terça-feira, 30 de maio de 2017

A classificação nos Transtornos do Espectro do Autismo

Já comentamos em outro post sobre os critérios diagnósticos no TEA, com os déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões repetitivos e estereotipados de comportamento e um repertório restrito de interesses e atividades.

Ainda de acordo com a classificação vigente desde 2013, o DSM – 5, o TEA pode ser classificado em nível 1, 2 e 3 em ordem crescente de gravidade.

Mas o que significa isso?

Quando avaliamos uma criança dentro do espectro do autismo, essa avaliação representa um retrato daquele momento da criança e classificamos o nível de sintomas do autismo (isolamento, atraso de linguagem, comportamentos repetitivos) naquela avaliação.

Esses sintomas podem ser divididos em níveis: 

Nível 1 :prejuízo mínimo, que exige pouco apoio e na ausência desse apoio aparecem dificuldades sociais e de comunicação;

Nível 2: os sintomas presentes são moderadamente intensos e já exige um apoio substancial para o contato social;

Nível 3: muitos sintomas e com grande impacto que exigem apoio muito substancial.

É importante ressaltar que se trata de um retrato do momento atual. O objetivo desta classificação é nortear as medidas terapêuticas e as terapias atuam na diminuição dos sintomas e normalmente modificam a classificação. Por outro lado a falta de estimulação pode agravar sintomas, por isso é importante um diagnóstico preciso e o mais precoce possível.

Um abraço

Dra Alessandra

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Evento Vivere - TDAH




Dando continuidade aos nossos eventos em 2017, esse mês vamos nos reunir para conversar sobre o TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

A troca e a parceria entre pais, profissionais da saúde e da educação é sempre o melhor caminho para a abordagem de nossas crianças. 

Explorar todo o potencial destes pequenos, respeitando suas dificuldades e estimulando suas habilidades formará crianças adaptadas e felizes.

Contamos com a presença de todos.
Vagas limitadas.

Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 26 de abril de 2017

VAMOS BRINCAR?




Essa semana estamos na clínica discutindo o caso de uma criança e traçando objetivos de terapia quando um dos terapeutas fez um comentário que me levou a escrever esse texto.

Ele comentou que vem trabalhando o brincar compartilhado com a criança e integrando os irmãos nessa brincadeira. Esse trabalho vem sendo realizado na residência da família, entretanto foi observado que não havia na casa nenhum brinquedo cooperativo. Toda brincadeira entre os irmãos se dava com o tablet ou com o videogame (onde é sempre um contra o outro).

Neste contexto fiquei refletindo como cobrar amizade e cooperação entre crianças que estão mais habituadas a competir do que a cooperar. E essa é a realidade da maior parte das famílias. Não se brinca mais com jogos de tabuleiro, não se pula corda, elástico, não se joga baralho.

Essas brincadeiras “antigas" e fora de moda nos ensinavam estratégia, parceria, cooperação, além de esperar a nossa vez e respeitar a vez do outro. Isso tudo realizado em família, com o olho no olho e a troca mais que necessária entre familiares.

Claro que não sou contra o videogame ou ao tablet, pelo contrário acho muito válido em alguns momentos, mas não podemos esquecer que é através do brincar que a criança explora o mundo e aprende suas habilidades sociais e que quando feito em família isso tem um papel ainda maior.

Portanto tire a poeira do seu banco imobiliário, do War, ache seus mapas de batalha naval,  resgate aquele tabuleiro de damas / xadrez, brinque muito com seus filhos e seja feliz! 

Um abraço

Dra Alessandra

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Esclarecendo a deficiência intelectual



A Deficiência intelectual (DI) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits em habilidades mentais gerais, como raciocínio, resolução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, julgamento, aprendizado acadêmico, e aprender com experiência. Os déficits resultam em comprometimento funcional, tanto intelectual quanto adaptativo, nos domínios conceitual, social e prático. A adaptação ao ambiente é sempre afetada a atualmente parte dos critérios diagnósticos (DSM - 5, 2013).

As causas podem ser várias, tais como síndromes genéticas, como a Síndrome de Down, a síndrome de Angelman ou a síndrome do X frágil, problemas ao nascimento como falta de oxigênio, entre outras causas.

Para DI, a pontuação para os níveis de desenvolvimento intelectual deve ser determinada com base em todas as informações disponíveis, incluindo os sinais clínicos, o comportamento adaptativo no meio cultural, os resultados individuais e dos testes psicométricos. Para tanto esse diagnóstico deve sempre ser realizado pelo médico juntamente com o psicólogo - de preferência um neuropsicólogo. A testagem formal para quantificação dos aspectos cognitivos só pode ser realizada pelo psicólogo.

Sua presença tem enorme efeito social, não afetando apenas as pessoas que apresentam o diagnóstico, mas também a família e a sociedade como um todo. Sua prevalência é estimada em 1 a 3% nos países desenvolvidos e obviamente é maior em países mais pobres como o nosso.

Para o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5º Ed.) o diagnóstico de Deficiência Intelectual é embasado em três importantes critérios: Critério A: QI- Quoeficiente de Inteligência abaixo de 70; Critério B: Limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança; Critério C: Ocorrer antes dos 18 anos.

Cercada de muito preconceito - a nomenclatura antiga de Retardo Mental criou um grande estigma para o transtorno, a DI geralmente é vista como uma incapacidade para o futuro daquela criança, mas nós sempre insistimos que uma boa avaliação, um diagnóstico e uma intervenção precoces vão dar a essa criança a chance de desenvolver plenamente suas potencialidades, sendo um adulto adaptado e com o melhor rendimento possível dentro das suas possibilidades.
Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Texto da neuropsicóloga Melanie Mendoza com Mitos e Verdades sobre os Transtornos do Espectro do Autismo no site da vivere - www.vivereclinica.com

Hoje é o dia mundial do autismo, para marcar a data fiz uma lista de Mitos e Verdades sobre o tema.

a) Cada criança tem seu tempo.

Parcialmente verdadeiro. Cada criança é única e as habilidades e talentos variam muito  de indivíduo para indivíduo (inclusive dentro de um grupo de adultos, não é mesmo?). Entretanto, existe um intervalo de idade esperado de desenvolvimento para todos áreas: motor (sentar, andar, saltar, etc.), comunicação (balbuciar, pedir colo, apontar, dizer palavras, etc.) e socialização (sorriso social, atenção compartilhada, brincar em parceria e faz de conta). Se uma criança não anda dentro do intervalo esperado ela é avaliada por um neurologista, fisiatra ou ortopedista e encaminhada um fisioterapeuta onde será estimulada e, ainda que a marcha não seja possível (por exemplo em alguns tipos de paralisia cerebral) ela receberá cuidados para evitar problemas como luxação de quadril e osteoporose. Da mesma forma se ela demora a falar, a se comunicar e a sua socialização não ocorre dentro do que seria esperado para a faixa etária ela precisa que um especialista a avalie e faça os melhores encaminhamentos.

b) Na avaliação será dito que ele tem autismo e isso virará um rótulo na vida dele. 

Falso. Não existe um exame laboratorial para diagnóstico de autismo. Na avaliação precoce são observados conjuntos de comportamentos apresentados pela criança que indicam a necessidade de intervenção ou não. Até em torno de trinta meses pela Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS), por exemplo, os resultados são dados em termos de nível de atenção (concern em inglês) após esta idade é levantada uma hipótese diagnóstica (HD) que é, como o nome diz, uma hipótese que pode se concretizar ou não. A HD nos indica, através de todo o corpo de evidências coletados em pesquisas no mundo todo, quais as intervenções que tem maior probabilidade de funcionar e trazer benefícios práticos para a criança.

c) Não se dá diagnóstico antes de três anos.

Parcialmente verdadeiro. Porque crianças até em torno de três anos mudam muito via de regra se aguarda este tempo para levantar uma HD de transtorno do espectro do autismo (TEA), mas em alguns casos os sinais já estão presentes de maneira muito precoce (isolamento intenso, auto-estimulação frequente, falta de contato visual, ações muito repetitivas) e por isso o clínico pode optar por já aventar uma HD  de TEA. Importante: aguardar para dar uma HD não quer dizer adiar a intervenção que deve se iniciar assim que são detectados atrasos.

d) a criança pode virar um robô com as terapias.

Falso. Um pesquisador bem famoso chamado Baron-Cohen diz que para pessoas com TEA “o comportamento das outras pessoas é confuso e imprevisível, e até mesmo, assustador”. Imagine-se em um mundo em que você não entende as ações das outras pessoas - não entendesse porque elas brigam com você, ou se afastam, ou não lhe dão comida quando você está com fome, ou te coloquem em uma sala barulhenta. Depois imagine que você tem a chance de ter um amigo adulto que você vê com frequência que tem ensina um “truque” para sua mãe lhe dar comida quando você está com fome, que o barulho passa rápido e que depois vem parquinho, que falar “quer brincar comigo com o meu caminhão?” tem maiores chances de funcionar do que puxar o amiguinho pelo braço e deixá-lo sentado. Este amigo é o terapeuta.
Nos indivíduos com TEA o aprendizado, que para os outros indivíduos é intuitivo, deve ser ensinado de maneira mais organizada e estruturada (da mesma forma que aprendemos coisas que não costumam ser intuitivas como dirigir, fazer contas de divisão de dois algarismos ou a utilizar a nossa primeira impressora multifuncional) e porque é um aprendizado não intuitivo a fala pode parecer um pouco “robotizada” e a brincadeira meio “durinha”, mas como nos comportaríamos se tivéssemos tido aula de boas maneiras para estrangeiros em um país que nos fosse exótico? Indivíduos com TEA precisam com alguém como agir no meio desta confusão que chamamos de relação com as outras pessoas ou de outra forma precisarão organizar seu próprio sistema baseado em tentativa e erro.

e) A terapia comportamental é um adestramento.

Falso. A terapia comportamental analisa o porquê de um comportamento ocorrer. Ao invés de punir a criança com algo que ela fez de errado porque queria alguma coisa, os terapeutas ensinam uma forma de conseguir o que ela precisa sem burlar regras de nosso sistema interpessoal. É uma forma de terapia humanizada que prega a individualidade de cada criança e seu nível de desenvolvimento. Os terapeutas precisam ser profundamente sensíveis em empáticos para entender o que a criança deseja e ao mesmo tempo ter altas doses de auto-controle para não ceder nos momentos inapropriados. A afirmação de que é um adestramento é feito por pessoas que - na melhor das hipóteses- desconhecem os pressupostos teóricos e ou – na pior das hipóteses – possuem conflito de interesse de econômico.

f) São necessárias muitas horas de terapia.

Parcialmente verdadeiro. Para crianças pequenas cujo cérebro está no momento  mais acelerado de desenvolvimento de novas sinapses, um grande número de horas em terapias multidisciplinares – ABA, fono e TO - costuma ser indicado. No entanto, este não é uma panaceia e nem o único caminho. Existem pequenos clientinhos em que, após a avaliação, o plano de tratamento indicado pode ser a entrada ou mudança de escola, mais horas de brincadeira e interação com um adulto ou diminuir o tempo no aparelhos eletrônicos.

g ) A criança pode sair do espectro.

Verdadeiro. O diagnóstico de autismo é baseado em uma série de sinais e sintomas, uma vez que através de estimulação estes sinais e sintomas desaparecem em algumas pessoinhas, não é mais possível diagnosticar o quadro. Não existe uma “cura” mas um abrandamento tão grande dos prejuízos que eles não são mais detectáveis através de escalas ou avaliação clínica.
Eu desejo a todos um ótimo 2 de abril !!!

Um forte abraço,
Melanie

quarta-feira, 22 de março de 2017

As dificuldade no tratamento dos transtornos de aprendizagem na infância

Eu já comentei algumas vezes aqui no blog o quanto chamar a criança de preguiçosa me deixa entristecida. Crianças com dificuldades, especialmente escolares, tendem a se esquivar daquilo que não fazem bem. É mais fácil dizer “não quero” do que “não sei”.

Mas ainda vejo na minha prática clínica muito, mas MUITO preconceito no tratamento dos transtornos da aprendizagem. Volta e meia fica aquela pergunta no ar: “Mas doutora, se ele se esforçar um pouquinho mais, a coisa vai né!”

Então se adia a terapia de reabilitação, a medicação e consequentemente a boa evolução do caso. E aí meus amigos, “a coisa” não vai. Ninguém vai deixar de ser disléxico porque se esforçou mais. É a mesma coisa que você falar para uma pessoa com miopia tirar os óculos e se esforçar mais para enxergar melhor.

Essa semana eu revi dois pacientes fofos e queridos que a falta de tratamento levou a piora na evolução. Transtornos comórbidos como depressão e ansiedade se somam ao quadro de base por falta de uma intervenção mais adequada. Como eu sempre digo diagnóstico é ponto de partida. É abrir possibilidades de estimular potenciais para aproveitar as janelas de oportunidade do neurodesenvolvimento.

Respeitar os transtornos da aprendizagem, o transtorno do déficit de atenção, a deficiência intelectual, entre outros, como quadros reais, orgânicos e que independem da vontade da criança ou do adolescente é dar a eles a chance de uma vez conhecidas as dificuldades, trabalhar as habilidades e termos a melhor evolução possível.

Não é sempre necessário medicar, não é sempre necessário fazer terapia, mas quando indicamos esses tratamentos é baseado em conhecimento prático e acadêmico de que o tratamento vai melhorar a vida da criança e consequentemente da família.

E assim vamos entre vitórias (muitas, ainda bem) e algumas derrotas parciais tentando vencer o preconceito de se trabalhar com saúde mental.

Um abraço

Dra Alessandra

quarta-feira, 8 de março de 2017

EVENTOS VIVERE

Esse ano a clínica Vivere realizará 4 encontros de pais e profissionais da saúde e educação para conversar sobre nossas crianças. A nossa ideia é que além de temas relevantes, sejam discutidas as experiências pessoais de familiares e profissionais que lidam com crianças e adolescentes com algum transtorno do desenvolvimento.

O primeiro encontro desse ano acontecerá neste sábado, dia 11/03 das 10 as 12h no the Square (para maiores informações visite nossa página no facebook - www.facebook.com/clinicavivere).

Nesse evento abordaremos os Transtornos do Espectro do Autismo, seu diagnostico, suas bases neurobiológicas, os tratamentos existentes e nos aprofundaremos na terapia ABA - uma linha de terapia comportamental para reabilitação dessas crianças. 

Nossa ideia é ter uma breve exposição sobre os tópicos mencionados e depois partirmos para uma discussão sobre os modelos de reabilitação existentes, as principais dificuldades encontradas por profissionais da educação na inclusão escolar e a visão das famílias sobre o diagnostico, os ganhos do tratamento e as principais dificuldades encontradas nos aspectos sociais, familiares e escolar.

O próximo encontro também já tem data marcada e será no dia 20/05, quando conversaremos sobre TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Fique de olho no nosso site (www.vivereclinica.com), no nosso instagram (@vivereclinicagranjaviana) e na nossa página do facebook e venha trocar suas dificuldades, medos, acertos, enfim suas experiências conosco.

Um abraço

Dra Alessandra

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A equipe multidisciplinar – Novidades 2017



Eu acredito muito, mas MUITO na terapia multidisciplinar. Especialmente nos transtornos do desenvolvimento, onde na maioria das vezes, vários aspectos motores e cognitivos estão envolvidos, olhar essa criança como um todo, estimulando todas as áreas do desenvolvimento é a melhor abordagem. 

Só para lembrarmos, o termo avaliação ou terapia multidisciplinar descreve a parceria entre diversos profissionais da área da saúde para a avaliação diagnóstica e o tratamento de um paciente.

Hoje trabalhamos com várias especialidades interligadas para melhor cuidar de nossas crianças. Temos a neurologia infantil e a neuropsicologia para diagnóstico e intervenção.

A fisioterapia, a terapia ocupacional (com a sala de integração sensorial), a fonoaudiologia (para linguagem e disfagia), a terapia ABA (uma psicoterapia comportamental), a psicoeducação para pais, os acompanhantes terapêuticos (AT) para as escolas e a musicoterapia já faziam parte do nosso arsenal terapêutico, além da acupuntura e da nutrição.

Este ano, passamos também a contar com a presença da psicopedagoga Romy Bernardes. Especializada em dificuldades na matemática e alfabetização de crianças com dislexia, ela vem somar na abordagem de crianças e adolescentes com distúrbios do aprendizado. A ideia é montarmos ainda neste primeiro bimestre um núcleo específico de atendimento a esses pacientes com várias possibilidades terapêuticas interligadas, desde a avaliação, diagnóstico, proposta de tratamento, orientação escolar e parental, além de adaptação curricular.



Um abraço 
Dra Alessandra

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Transtorno de aprendizagem não verbal - TANV

Hoje vamos conversar sobre um diagnóstico pouco conhecido, mas que pode explicar várias dificuldades acadêmicas, o Transtorno de aprendizagem não verbal - TANV.

Essa terminologia foi proposta para descrever um grupo de pacientes com disfunções nas capacidades não verbais em combinação com contato visual pobre, comunicação gestual, expressão facial e prosódia prejudicadas. Essa é uma proposta baseada principalmente nos perfis neuropsicológicos.

Do ponto de vista acadêmico, crianças com TANV apresentam dificuldades na compreensão da leitura, nos conceitos matemáticos, na resolução de problemas, na teoria e nos conceitos científicos.

Conceitos mais concretos são entendidos sem dificuldades, entretanto quando requerem uma análise mais complexa, há comprometimento na compreensão.

Observam-se, ainda, dificuldades no relacionamento e interação social, porém com recursos verbais e de memória preservados.

As principais características do quadro são: problemas de organização viso-espacial (dificuldade em distinguir as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e comprimentos); dificuldades psicomotoras, (ex. para aprender a andar de bicicleta, para amarrar os cadarços dos sapatos); dificuldades em compreender linguagem corporal e expressões faciais.

O diagnóstico do TANV é clínico, e deve ser realizado por equipe multidisciplinar através de avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica. A avaliação médica pode ser necessária para afastar outras possibilidades diagnósticas, como o transtorno do espectro do autismo.

O tratamento é a intervenção psicoterápica, especialmente a linha Cognitivo Comportamental (TCC) que permite o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e de habilidades sociais.

Um abraço
Dra Alessandra

Para conhecer mais sobre o assunto sugiro a leitura do artigo Mercadante MT et al. (2006). Transtornos invasivos do desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett,

transtorno desintegrativo da infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outras especificação. Revista Brasileira de Psiquiatria, 28 (Supl. I): 12-20.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Terapia ABA



Esse final de semana nossa equipe de reabilitação se reuniu para realizar um treinamento em terapia ABA, visando a formação de AT (acompanhantes terapêuticos). Foi um sábado de muito trabalho e muita troca. Mas vamos entender um pouco sobre essa terapia.

A terapia ABA é uma terapia com abordagem analítico comportamental. ABA é a sigla para o nome, em inglês, de Applied Behavior Analysis, traduzindo: Análise do Comportamento Aplicada. Trata-se de uma intervenção terapêutica e educacional para questões socialmente relevantes baseada em uma abordagem científica chamada análise do comportamento. 

A terapia ABA tem mostrado resultados significativos na intervenção com indivíduos com desenvolvimento atípico, entre eles o transtorno do espectro do autismo (TEA). Por isso, tem se tornado um modelo de referência para o tratamento de crianças e adultos com tais diagnósticos. 

O foco da intervenção é construir uma ampla variedade de habilidades importantes no ambiente social da pessoa, como fala, conteúdos acadêmicos e comportamentos sociais e também diminuir problemas de comportamento que dificultem a interação com o mundo a sua volta.

O primeiro passo é a avaliação. A partir desta avaliação objetiva da criança estabelecem-se metas e objetivos de curto, médio e longo prazo e elabora-se um PEI: Plano de ensino individual. 

Nesse trabalho, existe um tripé de parceria fundamental para o alcance das metas: equipe, família e escola.  O objetivo maior da Terapia ABA é sempre tornar o individuo o mais autônomo possível para que, no futuro, possa aprender e interagir de forma independente de adaptações e ajudas profissionais.

Em países onde esse tratamento já é bem melhor conhecido, fala-se em 20-30h por semana. Aqui no Brasil esse tempo ainda é muito menor por conta de questões culturais e financeiras, mas é importante ter em mente que crianças com desenvolvimento atípico devem receber uma estimulação mais consistentes, especialmente nos primeiros anos de vida para um melhor resultado.

Um abraço
Dra Alessandra

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

RPG na clínica Vivere





Segue o texto da nossa fisioterapeuta Sandra Paolini sobre RPG - (Crefito 3/ 51896-F)

A Reeducação Postural Global pelo Reequilíbrio Proprioceptivo e Muscular (RPG/RPM) é uma abordagem profissional que engloba uma série de procedimentos terapêuticos e diagnósticos, tendo como base os conceitos de cadeias musculares e posturamento, associados a recursos manuais miofasciais, articulares e dinâmicos. Age sobre o equilíbrio biomecânico restabelecendo o eixo postural fisiológico e normalizando a função músculo-esquelética e, consequentemente a postura.

O tratamento baseia-se principalmente na consciência corporal, respeitando a individualidade de cada paciente.

Ao longo da vida perdemos essa referência corporal. Um corpo posturalmente equilibrado possibilita um bom funcionamento dos órgãos internos, propiciando que todo o organismo trabalhe de forma sinérgica e harmônica em todos os seus sistemas.

O trabalho tem como base as posturas de tratamento derivadas dos estudos em cadeias musculares desenvolvidos pela Fisioterapeuta francesa Françoise Mezièré. Busca-se a causa dos problemas posturais, atuando sobre suas compensações e suprindo seus efeitos que, em geral, são disfunções morfológicas associadas às algias (dores).

A combinação das técnicas nos permite "preparar" o corpo para a colocação e evolução nas posturas cujo principal objetivo é o de eliminar as retrações das cadeias musculares através de um distencionamento lento, progressivo e gradual.

A definição clássica de cadeia muscular dada por Françoise Mezièré, é: "Conjunto de músculos de mesma direção e sentido, geralmente poliarticulares que se comportam como se fossem um só músculo e se recobrem como telhas de um telhado".

No desenvolvimento da postura, o posicionamento harmônico do corpo é mantido pelo indivíduo através de contrações isométricas, trabalhando diretamente nos músculos que necessitam de tonificação. Dessa maneira agimos globalmente no indivíduo, colocando em harmonia todos os segmentos corporais.

O que nos mantém de pé, contra a gravidade, são os músculos estáticos. Para exercer esta função anti-gravitacional, que requer um estado de contração parcial, os músculos estáticos têm um alto teor de tecido conjuntivo e um tônus elevado. Por isso eles tendem a se tornar hipertônicos, hipoflexíveis e encurtados,
especialmente em casos de patologias ou estresse, podendo causar desvios em ossos e articulações.

A técnica pode ser usada em pacientes de todas as idades, desde que o profissional saiba utilizar as ferramentas apropriadas, respeitando sempre os limites de cada paciente.

As crianças devem ser avaliadas desde muito cedo pois um diagnóstico precoce, por exemplo, no caso de uma escoliose é essencial para a evolução favorável da patologia e correção da postura. Sugere-se iniciar o tratamento a partir do momento em que haja compreensão para executar os exercícios de forma adequada, ou seja, coincidentemente com a pré-alfabetização, por volta dos 6 a 7 anos, aproximadamente.


As posturas visam restabelecer equilíbrio entre força, flexibilidade e consciência corporal, proporcionando alivio de dores e bem estar imediato ao final de cada sessão.

Venham conhecer essa técnica de reabilitação motora muito eficaz.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Coruja - Mais um recurso para a avaliação das dificuldades escolares




A avaliação de crianças e adolescentes com dificuldades acadêmicas vem evoluindo muito nos últimos tempos. Várias possibilidades diagnósticas podem ser pesquisadas através de testagens cada vez mais específicas.

Esse arsenal de recursos para avaliação nos dá maior segurança na hora de fecharmos um  diagnóstico, na hora de sugerirmos um processo de tratamento, seja ele medicamentoso ou não, mas principalmente, nos mostra onde estão as dificuldades e as potencialidades dessa criança.

Várias situações neurológicas cursam com dificuldades acadêmicas e refinar esse diagnóstico melhora e muito a evolução. 

Nesse sentido temos investido muito no nosso material de avaliação, seja com nossa formação, seja com novos instrumentos. Já falamos em posts anteriores sobre o CPT e a ADOS. Hoje vou então falar de um teste muito interessante, que é o Coruja.

O Coruja Especialista é um roteiro elaborado para a sondagem do desenvolvimento das habilidades acadêmicas nos anos iniciais do ensino fundamental. Seu objetivo é verificar se essas foram adquiridas e, em caso de defasagem, indicar a(s) área(s) de concentração das dificuldades encontradas.Essa avaliação gera um relatório personalizado sobre o desempenho da criança em três domínio fundamentais:

1) Língua Portuguesa

2) Matemática

3) Habilidades de aprendizagem

É um teste computadorizado, indicado para crianças do ensino fundamental, muito estimulante para a criança que está realizando as tarefas e que nos dá informações preciosas nos casos de dificuldades na aprendizagem.

Gera, ainda, propostas de atividades para serem utilizadas na intervenção com base nas dificuldades apontadas pelo teste.


Tratar uma criança com dificuldades escolares é um belo trabalho, cheio de bons resultados, entretanto é um trabalho que deve ser criteriosamente realizado. 

Nosso objetivo não é robotizar crianças e fazer todo mundo tirar 10 em tudo e sim ajudar as crianças nas sus dificuldades, estimular seu potencial, reconhecendo suas habilidades e transformar essa fase tão gostosa que é a escola, em um momento de prazer e felicidade.

Um abraço
Dra Alessandra

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O processo da aprendizagem



Costumo dizer que do ponto de vista neurológico, a alfabetização é praticamente um milagre. Tantas vias precisam estar íntegras, funcionando perfeitamente e se conectando com competência que é realmente um momento muito delicado da neuroevolução.

O processo de aprendizagem depende de muitas variáveis além da inteligência propriamente dita. Embora o conceito de inteligência seja algo amplo e extremamente variável, vamos considerar uma criança dentro da média para a sua idade e que mesmo assim não aprende dentro do esperado.


Vários fatores podem influenciar na aprendizagem. Aspectos emocionais, ansiedade, quadros depressivos, déficits específicos, como transtornos atencionais, entre outros. 

As dificuldade no aprendizado podem ser definidas como perturbação em um ou mais processos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita.

As dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico.

A avaliação multiprofissional é a melhor forma de realizar um diagnóstico adequado destes quadros e abordá-los da melhor maneira. 


Essa abordagem não necessariamente envolve o uso de medicamentos, mas entender o que ocorre com a criança e respeitar suas dificuldades, estimulando suas potencialidades é fundamental para assegurar que elas gostem da escola e tenham uma auto-estima adequada. E, é claro, sejam felizes.


Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....