primariamente por:
1. Dificuldade de atenção e concentração, característica que se pode estar presente desde os primeiros anos de vida do paciente.


2. A criança (ou adulto quando for o caso) tende a se mostrar "desligada", tem dificuldade de se organizar e, muitas vezes, comete erros em suas tarefas devido à desatenção. Estas características tendem a ser mais notadas por pessoas que convivem com o paciente.

3. Costumam perder ou não se lembrar onde colocaram suas coisas.

4. Têm dificuldades para seguir regras, normas e instruções que lhe são dadas.

5. Tem aversão à tarefas que requerem muita concentração e atenção, como lições de casa e tarefas escolares.

6. Movimento incessante de mãos e pés, dificuldade de permanecer sentado ou dentro da sala de aula, fala muito, se mexe muito e tem dificuldade em realizar qualquer tarefa de maneira quieta.

7. Incapacidade de esperar a sua vez, interrompendo ou cortando outras pessoas durante uma conversa e também pelo impulso de falar as respostas antes que as perguntas sejam terminadas.

Esses critérios diagnósticos são do DSM- IV, um instrumento diagnóstico reconhecido internacionalmente.

Outro motivo que gera ansiedade na familia é que o TDAH é uma condição cujo diagnóstico é eminentemente clínico, ou seja, não há exames complementares que confirmem o diagnóstico.

Procurar um médico neuropediatra ou psiquiatra infantil é o primeiro passo na suspeita da condição.

Na sequência vamos abordar o tratamento e algumas dicas para lidar com essas crianças.

Para maiores informações, sugiro o site: www.tdah.org.br

Um abraço
Dra Alessandra

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A dor da perda

Criança não tem que morrer! É anti-natural. Nos preparamos (mal e porcamente, diga-se)para a perda de nossos antecessores, mas perder um filho é algo em que ninguém pensa.

Esse post é mais um desabafo das minhas dúvidas existenciais, que compartilho com vocês. Coisas que infelizmente permeiam meu dia a dia, ainda bem que com uma frequencia baixa, e com as quais temos que aprender a conviver.

Essa semana um paciente meu faleceu. Um menino fofo que conhecia há 6 ou 7 anos, quase da família!! Morreu...de catapora!!! Como pode? Uma bobagem. Logo ele, um menino tão forte, que passou por tantas. Vários quadros pulmonares, internações, várias vezes achamos que poderia ser fatal, mas dessa... Coisas da vida.

Uma criança encefalopata, com um quadro motor importante, que comia por uma sonda na barriga chamada gastrostomia desde o nascimento, mas que tinha um bom contato. Conhecia sua família, sua rotina. Um sorriso cativante. Um menino amado por sua família e muito, muito bem cuidado. Sempre cheiroso e bem arrumado.

Eu vejo tantas crianças mal cuidadas, crianças que as famílias prefeririam a sua morte, mas estão lá firmes. Esses são os mistéros da vida. E como diz o ditado: “Deus sabe o que faz e a gente não sabe o que diz!”

Mas eu prefiro pensar que criança é luz e embora no velório eu não tivesse o que falar para a mãe, porque nada que a gente fale faz sentido, eu creio que ele veio cumprir sua missão e foi brihar em outras paragens. Não vi o corpo, pois prefiro lembrar de seu sorriso nas brincadeiras, de seus sons tentado se comunicar, de sua luta a cada dia por mais um dia. Criança não morre, vira estrela. E nós, continuamos aprendendo com elas.

Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dificuldades na aprendizagem: Por que algumas crianças não vão bem na escola?

O processo de aprendizagem depende de muitas variáveis além da inteligência propriamente dita. Embora o conceito de inteligência seja algo amplo e extremamente variável, vamos considerar uma criança dentro da média para a sua idade e que mesmo assim não aprende dentro do esperado.

Uma das vaiáveis mais significativas dentro do processo de aprendizagem é a atenção. O SNC mantém contato seletivo com as informações que chegam através dos orgãos sensoriais, dirigindo a atenção para aqueles que são relevantes e garantindo uma interação eficaz como meio, ou seja a atenção está relacionada ao processamento preferencial de determinadas informações sensoriais.

A atenção é a capacidade do indivíduo responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos em detrimento de outros. Esse processo de atenção seletiva é a base para um bom aprendizado.

As dificuldade no aprendizado podem ser definidas como perturbação em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos.

As dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico.

A avaliação multiprofissional é a única forma de realizar um diagnóstico adequado destes quadros e abordá-los terapeuticamente da melhor maneira.

Na próxima semana continuarei falando sobre este tema.

Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Criança é tudo de bom!!!

Atendi uma menina semana passada, com 14 anos e um quadro grave de ECNE (ou paralisia cerebra – eu não gosto desse nome!!) que me deu uma lição de vida. Na verdade, não ela, mas sua irmãzinha – uma figurinha que veio junto à consulta.

S. tem um quadro de incapacidade motora grave (forma tetraespástica de ECNE), associado à uma deficiência visual importante, sequela de uma infecção congênita por citomegalovírus. Não fala, não anda, não senta, tem poucas aquisições tanto motoras, quanto cognitivas.

É uma menina muito bem cuidada, com órteses, cadeira de rodas adaptada e uma família bem continente às suas necessidades.

A mãe me contava que teve muita dificuldade para ter um outro filho. Isso só ocorrreu quando S. estava com 10 anos, pois tinha muito medo de se repetir toda a história de sofrimento e superação que foram os primeiros anos de S., com muitas crises epilépticas, muitas penumonias, várias internações, enfim, muito sofrimento.

Mas, pela vontade do pai e insistência da família e até dos médicos que acompanhavam o caso, ela acabou cedendo e engravidou. A irmã, M. é uma fofa. Três anos de pura energia. Esperta, alegre, presente. Me falou de sua irmã, das dificuldades motoras de S., e que ela ajuda a cuidar, pois ela é pesada e a mãe tem dificuldades para cuidar sozinha. Gosta de ajudar no banho, levantando o braço e esfregando a barriga de S.

Mas o que ela mais gosta mesmo, é de brincar de se maquiar com S., faz penteados lindos na irmã. Trata a irmã com uma ausência de preconceitos e com um amor incondicional, que acho que só as crianças são capazes. Ela não entende a diferença como uma perda e sim como algo natural. “Ela é diferente de mim e eu adoro ela” – foi a frase que ela me disse. Simples, clara, resolutiva.

É uma pena que nós adultos tenhamos perdido esse olhar para o outro, essa coisa pura de enxergar o outro sem susto, sem preconceito, sem julgamento. Essa magia que só a criança tem. Tenho uma amiga de residência (que não vejo há tempos) que falava que a pediatria tem pó de pirlimpimpim. É um mundo encantado, onde até as dores são diferentes.

S., é claro, melhorou muito após o nascimento da irmã. Mais alerta, mais atenta, sabe até as rotinas da irmã, que já vai para a escola e espera ansiosa pela sua volta. Não fala, mas quando ouve a voz de M. sorri agradavelmente. E M. competa: viu, tia, como ela me conhece? E sai novamente correndo pela sala atrás de brinquedos para brincar com a irmã!


Boa semana! Um abraço!
Dra Alessandra

sábado, 2 de outubro de 2010

O sono infantil - continuação

Continuando nossa conversa sobre os padrões de sono na infância e seu desenvolvimento de acordo com a faixa etária, vamos hoje conversar sobre o sono de lactente até a adolescencia e no final dicas para tornar esse momento de descanso e paz, num momento realmente agradável.

1 ano

Começam a ocorrer brigas na hora de dormir. A criança está tão entusiasmada com suas novas habilidades, que sossegar para dormir torna-se cada vez mais difícil.
A criança de um ano dorme de 10 a 11 horas por noite e tira duas sonecas de uma a duas horas durante o dia. Como sempre, ela é quem sabe quanto sono precisa.
Dica: Uma mamadeira à noite não é um bom hábito. Não é bom para os dentes. Se começar a fazer parte da rotina, a criança precisará sempre da mamadeira para dormir, até mesmo quando acordar no meio da noite.

2-5 anos

Elas dormem de 11 a 12 horas à noite e talvez uma a duas horas à tarde.
Reduzem as sestas diurnas;
Redução dos despertares noturnos;
Os problemas são geralmente relacionados à falta de rotina.
Ser coerente com as regras diárias para a hora de dormir é a melhor maneira de ensinar os bons hábitos de sono para a criança.
6-12 anos

Não tem mais hábito de sesta, reduz-se também a dificuldade para dormir. Os pesadelos e os sonhos vívidos são frequentes. Insônia, resistência para dormir e ansiedade são os principais problemas desta idade.
Em crianças hiperativas os distúrbios de sono são um achado importante como dificuldade para dormir, despertares freqüentes podendo estar acompanhados de comportamento inadequado durante à noite, destruindo objetos da casa.
Adolescência

Adolescentes dormem de 9 a 10 horas por noite. O tempo de sono noturno decresce no início da adolescência durante os dias em que eles vão à escola, enquanto continuam estáveis naqueles em que não vão à escola. Ocorre, portanto, um déficit crônico de sono determinado pela pressão social. Por isso surge a sonolência durante o dia e o desejo de dormir durante o dia caso surja alguma oportunidade.
A sonolência diurna também pode estar relacionada à maturação física e hormonal do adolescente.
Para que as crianças aprendam a dormir, é necessário rotina, ajuste de horários e paciência, muita paciência.


Dicas:
Evite ninar bebê no colo diariamente (o correto é colocá-los na cama ou berço e ler ou contar uma estória por uns 15 minutos ou cantarolar embalando-o pelo mesmo tempo);

Manter horário fixo para despertar matinal;

Adequar horário de dromir de acordo com a rotina da família;

Rotina pré-sono: reduzir atividades; evitar ingesta excessiva de líquidos e cafeína; evitar TV;

Ambiente de sono escurecido, com temperatura adequada;

Nada de perambular com a criança pela casa no carrinho de bebê, ou pior ainda, colocar no carro e dar uma volta, ou colocar o bebê-conforto em lugares esquisitos, como sobre a máquina de lavar (ninguém precisa ser chacoalhado para pegar no sono. Dê uma fraldinha, que ele se auto ninará);
Não ofereça mamadeira ou chá a cada choramingo, elas só podem existir se fizerem parte do ritual;
Deixe o quarto da criança quando ela estiver sonolenta, mas ainda acordada. Ela deve perceber que está sozinha, para não se assustar quando despertar no meio da noite;
Nada de inventar situações negativas em relação ao sono, como bicho-papão;
E atenção!! Berço não é lugar para castigo! Dormir é um prazer! Ensine isso à seu filho!!

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O AUTISMO E A ESCOLA

Sei que essa semana íamos continuar falando do sono do lactente e da criança em idade escolar, mas sexta fui à escola de um paciente me reunir com a equipe pedagógica e quero contar à vocês as dificuldades da chamada educação inclusiva.

Meu paciente, que chamaremos de R. é um menino entre 4 e 6 anos com diagnóstico de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento - TID (uma situação no espectro do autismo – ou seja, tem algumas características de autismo, mas não o quadro completo).

Essa alteração tem como caractrísticas principais o atraso na fala, a dificuldade de sociabilização e uma dificuldade em tarefas que necessitem flexibilidade cognitiva.

A visita foi motivada após recebermos uma avaliação escolar de R. justamente ressaltando suas dificuldades. Ele não brinca bem com os amigos, se expressa pouco verbalmente e não gosta de mudar de atividades!!! Mas isso é toda a dificuldade dele! Se olharmos só os aspectos negativos de uma criança com TID ele vai sempre ter um desempenho horroroso na escola.

E a reunião foi bem nesse sentido. A escola (particular e muito boa, por sinal) tinha pouca informação sobre o quadro e à medida que fomos esclarecendo o diagnóstico com foco nas potencialidades de R. e não nas dificuldades, os próprios professores perceberam os avanços que R. vem apresentando e todo mundo saiu de lá feliz, com a certeza que estamos trilhando um caminho novo, mas cheio de possibilidades.

Depois eu fiquei me questionando, como está sendo realizada a inclusão destes pequenos na rede pública?! Se a rede particular, mais bem formada e informada, que tem acesso a um grupo de profissionais particulares, especialistas para orientação (além de mim, estavam presentes a fisioterapeuta e a psicóloga e ele ainda tem a fono acompanhando), uma família organizada e com recursos para todas essas terapias, em uma escola com 12 alunos por sala, tem dificuldades enormes, imagina na rede pública com 45 alunos em sala, sem o suporte desta parceria fundamental que é saúde / educação?

Pois é, eu vivo bem essa realidade no serviço público que trabalho! Crianças que vão à escola para ficar sentadinhas vendo o tempo passar, ou então agitadas, levando bilhetinho todos os dias.

Vale a reflexão: que futuro estamos dando às nossas crianças com dificuldades?? Que possibilidades estamos dando à esses pequenos? Como eu ouço das escolas: eu tenho 30 alunos mais o “fulano”! Como assim, mais o “fulano”? São 31 alunos, com suas individualidades, suas dificuldades e suas potencialidades.

Mas eu sou uma otimista quase patológica (rs) e acho que essa geração vai sofrer o que sofre toda geração que experimenta o novo, mas vai valer a pena, pois abriremos um belo caminho para as próximas gerações, de tolerância, de respeito e de convivencia com o diferente. Nem melhor, nem pior, só diferente. Vamos torcer!!

Boa semana! Um abraço!
Dra Alessandra

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O sono infantil

Essa semana abordaremos um tema fundamental para o bem estar da criança e da família: o sono do bebê.

Eu, como mãe, também já sofri com muitas noites em claro (mais que o necessário!!!) e sei que as questões relacionadas ao sono são muito frequentes. Espero que essas dicas ajudem pais e crianças para um sono tranquilo e dias de paz!!

Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento pleno das
potencialidades de todas as crianças. Especialmente no primeiro ano de vida, o cérebro passa por inúmeros processos de amadurecimento que repercutirão por toda a vida.

Sabe-se que o sono é fundamental para que o cérebro descanse e retenha os conhecimentos aprendidos durante o dia. Por isso, para a criança o sono é ainda mais importante.

A maior parte dos problemas do sono na criança, são o que chamamos de alterações na higiene do sono, ou seja, são comportamentais. Mudanças de pequenos hábitos podem ser o sufuciente para resolver um problema que incomoda a família toda.

Durante o primeiro ano de vida o padrão de sono é peculiar, pois reflete o amadurecimento acelerado do sistema nervoso. Assim, os ciclos de sono em recém-nascidos duram 60 minutos e no decorrer dos dois primeiros anos de vida prolongam-se para 90 minutos mantendo-se até a idade avançada.

Ao nascimento o sono ativo ocupa 40 a 50 % do tempo total de sono, enquanto o sono quieto dura 35 a 45 % e o indeterminado, 10 a 15 %. O índice de sono ativo decresce no primeiro ano de vida, atingindo níveis de 25 % antes de um ano de idade nível este que se manterá constante até a idade adulta.

Os padrões de sono dos bebês
Quantas horas os bebês precisam dormir?
Idade e número aproximado de horas de sono:
Recém-nascido: 16 a 20 horas por dia
3 semanas: 16 a 18 horas por dia
Seis semanas: 15 a 16 horas por dia
4 meses: 9 a 12 horas mais duas sonecas (2 a 3 horas cada)
6 a 9 meses : 11 horas mais duas sonecas (duas a horas horas cada)
1 ano: 10 a 11 horas mais duas sonecas (uma a duas horas cada)
18 meses: 13 horas mais uma ou duas sonecas (uma a duas horas cada)
2 anos: 11 a 12 horas mais uma soneca (duas horas)
3 anos: 10 a 11 horas mais uma soneca (duas horas)

Recém-nascido
Os recém-nascidos não sabem a diferença entre o dia e a noite. Precisam dormir e comer o tempo todo. Em geral, o recém-nascido dorme cerca de 16 a 20 horas no dia, por períodos de duas a quatro horas seguidas e acorda com fome. Com o tempo o bebê aprende a diferença entre dia e a noite e começa a dormir mais durante à noite.
Curiosidade: Quando o bebê ainda está no útero, o movimento de andar da mãe o embala para dormir. Sendo assim, o recém-nascido ainda adora ser balançado e embalado. Envolver o bebê com cobertas o fará se sentir "em casa". Muitos bebês também gostam de música.
Até 1 ano
Inicia-se a consolidação do sono noturno, porém despertares são comuns.
Nesta etapa o bebê ainda acorda para mamar durante a noite, mas dorme por períodos mais longos. Ocorre predomínio do sono durante a noite e ele também começa a ficar mais tempo acordado durante o dia.
Há muitas diferenças de um bebê para outro nessa idade, mas em geral um bebê de dois meses ainda precisa comer durante a noite.
Dica: Choramingar um pouquinho quando ele acorda é normal. É possível que ele se acalme sozinho.
O bebê de quatro meses dorme cerca de 9 a 11 horas por noite e tira mais ou menos duas sonecas de duas a três horas durante o dia. É uma fase de transição gradativa para duas sonecas diurnas.
Deve ser fixada uma rotina para a hora de dormir, tanto à noite quanto nas sonecas. A rotina é algo muito importante para um bebê de quatro a seis meses, por isso os horários de soneca e de dormir, e a forma como acontecem, devem ser mais ou menos os mesmos todos os dias.
Aos 6 meses o bebê está começando a ter suas próprias opiniões. Esta é a sua última oportunidade de decidir onde ele deverá dormir, sem que ele dê sua opinião a respeito.
As preocupações com o sono são comuns por volta dos oito ou nove meses. Pode haver uma fase em que o bebê acorde sozinho no meio da noite e acorde a todos na casa, mesmo depois de passado um período dormindo a noite toda.
Aos nove meses, os bebês dormem cerca de 11/12 horas por noite. Exatamente como acontecia antes, o bebê acorda várias vezes durante a noite. A diferença agora é que ele se lembra da mãe quando acorda e sente saudade. Se ele estiver acostumado a ser embalado ou acariciado para dormir, irá querer o mesmo tratamento no meio da noite.
O bebê normalmente tira duas sonecas nessa idade. As sonecas da manhã e da tarde são em geral de uma a duas horas.
Na próxima semana continuaremos abordando o sono do lactente até a adolescência!!
Não percam!
Um abraço
Dra Alessandra

sábado, 11 de setembro de 2010

Como é gostoso trabalhar com criança!!!

Atendi um menino dia desses, com 12 anos de uma vida absurdamente sofrida. Mas como criança é tudo de bom, ele entrou animado, sem lamentações e foi logo falando a respeito da sua saúde.

Tagarela e esperto, me contou que ele era um garoto sem nenhum problema até os 7 anos quando descobriram que ele tinha um tumor na cabeça: - Como é mesmo o nome mãe? – ele perguntou! A mãe respondeu: - Craniofaringeoma. E ele disse: - Ah!! Isso mesmo.

Obs: O craniofaringioma é uma neoplasia epitelial rara que surge na região hipotalâmica e da glândula pituitária originada de restos embrionários. Apesar de sua natureza benigna, estes tumores possuem uma evolução clínica maligna. Seu aspecto patofisiológico se deve à sua localização adversa, sua propensão a infiltrar tecido normal adjacente, aderir em estruturas intracraniais cruciais e sua recorrência após ressecção cirúrgica, principalmente após ressecção incompleta.

E retomou sua narrativa me contando que se submeteu a umas 5 ou 6 cirurgias e numa delas, perdeu a visão. Mas que o pior dessa fase foi a quimioterapia, que tirou muito sua energia!!

Ele então me disse que achava que tudo tinha acabado, quando veio novamente o tumor. E ele pergunta de novo a mãe: - Como chama mesmo quando volta? Recidiva, filho, ela respondeu.

A essa altura da consulta eu já não conseguia mais falar nada. Só ouvia emocionada seu relato preciso dos fatos.

Bem, ele me contou que nessa recidiva, nova cirurgia, uma complicação – a hidrocefalia. Nova cirurgia para colocação de válvula e um AVC (acidente vascular cerebral) na sequencia, que lhe tirou os movimentos do lado direito.

“ Mas tia – disse ele – nada que os exercícios na fisioterapia não resolvessem. Eu sou criança e a doutora disse que criança recupera rápido!”

E ele recuperou boa parte dos movimentos, voltou a andar e tem uma dificuldade leve no membro superior direito.

“Mas, aí, tia – disse ele – mais uma coisa aconteceu!! No início do ano eu tive um... Como chama mesmo mãe? Trombose venosa profunda, respondeu a mãe. Isso!! Na perna esquerda e fiquei sem andar. Eu chorei, mas a médica me lembrou que criança recupera rápido e eu sei que vou recuperar. Já estou quase andando sozinho de novo!!”

Eu estava paralisada, tanto pela fluência com que ele me contava a história, como pela força interior que demonstrava.

E ele finalizou a consulta me contando que há uma nova suspeita de recidiva, mas que ele tem certeza que “papai do céu” está com ele e tudo vai dar certo!!

A única queixa que ele fez, foi do remédio para tireóide que ele tem que tomar 20 minutos antes do café (um saco, né tia?). Pois é, eu, meio sem jeito, contei um pouco de mim! Eu tomo a mesma medicação e é chato mesmo!!! Ele adorou saber que eu também tomo o mesmo remédio!!

Terminamos a consulta conversando sobre a escola e a alfabetização em braile que ele está adorando e eu precisei de uns minutos e um copo d´água para retomar meu dia!!

Eu sou uma pessoa de fé, mas eu não sei se numa adversidade tão grande eu conseguiria manter a força interior desta forma. Por isso eu gosto de criança! Esse pureza, essa certeza que o mundo é bom e que tudo vai dar certo porque a vida está só começando me encantam.

E aqui estou eu, rezando muito para que o “papai do céu” faça tudo dar certo mês que vem na nova ressonância!!

Boa semana! Um abraço!
Dra Alessandra

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma conversa sobre Epilepsia

Embora seja um nome que traz muito preconceito quando dito, a epilepsia não é um bicho de sete cabeças. A epilepsia é um grupo de doenças que tem em comum a presença de crises epilépticas (ou convulsivas) recorrentes na ausëncia de condição tóxico-metabólica (meningite, baixa de glicose no sangue, etc) ou febre.

É importante salientar que crise epiléptica e crise convulsiva são a mesma coisa e que a crise é causada por descargas elétricas cerebrais anormais excessivas e transitórias das células nervosas.

O sintoma da crise depende da área cerebral envolvida. A crise tem inicio súbito e cessa espontaneamente. Afeta cerca de 1-2% da população com predomínio na infância e na terceira idade.

A causa depende da idade do paciente e do tipo de crise. As causas adquiridas mais comuns são, em crianças, hipóxia ou asfixia neonatal (falta de oxigênio no parto), traumatismo craniano, distúrbios metabólicos, mal formações cerebrais congënitas e infecções.

Em crianças maiores e adolescentes a mais comum é epilepsia idiopática ou primária que geralmente tem causa genética (familiar).

Na idade adulta temos as epilepsias idiopáticas, traumatismos cranianos, abuso de alcool e outras substäncias tóxicas, tumores cerebrais, AVCs (derrame cerebral) e as doenças parasitárias como a neurocisticercose (verme da carne de porco).

Para um correto diagnóstico da doença o primeiro passo é definir pela anamnese ou história clínica se o episódio é ou não de origem epiléptica. O diagnóstico da epilepsia é essencialmente CLÍNICO!

O exame complementar mais importante é o eletrencefalograma ou EEG, porém este pode ser normal em 30-40% dos pacientes epilépticos num primeiro exame.

O vídeo-EEG é um exame usado para melhorar a caracterização das crises epilépticas e só é utilizado nos casos de dúvida diagnóstica ou de epilepsia com indicaçao cirúrgica.

Exames de neuroimagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética) são importantes para afastar crises sintomáticas com lesão cerebral. Outros exames de imagem só são requeridos em casos mais graves com indicação cirúrgica.

A evolução é boa ou excelente na maioria dos casos, porém vai depender do tipo de epilepsia (síndrome epiléptica). Em mais da metade dos casos (60-70%) a evolução é para a cura após 2 a 4 anos de tratamento com medicação.

O tratamento é geralmente com medicamentos utilizados de forma contínua por um período relativamente longo (2 a 4 anos). O tratamento cirúrgico só é sugerido nos casos lesionais ou refratários (sem controle com remédio).

A maioria das crises ocorre ao acaso, de modo inesperado. Em alguns tipos de síndromes epilépticas podem ocorrer fatores desencadeantes de crises, tais como luzes piscando, privação de sono, ingestão de drogas e alcool, situações estressantes, período menstrual.

É importante salientar que no momento da crise, devemos somente proteger o paciente, virando-o de lado para que não se engasgue caso apresente sialorréia (baba excessiva). Não devemos tentar abrir a boca, puxar a língua ou enfiar qualquer material na boca da pessoa.

Embora seja uma doença que exija tratamento médico rigoroso e prolongado, a epilepsia é na maior parte dos casos um quadro com boa evolução e boa resposta ao tratamento que não incapacita, nem tão pouco modifica a vida do indivíduo afetado.

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um caso de amor à vida e superação!!!

Semana passada num dos milhares de empregos que tenho (rs), atendi um rapaz que me emocionou muito.

Iniciamos há poucos meses um serviço de informática para deficientes visuais (ou cegos), e devo confessar que a cegueira pura é muito nova para mim.

Vou explicar: eu estou acostumada a atender casos de deficiencia visual no contexto de situações clínicas graves, como paralisia cerebral grave ou deficiência mental.

A cegueira pura, em pessoas com mobilidade e cognição normal é para mim um novo mundo, onde os pacientes me relatam suas experiências, suas dificuldades e sua percepção sobre a situação.

Pois bem, esse rapaz, B. de 23 anos, estava saindo do seu curso de informática à noite, quando tinha 16 anos e foi abordado por 2 assaltantes, que levaram seu pouco dinheiro e na fuga dispararam 2 tiros na direção de B. Os dois disparos acertaram a cabeça na região posterior (occipital). Uma bala entrou e saiu e a outra continua alojada. Após várias cirurgias e cerca de 3 meses de internação, B. foi liberado do hospital com poucas sequelas motoras e sem sequelas cognitivas, mas sem enxergar nada em ambos os olhos e com uma epilepsia controlada com medicamentos que ele toma até hoje.

A região occipital é a responsável pela visão e embora seus olhos continuem normais, ele não enxerga pois o cérebro não processa essa informação – é o que chamamos cegueira cortical.

A partir daí, surge uma história de superação, B. vai à escola, onde se alfabetiza em Braile, quer fazer computação e violão e está aprendendo a tocar violino para fazer parte do grupo de música de sua igreja. Em casa, é independente para todas as atividades (toma banho, se troca, vai ao banheiro, come). E se recusou a receber o auxílio doença (LOAS) pois ele quer mesmo é trabalhar e não se sente incapacitado em momento algum.

Terminou a consulta me dizendo: Doutora, acho que a bala destruiu a parte ruim do meu cérebro! Aquela que sentia raiva e tristeza. Ficou só a parte boa, que sente alegria de viver e que ama à todos!

Terminei a consulta sentindo um misto de emoção e admiração e agradecendo a oportunidade de conhecer pessoas tão diversas e tão ricas em suas diferenças!!

Boa semana! Um abraço!
Dra Alessandra

sábado, 28 de agosto de 2010

II Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência

Nossa, uma semana de evento!!!

Como dá trabalho e como cansa. Ainda mais porque à tarde trabalhei normalmente todos os dias!! Ufa!!!

Mas o evento foi lindo. Palestras de altíssima qualidade, com profissionais de ponta em suas especialidades, bom público todos os dias, enfim, um sucesso.

Sentimos falta dos empresários da região no dia dedicado à empregabilidade!! Realmente lamentamos que a luta pela inclusão do deficiênte no mercado de trabalho ainda estaja tão incipiente na nossa região.

Porém, assistimos emocionados o relato do Sr Pedro Funke da empresa MWM, que tem um trabalho fantástico e duradouro na capacitação e inclusão do deficiente especialmente intelectual no mercado. Provando que com boa vontade e amor, é possível sim, realizar um bom trabalho.

As palestras do dia dedicado à saúde foram muito bem elaboradas, com a Dra Simone Spadafora falando sobre terapias complementares e nos deixando a mensagem que o indivíduo deve ser olhado como um todo. E após, a Dra Priscilla Cezarino da AACD falou sobre os avanços na reabilitação, nos deixando com água na boca com todas as novidades nesta área. Temos muito trabalho pela frente.

No dia da educação, a Dra Marina Guimarães nos falou brilhantemente sobre autismo e as situações no espectro do autismo e como lidar com esses indivíduos em sala de aula!!

Não posso ainda deixar de citar, o Dr Alexandre Palermo e sua palestra sobre uso de drogas, muito eficiente em tocar os jovens sobre esse problema de saúde pública.

E finalmente, nossa palestra na câmara dos vereadores foi fundamental para iniciar uma tão necessária parceria com o poder público de forma amistosa, porém séria e responsável.

Enfim, muita novidade, muito conteúdo de qualidade. Uma semana para entrar oficialmente no calendário de Cotia!!

E agora, de volta à vida!!! Semana que vem, já teremos postagens inéditas!!!


Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência - Está chegando!!!

Pessoal, está chegando o nosso evento!!! De 23 a 27 de agosto de 2010. O CMDDPcD - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Cotia preparou uma programação rica e profunda, com profissionais de variados setores, empresas, saúde, educação, juntos na luta pela valorização da pessoa com deficiência.

Dia 23(2ª feira): abrimos a programação com políticos da região no Pequeno Cotolengo. Venha conhecer seus representantes e saber quais providencias estão sendo tomadas por eles ns mais variadas áreas.

Dia 24 (3ª feira): o encontro será no colégio Desafio. Voltado para o público adolescente, o tema central é o uso de drogas e a tolerância na convivência com as diferenças.
Às 18h vamos à Câmara dos Vereadores de Cotia mostrar nosso trabalho e entregar o projeto de lei que torna a semana oficial no nosso município.

Dia 25 (4ª feira): a Secretaria de Educação de Cotia abre suas portas para falarmos sobre autismo, reabilitação desportiva e o trabalho desta secretaria na inclusão dos deficiêntes do município. Pais e professores!! Esse dia é imperdível.

Dia 26 (5ª feira): vamos à ASSEC (Sociedade Espírita de Cotia) falar de saúde. Terapias complementares (foco no idoso) e Novidades em Reabilitação, com renomado especialista da AACD. Finaliza Dr Cláudio Saraiva, secretário da saúde de Cotia, com as propostas da secretaria para o atendimento do deficiênte.

E finalmente dia 27 (6ª feira): o CIESP recebe mais uma vez nosso evento com os empresários na região com foco na formação e empregabilidade do deficiente.

Um bom café, abertura com apresentações de entidades que trabalham com o deficiênte na região (APAE, CEIC, Cotolengo), exposição de trabalhos dos atendidos, enfim, um evento feito com muito carinho para todos os que se interessam por um sociedade mais justa e inclusiva.

Saiba mais informações no site: http://www.semananacionaldodeficiente.com.br/

Ah! Só um detalhe: semana que vem estarei trabalhando no evento, portanto meio sumida do blog!!

Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MAIS PRÓXIMOS


Amigos que me acompanham no blog: estive vendo minhas postagens e elas estão muito sérias e científicas!! Não que eu não seja séria...rs, mas quem me conhece sabe que sou uma pessoa leve, sorridente e que adoro contar e principalmente ouvir uma boa história (ou um causo, como era na minha infância no interior do Brasil).

Assim, inspirada no blog de uma amiga que também é neurologista (só que de adulto – e ótima por sinal), a Tatiane - http://mulhermaemedica.wordpress.com, resolvi que vamos mesclar temas neuropediátricos (claro, né?) e de acupuntura à casos e histórias da minha vida e dos meu pacientes (obviamente com o devido sigilo) que eu ache interessante e que talvez possa ajudar quem lê esse espaço de manifestação.

Como disse à vocês, sou geminiana e ADORO mudanças. Acho que flexibilidade mental é uma das minhas características mais marcantes (se isso é positivo ou negativo, depende do contexto) e estou animada para experienciar essa nova fase.

Se não gostarmos.... mudamos de novo!!! Pois como disse sabiamente meu ídolo Albert Einstein: a vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio é necessário estar em movimento!

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Comunidade Aprender Criança

Congresso Aprender Criança 2010

Neste fim de semana fui ao Congresso Aprender Criança 2010, que aconteceu em Ribeirão Preto. Um final de semana interessante, primeiro porque fugi do frio e do tempo nublado de São Paulo e segundo porque esse congresso tem a finalidade de reunir profissionais de saúde e educação num só lugar para falarmos das questões médicas relativas à aprendizagem.

Palestras sobre TDAH (Transtorno de Déficit de Atençaõ e Hiperatividade), dislexia, discalculia, formas de suspeitar precocemente destas situações, a forma correta do professor abordar a situação, quando encaminhar, foram assuntos correntes no encontro.

Destaque para o meeting exclusivo de médicos onde discutimos novos medicamentos para o TDAH e para aplestra do Dr José Alexandre Bastos sobre Fatores Preditivos de Desempenho em Matemática.


Outros destaques, foram as palestras sobre neurônios espelho, metacogniçao e educando funções executivas.

Em todos os momentos se falou do papel da família em todo o processo de educação das crianças, a participação, a motivação, o empenho e o reforço positivo familiar são insubstituíveis em qualquer processo de aprendizagem, especialmente quando há alguma dificuldade.

Enfim, novidades, comunicação entre duas áreas improtantes na vida da criança, na quente e bela Ribeirão Preto, num fim de semana extremamente agradável.

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Memória - continuação. Dicas para melhorar sua memória

Como vimos semana passada, a memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro; ela é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo uma aliança de sistemas cerebrais que funcionam juntos.

Você sabia que toda vez que você aprende alguma coisa ou adquire alguma experiência, as células do seu cérebro sofrem uma alteração e essa alteração refletirá em seu comportamento?
Por exemplo, se você já passou por uma rua à noite e percebeu que ali haviam pessoas com aparência estranha e perigosa, você evitará passar por aquela rua novamente.
Neste exemplo, o comportamento foi modificado em decorrência de uma experiência (aprendizagem). As alterações celulares decorrentes da aprendizagem e memória são chamadas de plasticidade neuronal.

Então, após entender os mecanismos da memória, como melhorar a sua memória?
Existem muitas coisas que você pode fazer para melhorar a sua memória, entre as quais o uso de determinadas técnicas mentais, e os cuidados com a nutrição e os medicamentos.

1)Estimular a memória: Utilize ao máximo a sua capacidade mental. Desafie o novo. Aprenda novas habilidades. Se você trabalha em um escritório, aprenda a dançar. Se for um dançarino, aprenda a lidar com computador; se trabalhar com vendas, aprenda a jogar xadrez; se for um programador, aprenda a pintar.
Isto poderá estimular os circuitos neurais do seu cérebro a crescerem.

2)Prestar atenção: Não tente guardar todos os fatos que acontecem, mas focalize sua atenção e se concentre naquilo que você achar mais importante, procurando afastar de si todos os demais pensamentos.
Exercício: pegue um objeto qualquer, por exemplo, uma caneta e se concentre nela. Pense sobre suas diversas características: seu material, sua função, sua cor, sua anatomia, etc. Não permita que nenhum outro pensamento ocupe a sua mente enquanto voce estiver concentrado na caneta.
A meditação é também um interessante recurso para estimular sua atenção.

3)Relaxar: É impossível prestar atenção se você estiver tenso ou nervoso.
Exercício: Respire profundamente, segure o ar por cerca de 5 segundos. Solte lentamente por 8 seguntos e retenha novamente por mais 5 segundos.

4)Associar fatos a imagens: Aprenda técnicas mneumônicas.Elas são uma forma muito eficiente de memorizar grande quantidade de informação.

5)Visualizar imagens: Veja as figuras com os "olhos da mente".
Exercício:
• Feche os olhos e imagine um ovo frito.
• Sinta o o aroma e a maciez do ovo.
• Visualize a gema e a clara.
• Imagine-se saboreando o ovo, com o pão molhando a gema.
Se a sua boca se encheu de água enquanto você visualizou esta cena, então você fez um bom trabalho!
Procure identificar ingredientes dos alimentos pelo gosto e pelo cheiro.
Faça isto diariamente e depois procure recordar dos mesmos.

6)Alimento: Algumas vitaminas são essenciais para o funcionamento apropriado da memória: tiamina, ácido fólico e vitamina B12. São encontradas no pão e cereais, vegetais e frutas.

7)Água: A água ajuda a manter bem funcionante os sistemas da memória, especialmente em pessoas mais velhas.

8)Sono: Afim de se conseguir uma boa memória, é fundamental que se permita sono suficiente e descanso do cérebro. Durante o sono profundo, o cérebro se desconecta dos sentidos e processa, revisa e armazena a memória.
A insônia leva a um estado de fadiga crônica e prejudica a habilidade de concentrar-se e armazenar informações.

Dicas tais como : tomar notas, organizar-se, usar um diário, manter-se em forma, check up regular da saúde, são importante para a manutenção não só da memória, como da saúde geral.

A contínua atividade intelectual como a leitura, exercícios de memória, palavras cruzadas e jogo de xadrez auxiliam a manutenção da memória.

Um estilo de vida ativo com atividade física regular e uma dieta saudável são dicas básicas para a manutenção da memória. Portanto, aproveite o início do semestre e mãos à obra.

Para outras informações, veja: Os labirintos da Memória - Ivan Izquierdo - Ciência Hoje

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 27 de julho de 2010

Memória: vamos aprender sobre esse recurso tão importante do nosso cérebro!!!

O termo memória tem sua origem etmológica no latim e significa a faculdade de reter e /ou readquirir idéias, imagens, expressões e conhecimentos adquiridos anteriormente reportando-se às lembranças, reminiscências.

A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).

A memória humana focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade.

Memória é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.

A memória é uma faculdade cognitiva extremamente importante porque ela forma a base para a aprendizagem. Se não houvesse uma forma de armazenamento mental de representações do passado, não teríamos uma solução para tirar proveito da experiência.

Assim, a memória envolve um complexo mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências, portanto, está intimamente associada à aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o nosso comportamento através das experiências que foram armazenadas na memória; em outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos aprendidos.
Assim, aprendizagem e memória são o suporte para todo o nosso conhecimento, habilidades e planejamento, fazendo-nos considerar o passado, nos situarmos no presente e prevermos o futuro.

Tipos e Características da Memória
Pense na diferença entre memorizar a data de aniversário de alguns amigos versus aprender a andar de bicicleta.

As diversas coisas que aprendemos e lembramos não são processadas sempre pelo mesmo mecanismo neural.

A memória é dividida em três componentes: a imediata , a intermediária e a remota. A imediata diz respeito a fatos recentes próximos (de horas e poucos dias). A intermediária diz respeito a fatos de semanas e meses e a remota se refere a fatos antigos, do passado.

Há uma tendência a se ter dificuldade em reter fatos recentes, com prejuízo das memórias imediata e intermediária na 3ª idade. Por outro lado, a recordação de fatos antigos permanece intacta. Esta situação é considerada normal. O esquecimento de fatos recentes não é considerado uma doença e sim um fato absolutamente normal para a idade sendo denominado "lapso de memória".

O processo de memorização é complexo, envolvendo sofisticadas reações químicas. Os fatos antigos naturalmente têm mais tempo de se fixar em nosso "banco de dados" e daí a sua melhor fixação, o que não ocorre com fatos recentes, que têm pouco tempo para se fixarem e ainda podem ter sua capacidade de fixação alterada, por razões relacionadas a variações de estado emocional ou a problemas de ordem física.

A perda de memória pode estar associada com determinadas doenças neurológicas, com distúrbios psicológicos, com problemas metabólicos e também com certas intoxicações.

Estados psicológicos alterados, como o "stress", a ansiedade e a depressão podem também alterar a memória. A falta de vitamina B1 (tiamina) e o alcoolismo levam a perda da memória para fatos recentes e com freqüência estão associados a problemas de marcha e confusão mental.

Doenças da tireóide, como o hipotireoidismo, se acompanham de comprometimento da memória. O uso de medicação tranqüilizante ("calmantes") por tempo prolongado, provoca a diminuição da memória.

A vida sedentária com excesso de preocupações e insatisfações, bem com uma dieta deficiente, favorecem a perda de memória.

A contínua atividade intelectual, como a leitura, exercícios de memória, palavras cruzadas e jogo de xadrez auxiliam a manutenção da memória. O estilo de vida ativo, com atividade física feita com regularidade e uma dieta saudável são básicas para a manutenção da memória.

Na próxima semana continuaremos falando sobre memória, com dicas para melhorar ainda mais seu potencial.


Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 13 de julho de 2010

Síndrome de Angelman, vamos conhecer!!!

Descoberta em 1965 pelo neurologista britânico, Dr Harry Angelman, a Síndrome de Angelman é uma síndrome genética rara (acomete 1 em cada 20.000 nascidos) causada por uma alteração no cromossomo 15.

É uma situação de difícil diagnóstico, especialmente nos primeiros anos de vida, onde o quadro clínico é inespecífico. São geralmente bebês muito bonitos, que não apresentaram intercorrências no parto ou na gestação, mas que evoluem com um atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor por volta do 6º mês de vida.

Entre os sintomas clínicos consistentes, isto é, que estão presentes em 100% dos casos, observamos: o atraso do desenvolvimento grave; o atraso significativo na fala ( não aquisição desta habilidade), com maior capacidade de compreensão do que de expressão verbal.

São observadas ainda, alterações de movimento e do equilíbrio, com incapacidade de coordenação dos movimentos musculares voluntários ao andar e/ou movimento trêmulo dos membros.

É freqüente a presença de riso e sorriso imotivados, com uma aparência feliz (embora este sorriso permanente seja apenas uma expressão motora, e não uma forma de comunicação), associada a uma personalidade facilmente excitável, com movimentos aleatórios das mãos, hipermotrocidade e incapacidade de manter a atenção. Observa-se ainda uma ávidez pela água.

A epilepsia é frequente (cerca de 80% dos casos), tem início precoce – em torno dos 3 anos e necessita uso de medicação anti-epiléptica por longos períodos.

O tratamento é sintomático (medicação para epilepsia, para agitação) e de reabilitação.

O conhecimento desta síndrome é importante para um diagnóstico e tratamento precoces, pois estas crianças acabam sendo diagnosticadas erroneamente como paralisia cerebral, dificultando o entendimento do caso e o tratamento mais adequado.

Quer saber mais sobre a síndrome? Visite o blog:

http://www.sindromedosanjos.blogspot.com/

Um abraço

Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....