quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

FELIZ LIVRO NOVO

FELIZ LIVRO NOVO

Quando 2011 começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
Você podia fazer dele o que quisesse...
Era como um Livro em Branco, e nele você podia colocar: um poema, um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração. Podia...
 
Hoje não pode mais; já não é seu. É um livro já escrito... Concluído.
 
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e você não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
 
Portanto, antes que 2011 termine, reflita, tome seu velho livro e o folheie com cuidado.
 
Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência; faça o exercício de ler a você mesmo.
Leia tudo...
 
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que você usou seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.
 
Não, não tente arrancá-las.
Seria inútil. Já estão escritas.
 
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.
 
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.
 
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije-o.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do Criador.
Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras:
Obrigado e Perdão!!!
 
E, quando 2012 chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco todo seu, no qual você irá escrever o que desejar...

FELIZ LIVRO NOVO!!!

FELIZ 2012!

Últimos dias do Ano de 2011! Fico com a sensação de que estamos na reta final de uma maratona, já cansados, porém dando aquele “gás” para terminar a corrida numa boa colocação.

Gosto de fazer balanços, checar na minha listinha do ano passado. O que realizei, o que não realizei e o que mudou nas minhas expectativas durante o ano. Acho que é um trabalho de autoconhecimento importante e que todos nós deveríamos tirar um tempinho para dedicar ao próprio crescimento.

Esse foi um grande ano para mim! Tudo bem, eu sei que sou uma pessoa invariavelmente otimista. Mas um grande ano, não significa um ano fácil. Viver não é fácil. Dá trabalho, requer disponibilidade, requer atenção.

Ainda assim, me orgulho de ter vivido um ano de escolhas. Escolhas acertadas, baseadas nesse processo de observação e serenidade interior. Trabalhar os custos destas escolhas também é um processo de crescimento, basta olhar com tranquilidade para as situações que a solução aparece.

Hoje estava apagando algumas perguntas do blog, pois (que legal!!) está muito cheio e impedindo a entrada de novas colaborações e vi o quanto crescemos e o quanto lutamos pelo bem comum de nossas crianças. Tenho muito orgulho desta relação de cumplicidade que construímos nesses quase dois anos de convivência.

Para finalizar quero, além dos desejos de um Ano Novo pleno de paz, amor, saúde, lutas, trabalho e sucesso, deixa-los com um texto que recebi por e-mail, mas que é exatamente como vejo o nascer de um novo ano. Chama-se Feliz Livro Novo e estará no próximo post.

Desejo ainda que essa boa energia de recomeço da virada esteja conosco o ano todo inspirando-nos a fazer deste o melhor ano de nossas vidas. Um ano com menos violência e mais harmonia. Pequenos gestos ou grandes ações, não importa. O que importa é manter a mente aberta e o coração cheio de amor.

Feliz 2012!!! E ano que vem, começaremos falando de prematuridade.

Um abraço! Obrigada por todo carinho, respeito e consideração.
Dra. Alessandra

domingo, 18 de dezembro de 2011

O tratamento das cefaléias segundo a MedicinaTtradicional Chinesa

A acupuntura, técnica milenar de tratamento da medicina tradicional chinesa tem sua aplicação em várias afecções neurológicas. Uma das mais conhecidas aplicações é o tratamento das cefaléias ou dores de cabeça.
Mudanças ambientais e de hábitos de vida são também importantes nessa abordagem e o profissional acupunturista indicará tais mudanças.
Boa alimentação, exercícios físicos conforme já falamos no post anterior também colaboram para o tratamento.
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) classifica as cefaleias da seguinte maneira:
1) Tipo Vento com Umidade;
2) Tipo ascensão do Yang do Fígado;
3) Tipo estagnação da Fleuma;
4) Tipo deficiência de Xuê;
5) Tipo estagnação de Xuê.
Essa classificação é didática e um mesmo indivíduo pode ter a associação de mais de um tipo de dor. É Bastante difícil fazer um paralelo entre a classificação da MTC e a da medicina ocidental.
1) Cefaléia tipo Vento com Umidade:
 Provocada pelo Vento e Frio,
 Unilateral - pode alterar os lados,
 Às vezes pode ser sentido na cabeça inteira,
 Podem ser agudas; ou com sensação de pressão; ou uma dor pulsante, no local da dor,
 Acompanhada de congestão nasal,
 Saburra branca, pulso tenso ou em corda.
2) Cefaléia tipo ascensão do Yang do Fígado:
 Unilateral, dor em fisgada,
 Vertigem, calor no rosto,
 Irritação e nervoso,
 Olho vermelho, boca amarga, língua vermelha, pulso em corda,
 Muitas vezes é provocada pela tensão nervosa.
3) Cefaléia tipo estagnação da Fleuma:
 Dor pesada e pressão,
 Sensação de peso e/ou inchaço no peito ou na região do estomago, enjoo, vomito com fleuma ou catarro,
 Fezes moles, saburra branca e pegajosa, pulso escorregadio.
4) Cefaléia tipo deficiência do Xuê:
 Sensação de cabeça pesada com dor e vista turva,
 Dor duradoura, melhora com descanso,
 Cansaço, rosto pálido, geralmente teve hemorragia ou doenças crônicas,
 Língua clara com pulso fino.
5) Cefaléia tipo estagnação de Xuê:
 Dor de cabeça tipo agulhada de longo tempo,
 Local fixo, a vista pode ficar turva ou escura, tem queda de memória,
 Língua tem cor levemente roxa, pulso fino ou áspero.
A abordagem é individualizada e depende da história clínica e do exame realizado pelo profissional. Técnicas como agulhamento sistêmico Ynsa e fitoacupuntura têm ótimos resultados no manejo desta situação.
Um abraço
Dra. Alessandra

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

DÚVIDAS SOBRE DOR DE CABEÇA

Vamos conversar sobre uma situação muito frequente na vida de todas as pessoas, inclusive das crianças que é a cefaleia ou dor de cabeça.

1) O que é dor de cabeça?
E a presença de uma sensação dolorosa na cabeça, pescoço e/ou face. Existem mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça sendo que as mais comuns são as primárias. As cefaléias, nome científico das dores de cabeça, podem ser primárias ou secundárias. As cefaléias primárias são aquelas causadas por alterações na parte química do próprio cérebro que levam à dor por mau funcionamento de neurotransmissores (as substancias químicas cerebrais).

2) Dor de cabeça é grave?
Toda dor de cabeça tem uma causa, na maioria dos casos não é grave, porém só o médico pode avaliar corretamente e excluir causas mais sérias.

3) O que é enxaqueca?
A enxaqueca, também conhecida como migrânea, é uma doença do cérebro transmitida e herdada geneticamente. Não costuma ser grave e geralmente evolui em surtos, ou seja, com períodos de melhora e piora.

4) Criança e adolescente tem enxaqueca?
Sim. Estima-se que 4 a 8% das crianças tenham enxaqueca. Muitas começam em torno dos 4-5 anos de idade e há pais que asseguram que mesmo antes, seus filhos já se queixavam de dor de cabeça.

5) A enxaqueca da criança e igual ao adulto?
Não. Existem sintomas diferentes nas crianças. As principais características da enxaqueca na infância são:
Dor em peso ou pressão; localização na testa; intensidade menor; duração inferior a 4 horas.
Sintomas associados como enjôo, vômitos e intolerância à luz, ruídos e odores fortes também são comuns.

6) O que desencadeia uma crise de dor de cabeça na criança com enxaqueca?
Nas crianças, a influência alimentar nas crises de enxaqueca é mais marcante do que nos adultos. Comidas do tipo junk food ou fast food tais como sanduíches com queijo amarelo e molhos, cachorro quente, batata frita, brigadeiros, doces e confeitos ricos em corantes artificiais e refrigerantes do tipo cola são importantes fatores desencadeantes. Outros fatores, como menstruação, estresse do dia a dia, ambientes com ar viciado ou repleto de fumaça, maus hábitos de sono, exposição ao sol, privação de sono e jejum prolongado também são importantes. Entretanto, nem sempre uma determinada criança com migrânea irá sempre apresentar crises quando da ingestão de um determinado alimento. Isso pode ocorrer em uma ocasião e não em outra, obrigando os pais a uma observação mais atenta em conjunto com seus filhos.

7) A enxaqueca tem tratamento?
Sim. As crises em crianças costumam ser mais leves por isso, não raro não há necessidade de remédios para combatê-las. O repouso ou o sono frequentemente trazem alívio. Hábitos saudáveis de vida, horário de sono e alimentação adequados, exercícios físicos podem resolvar a maior parte dos casos. Em outras ocasiões, entretanto, é necessário o uso de medicamentos para as crises. Neste caso e muito importante que a criança seja avaliada por um médico neurologista, para eliminar as causas mais graves da dor de cabeça.

Crianças que apresentem uma ou no máximo duas crises de enxaqueca por semana, mas que não são prejudicadas por elas, não devem utilizar medicamentos em caráter diário para preveni-las. Se, no entanto, esta mesma frequência de uma ou duas vezes por semana se traduz em crises incapacitantes, que obrigam ao uso de analgésicos muitas vezes em doses altas, e afastam a criança de suas atividades por várias horas ou mesmo durante todo o dia, devem ser prevenidas com o tratamento diário, chamado profilático.
Um abraço
Dra alessandra

domingo, 4 de dezembro de 2011

ENCONTROS E DESPEDIDAS


Vamos chegando ao final do ano e com isso, a indefectível necessidade de passar o ano a limpo. Eu adoro rever meu ano, repassar a listinha que faço todo mês de dezembro, conferir se mantive meu foco e minhas escolhas e planejar o próximo ano.

Esse foi um ano muito rico para mim. Fiz algumas mudanças, arrumei gavetas que precisavam ser mexidas e fiz escolhas importantes.

Gosto muito do que faço e não sou boa no desapego que acho tão importante para evitar o sofrimento. Gosto dos encontros, mas sofro nas despedidas e esse ano fiz uma escolha. E toda escolha tem consequências.
A grande consequência foi fechar meu consultório. Não foi fácil. Estou a quase 8 anos fazendo consultório, tenho crianças que cresceram comigo, outras que passaram brevemente por mim e todos de alguma forma tocaram meu coração. Não é fácil sair! Mas também não é possível abraçar o mundo e fazer tudo ao mesmo tempo. É preciso escolher.
Mas foi um ano bom, muito bom. Organizei minha vida de acordo com minhas escolhas, paguei o preço (que nem foi tão alto), recebi grandes demonstrações de carinho e de cuidado e isso não tem preço.
Afastei-me um pouco do blog, não consegui escrever toda semana, mas isso está na agenda de 2012. Tentei responder as dúvidas que vocês compartilharam comigo e espero ter ajudado um pouco num momento tão duro que é o de ter algum problema com o filho. Embora esse canal não tem a intenção (e nem pode) de realizar uma consulta via internet, tivemos boas trocas de informações e experiências.
Acredito que bons encontros são para sempre, mesmo que distantes, sempre faremos parte da história daqueles que tocamos ou nos tocaram de alguma forma. Despedidas são temporárias, a gente volta e meia se reencontra com as pessoas que valem a pena.
Enfim, muito tenho a agradecer nesse ano e espero que o dezembro de todos vocês seja também mais de gratidão que de lamentação e sempre de muito amor!
Um abraço!
Dra. Alessandra

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vale a Pena conferir o link abaixo

http://www.sbni.com.br/blogs/1/9/parecer-da-sbni-sobre-entrevista

Vamos pensar sobre o preconceito!

Amigos, toda sexta escrevo no site acessibilidade total. Mas os textos e os podcast do site são preciosos. Visitem!

http://www.acessibilidadetotal.com.br/o-preconceito-velado/

sábado, 5 de novembro de 2011

SBNI 2011

Esse final de semana estive no VI Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil. Horas e horas de palestras, um encontro com amigos que estão em outros estados e até mesmo em outros países.


O tema do encontro deste ano foi neuroimagem nas encefalopatias metabólicas. Essas doenças são situações causadas por erros no metabolismo do indivíduo, que acarretam alterações no sistema nervoso central, geralmente graves e, ainda bem, raras.

A doença metabólica mais conhecida da população é a fenilcetonúria (uma das doenças pesquisadas no teste do pezinho e que tem tratamento, evitando assim sequelas neurológicas graves). Como ela, existem várias outras, algumas, já pesquisadas pelo teste do pezinho ampliado, ou teste do pezinho plus. Porém esse exame não está disponível na rede pública.

Embora sejam situações raras, em alguns casos, há tratamento disponível, o que respalda a necessidade de um melhor diagnóstico. Essa é a maior dificuldade.
Na maioria dos casos, as alterações são inespecíficas, ou quando específicas, necessitam de exames complementares refinados e consequentemente caros, além de avaliação de especialistas com experiência em doenças metabólicas, como oftalmologistas, geneticistas, entre outros.

O congresso falou muito dos achados de ressonância magnética, ressonância com espectroscopia, com difusão, tractografia, entre outros exames que ajudam no diagnóstico destas situações tão devastadoras.

Esses exames além de difíceis de serem realizados na rede pública dependem muito do local onde é realizado, do profissional que lauda esses exames (pois se não é um profissional experiente e especializado, por vezes as alterações são sutis e passam despercebidas).


O ponto mais importante do congresso, em minha opinião, é nos lembrar que temos recursos no Brasil para realizar esses diagnósticos, não de forma acessível, porém essas doenças devem ser lembradas em crianças com doenças neurológicas progressivas, alterações sem explicação etiológica, casos familiares, doenças que envolvam vários órgãos ou sistemas. Nesses casos, nossa investigação de ser insistente e cuidadosa.

E vamos lutar para que cada vez mais esses exames estejam disponíveis a todos os pacientes. Um neurologista não deve desistir enquanto não acha uma boa explicação para o quadro clínico de seu paciente.

Um abraço! Boa semana!
Dra. Alessandra

domingo, 23 de outubro de 2011

COMPARTILHANDO O AMOR!


Essa semana, vou publicar o texto de uma amiga muito querida. Mãe prestimosa, profissional competente, escritora inspirada e um ser humano do bem. Aproveitem! Boa semana!
Dra Alessandra

Quem ensina amar?

Muito comumente as crianças narram cenas de violência, de conflitos escolares ou sociais, de desentendimentos. Neste momento de escuta raramente os pais se lembram de ensinar os filhos a conviver e mais raramente ainda se lembram de ensinar os filhos a amar.

Primeiramente vêm as questões pessoais, os egos insultados e a superprotecão. Qual o pai que diante de uma narrativa do filho de quem apanhou de um colega consegue questionar com ele qual era o cenário, o que havia acontecido anteriormente, o que poderia ter desencadeado tal atitude agressiva e, portanto errada?

O mundo prega a competição desenfreada, a busca pelos primeiros e melhores lugares, o “não levar desaforo para casa”. Diante desse cenário, cabe aos educadores, pais, professores, adultos ensinarem o diálogo, a conciliação, o esclarecimento, o aprendizado pelo erro e pelos limites.

Entretanto, alguns pais perdem ricas oportunidades educativas pois são nos momentos de conflito que a aprendizagem de convivência se faz presente.
Será que um pai que incentiva o filho a revidar um gesto agressivo de um colega está ciente do que está provocando na vida do filho? Será que quando um pai orienta ao filho não tolerar uma provocação está ciente de que está ensinando o filho não tolerar a vida conjugal, por exemplo, já que a vida a dois suscita dialogo, compreensão, conciliação e perdão?

Será que quando uma mãe diz a uma filha não aceitar desaforos está ciente de que está ensinando a filha a não tolerar um futuro filho adolescente no seu comportamento onipotente?

Sonhamos com filhos tolerantes, educados, conciliadores, gentis, mas nem sempre o educamos para agirem assim. Vivemos em um contexto competitivo, frio e às vezes até desumano e condenamos tudo isso. Porém, quando o assunto são nossos filhos, salvem-se quem puder porque estamos formando pequenos tiranos.

Alguns pais parecem que momentaneamente se esquecem de seus próprios valores em nome de um amor a um filho. O filho tudo pode e nada suporta. O filho não pode ser frustrado. Tal postura é preocupante!

Orientemos nossos pequenos pela ética, pelo diálogo, pelos limites jamais pela violência, pela vingança, pelo ódio. Amar também pode ser aprendido em um mundo que permite o desamor.

Todos nós pais, precisamos repensar nossas atitudes e nossos ensinamentos, afinal, quem vai educar para o amor? Quem ensinará nossos filhos a amar? Quem é responsável pela continuação de nossa humanidade? Nós, nós pais, nós adultos, nós educadores, formadores de gente que torcemos serem além de gente, humanos!
Ensinemos, então, o amor!

Adriane Albuquerque Cirelli
adrianepsicoped@terra.com.br

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!

Devo confessar que não gosto muito de datas festivas comerciais, tipo dia das mães, dos pais e até mesmo esse Natal tão comercial onde o foco principal é qual presente vou ganhar e em quantas listas de “amigos” secretos terei que entrar.
Porém acho que essas datas tem seu valor quando nos levam a pensar a respeito de nossas crianças.
Vi uma reportagem no jornal, que perguntava o que as crianças queriam ganhar de presente e a luta dos pais para convencê-las a levar algo mais barato. Telefones celulares, tablets eram palavras frequentes na boca de crianças cada vez mais jovens.
Acho interessante destacar dois pontos; o primeiro é a questão de valor. Dia das crianças é uma data simbólica. Se dermos um tablete de presente, o que sobra para o natal ou o aniversário, essas sim, datas mais significativas? As crianças de hoje (claro, que nós adultos temos responsabilidade nisto) estão perdendo a noção de valor. É a moda do quero sempre o mais caro agora!
O segundo ponto é o limite que damos aos nossos filhos. Um não firme, com amor, com certeza e especialmente, com firmeza é um ato de amor. Mais vale um jogo de cartas de 10 reais para se jogar em família que um tablete de R$2.000,00 para se brincar sozinho e abrandar a culpa de pais ausentes emocionalmente. E essa diferença quem ensina às crianças somos nós. E isso, mais que uma necessidade, é uma obrigação.
Atendo muitas crianças, cuja queixa dos pais é a intolerância à frustração. Dizer NÃO dá trabalho, gerenciar uma crie de birra sem ceder, dá muito trabalho, mas acreditem em mim, no futuro nos poupará de um trabalho muito maior.
Vamos então, usar esse dia das crianças para observar e pensar em que crianças estamos deixando para o mundo. E mais que um feliz dia das crianças, eu desejo de coração, crianças muito felizes e saudáveis. Não somente hoje, mas todos os dias.
Boa semana
Dra Alessandra

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

http://www.acessibilidadetotal.com.br/fique-tranquila-e-so-autismo/

Comer bem é um direito!

Problemas nutricionais são comuns em pessoas com necessidades especiais. A desnutrição proteico-calórica é frequente nesses indivíduos e necessita diagnóstico precoce e abordagem clínica adequada para evitar complicações como infecções de repetição.
Entretanto, nem só a desnutrição é um problema a ser observado, mas também o sobrepeso e a obesidade, condições que aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diminuindo a expectativa de vida destas pessoas.
A intervenção nutricional para recuperar um indivíduo desnutrido ou obeso considera tanto as necessidades imediatas do paciente como as possibilidades sociais, econômicas e emocionais do ambiente, bem como o desenvolvimento de um hábito alimentar saudável.
Mesmo que seja uma intervenção pontual, ela deve ser pensada em longo prazo, na medida em que o trabalho de educação nutricional efetivo é o que garantirá a permanência da recuperação nutricional.
A abordagem nutricional ajuda a diferenciar desnutrição primária e secundária e os diversos graus de obesidade e oferece orientações sobre ações educativas e alimentação saudável para o combate às alterações nutricionais.
Vejo muitas famílias alimentarem suas crianças com pouca variedade - praticamente só com leite (porque dá menos trabalho) ou só com alimentos industrializados, como doces, bolachas e salgadinhos (porque a criança aceita melhor), mas essa conduta em nada ajuda na vida da criança. Se oferecermos alimentos variados, bem preparados, se comermos essa mesma comida, e principalmente, se insistirmos em oferecer determinado alimento, a criança vai se acostumando a comer e a experimentar de tudo, sem preconceitos.
Associada a essa preocupação com a saúde da pessoa com deficiência, houve um grande avanço na área da Educação Física Adaptada, com a criação de programas de atividades físicas destinados as pessoas com necessidades especiais.
Programas estes, que, além da preocupação com a reabilitação procuram, cada vez mais, garantir uma melhor qualidade de vida, assim como uma maior integração das mesmas no esporte, no meio escolar e na sociedade como um todo.
Assim, garantir ao deficiente uma alimentação correta, rica em nutrientes, diversificada e a possibilidade de praticar exercícios físicos adaptados para sua condição é parte importante do tratamento, promovendo a saúde e evitando o aparecimento de doenças.
Como diz um sábio ditado da medicina chinesa: uma maça ao dia mantém o médico afastado!!
Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma conversa sobre Crise ou Convulsão Febril


Hoje vamos falar de um evento muito comum na infância e que apesar de apresentar uma boa evolução assusta muito à família – a crise ou convulsão febril.
É a forma mais comum de crise convulsiva ocasional ou provocada na infância, com incidência variando de 2 a 5% em crianças abaixo de 5 anos.
A crise febril ocorre em crianças na faixa etária de 6 meses a 5 anos de idade, neurologicamente normais e na ausência de infecção do sistema nervoso central (SNC).
A crise é caracteristicamente clônica ou tônico-clônica generalizada (aquela em que a criança “se bate”, vira os olhos e eventualmente fica “roxinha”), de curta duração – raramente a duração é maior que 5 minutos, sem déficits após a crise e sempre na presença de febre.
Fatores genéticos são importantes, já que entre 17 e 31% das crianças tem história familiar positiva para crise febril.
A febre responsável pela crise é geralmente alta (acima de 38,5oC) e as crises ocorrem no início do quadro febril.
O risco de recorrência é grande (30 a 35%) e torna-se maior nas seguintes situações:

• crianças cujo primeiro evento foi antes de 1 ano de idade
• história familiar positiva
• crise com temperatura abaixo de 40oC
• dois ou mais episódios de crise febril.
Cerca de 20% das recorrências ocorrem no ano seguinte a primeira crise.
O diagnóstico diferencial inclui infecção primária do SNC ( sendo a obtenção do Liquor – líquido da espinha, obrigatória em crianças fora da faixa etária para crise febril, com crise prolongada ou atípica), encefalite herpética e epilepsia desencadeada por febre.
O tratamento profilático é bastante controverso e, quando indicado pode ser contínuo ou intermitente.
O tratamento contínuo é feito com medicamentos para epilepsia como o fenobarbital ou valproato e o tratamento intermitente é feito com benzodiazepínico via oral ou retal durante o episódio febril.
O tratamento, tanto contínuo quanto intermitente, não previne a ocorrência de epilepsia na evolução, o que é raro.
Sendo a crise febril um evento benigno e com boa evolução na maioria dos pacientes, o tratamento só se justifica nos casos específicos, de acordo com a avaliação do especialista.
O prognóstico da crise febril é usualmente bom, 60-70% das crianças têm apenas um episódio e a maioria dos que recorrem tem 2 ou 3 crises. Somente cerca de 9% dos pacientes têm mais que 3 crises na vida.
Assim, embora seja assustador ver uma criança tendo crise, uma boa avaliação do neuropediatra e uma condução adequada da situação, fará deste evento apenas uma história para se contar no futuro.
Um abraço
Dra Alessandra

domingo, 18 de setembro de 2011

Vamos fazer arte?

Hoje vamos falar de um recurso terapêutico pouco conhecido, porém muito interessante e no qual diversão e reabilitação caminham juntas: a arteterapia!
Arteterapia é o termo que designa a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos. Esta é uma definição ampla, pois pressupõe que o processo do fazer artístico tem o potencial terapêutico, pois o paciente constrói uma relação que facilita a ampliação da consciência e do auto-conhecimento, possibilitando mudanças.
A arteterapia é um caminho através do qual cada indivíduo pode encontrar possibilidades de expressão para, através de técnicas e materiais artísticos, processar, elaborar e redimensionar suas dificuldades na vida.
(Trechos extraídos de Ciornai, S. "Percursos em Arteterapia", 2004)

A arte é um importante meio de expressão e comunicação. Nela a criança tem oportunidade de desenvolver aspectos físicos, cognitivos, emocionais, a percepção, a imaginação, coordenação viso-motora, a capacidade crítica, a auto estima e ainda ser enriquecedor e prazeroso.
O trabalho de arte-reabilitação tem como principal característica a construção da interface que se estabelece entre o universo da ciência e da arte.
A arteterapia utiliza recursos artísticos com finalidade terapêutica. É indicada para crianças de todas as idades, com diferentes diagnósticos, tais como: paralisia cerebral, deficiência mental e autismo, entre outros.
É explorando o universo da arte, de todas as possibilidades de fazer do processo artístico, que podemos desenvolver a cognição. O contato com diferentes materiais possibilitam novos jeitos de lidar com a deficiência, deixando novas energias fluírem para uma melhor qualidade de vida.
As dificuldades oriundas da deficiência não impedem de trabalhar gradativamente a criatividade de cada paciente através do pintar, desenhar, colar, construir, esculpir, dramatizar, cortar, rasgar, inventar, num contínuo e eterno ciclo.
A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila, cola, figuras, desenhos, recortes) tem como finalidade a mais pura expressão do verdadeiro eu da criança, não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em cada criação e explícito como resultado final.
Realizar arteterapia como um aspecto da reabilitação é importante, mas se essa terapia não é disponível onde a criança faz tratamento, brincar em casa com essas possibilidades, estimulando a criatividade com brincadeiras usando massinhas, tintas, desenhos ou outros recursos, além de terapêutico é um momento único de cultivar e aumentar o vínculo com a criança. Aproveitem!!
Um abraço
Dra Alessandra

sábado, 10 de setembro de 2011

A criança preguiçosa


É muito, mas muito frequente no meu dia a dia a queixa de que a criança é preguiçosa. Confesso a vocês que essa é uma frase que me irrita um pouco, especialmente quando a criança em questão tem alguma deficiência.

Eu não sei o que é ter que fazer uma força dobrada ou triplicada para mexer um membro que se recusa a ter qualquer movimento, não sei o que é ter que me movimentar com rodas ao invés de pernas, talvez por isso, eu tenha um respeito e uma admiração por crianças (ou adultos) que dentro de suas limitações, ultrapassam barreiras e façam esses movimentos de forma tão natural que chega a parecer fácil.

Parece, mas não é!

Uma criança com um lado do corpo parético, ou seja, com menos força muscular que o outro, tem dificuldades maiores que o movimento ou a força reduzida. Há alteração de equilíbrio, de balanço do corpo na marcha, de coordenação para a escrita. Enfim, nosso sistema nervoso é uma rede imbricada e complicada de neurônios onde uma alteração dita pequena pode causar dificuldades em várias funções.

Digo isso porque especialmente na infância onde tudo é novidade, onde todos os estímulos são instigantes, a preguiça raramente é uma realidade. Acredito em crianças mal estimuladas, mal recompensadas pelos seus esforços, pouco motivadas, mas não preguiçosas.

Colocar na criança a culpa por determinadas situações é não só injusto, mas cruel.

Estimular adequadamente nossos filhos, recompensá-los com elogios, abraços e carinhos. Viver o mundo deles, valorizando seus problemas e respeitando seus limites é o passo inicial para não termos crianças “preguiçosas”.

A medicina tradicional chinesa tem uma orientação muito interessante que ensina que crianças sem limites são crianças doentes. Portanto dizer não quando necessário com o mesmo amor que se diz um sim, ensinar coisas simples como respeito ao próximo e aos mais velhos é também um ato que previne doenças.

Assim, embora tente fortemente não tirar conclusões precipitadas, quando escuto uma mãe chamar o filho de preguiçoso, a primeira pergunta que passa pela minha cabeça é: quem é o preguiçoso? Criar um filho é uma opção para a vida toda que dá muito, MUITO, trabalho. Trabalho esse que só é comparável à alegria e a plenitude do amor incondicional por um filho.

Vamos refletir sobre isso?

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

FORUM DE NEUROCIÊNCIAS


Olha eu aqui, pontualmente, como era minha proposta inicial... rs.

O dia hoje foi lindo, ensolarado, o mar morno convidava ao ócio e ao relaxamento, mas firmemente fui animada para aula. E não me arrependi. As palestras foram muito boas.

Começamos o dia com o professor Jaderson Costa da Costa da PUC-RS nos brindando com os estudos com células-tronco. Muitos estudos e pesquisas em andamento, para nós neurologistas especialmente em epilepsia. Os estudos ainda são incipientes e sua utilização clínica ainda deve demorar alguns anos,porém são animadores.

A conclusão da aula foi que "o que acontece na China, fica na China"... rs, ou seja, o uso indiscriminado desse recuso sem base clínica e científica não é ético e nem resolutivo.

Seguimos com os convidados internacionais - o alemão Tobias Banascewski e a inglesa Katya Rubia - que nos brindaram com os avanços na neurobiologia e neuroimagem no TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e a boa notícia é que provavelmente em alguns anos teremos exames de imagem ajudando no diagnóstico e no tratamento deste transtorno.

À tarde, discutimos um caso clínico de TDAH com os palestrantes Paulo Knapp, Luis Rohde e os convidados internacionais.

E finalizamos com a brilhante palestra do Dr Diogo Lara, também do RS, com o enfoque em traços de personalidade como preditor de afecções psiquiátricas e melhor ainda, como um tratamento ou um manejo prévio para a prevenção de transtornos psiquiátricos.

A dica é o site www.temperamento.com.br

Chega lá, faça o teste e receba um perfil de sua personalidade e dicas de como lidar com ela.

Amanhã, mais um dia pleno de sol, mar e estudos!!


Bom final de semana

Dra Alessandra

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

TEMPOS CORRIDOS


Tento, verdadeiramente, ser organizada!! Ter um rotina mínima, não deixar as coisas passarem numa velocidade maior que minha capacidade de observá-las. Todos aqueles conselhos que compartilho com vocês neste espaço eu realmente tento colocar em prática.

Entretanto, às vezes isso não funciona como eu gostaria. Minha proposta pessoal é postar pelo menos uma vez na semana,mas nesses últmos meses, não tenho conseguido. Estive em férias e a volta é cruel. Como se todo o trabalho ficasse paradinho me esperando voltar. Em parte isso é real, já que sou a única neuro na maioria dos locais onde trabalho.

Mas aprendi que sem pressa e sem me culpar por esse momentos, eu volto a me organizar, porque o mais importante nesse processo é não perder o foco e as minhas prioridades. E relaxar quando as coisas não saem exatamente como eu quero.

Difícil?? MUITO! Um exercício de tolerância e humildade, onde às vezes me saio bem, em outras nem tanto!!

Semana passada estive em Manau para dar aula e aproveitei para conhecer aquela cidade linda e quente e aquela natureza exuberante, que me renovou.

Hoje estou num lugar lindo, com uma natureza paradisíaca, pronta para dois dias intenso de aulas e atualização em TDAH. Animada com sempre e com a proposta pessoal de compartilhar com vocês todas as novidades!

Vamos torcer para funcionar!! E ter paciência, caso não aconteça!!

Essa é minha proposta: vamos aproveitar o dia de hoje, estabelecer metas básicas e dar o espaço necessário ao improviso. Eu estou tentando!!!


Bom final de semana

Um abraço

Dra Alessandra

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Qualidade de Vida: um aspecto importante a ser observado na infância

Qualidade de vida (QV) é um conceito ligado ao desenvolvimento humano. É a percepção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais se insere e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

É um amplo conceito de classificação, afetado de modo complexo pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, relações sociais, nível de independência e pelas suas relações com as características mais relevantes do seu meio ambiente.

Não significa apenas que o indivíduo ou o grupo social tenham saúde física e mental, mas que esteja(m) de bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas queridas, enfim, é estar em EQUILIBRIO.

Também para garantir uma boa qualidade de vida, há que se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter tempo para diversão e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem, que tragam boas conseqüências, como usar o humor pra lidar com situações de stress, definir objetivos de vida e, o principal, sentir que tem controle sobre a própria vida.

Entretanto, o fator mais impactante na avaliação da QV de um indivíduo é a sua percepção subjetiva de bem estar, ou seja, a pessoa tem que se sentir bem e em equilíbrio.

Assim um bom emprego, uma vida familiar estável e bens materiais são parte importante desse contexto. Vale à pena salientar que diversão e descanso tem papel igual ou maior nesta avaliação.

A prática regular de esportes, uma alimentação balanceada, um tempo pessoal próprio livre de compromissos são ingredientes essenciais para uma boa QV.

Considera-se um modelo de avaliação de QV aquele que engloba quatro esferas de vida: a esfera global (sociedade e macro-ambiente), a esfera externa (condições sócio-econômicas), a esfera interpessoal (estrutura e função do apoio social) e a esfera pessoal (condições físicas, mentais e espirituais).

Embora seja um conceito subjetivo e complexo, este deve ser pensado e aplicado desde a infância.

A criança deve satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança, necessidades relacionadas com a afetividade, a auto-estima e a realização de objetivos.

A percepção infantil sobre qualidade de vida requer muitos fatores. As crianças são sujeitas a mudanças, sendo influenciadas por eventos cotidianos e problemas crônicos. Para as crianças bem estar pode significar o quanto seus desejos e esperanças estão próximos do que acontece.

Brincando, praticando esportes, dedicando-se a uma atividade gostosa e sem cobranças, a criança educa sua sensibilidade para apreciar seus esforços e tentativas, descobre o prazer de atingir objetivos, elevando sua auto-estima.

A participação da família é essencial para as descobertas da criança, para que ela se sinta segura e amada, respeitada em suas necessidades e para que descubra o mundo, amparada por quem ela mais confia.

Assim, ter um tempo para brincar com seus filhos, não submetê-los a uma agenda exaustiva, estar tranqüilo com a sua vida é um passo importante para ter uma vida de qualidade para você e seus filhos, e principalmente, pensar a respeito e não perder do foco a necessidade de caminhar em direção a essas conquistas.

Isso exige disciplina e boa vontade, mas é realmente possível.


Um abraço

Dra Alessandra

terça-feira, 12 de julho de 2011

FÉRIAS, MERECIDAS FÉRIAS

Nada como uns dias de descanso. Passei a última semana viajando em férias. Tempo para refrescar as idéias, conhecer outras realidades, enfim, recarregar a bateria.

E embora eu saiba que uma semana é pouco tempo, tirar um momento para mim, de todos os empregos, é uma novidade muito bem vinda no meu “projeto qualidade de vida”...

Mas confesso que desligar totalmente de tudo é muito difícil. A vida é tão corrida que quando paramos um pouco, fica tudo meio lento demais. Mas não desisti! Mantive-me firme no propósito de desacelerar e lá pelo terceiro dia, já estava adaptada a esse novo ritmo.

E assim descansada voltei ao trabalho e à correria diária com a certeza que ter um tempo para nós mesmos é fundamental no dia a dia, mas tirar um tempo maior e de preferência sair de casa para aproveitá-lo é de grande importância também para o trabalho.

Pensar na própria vida, rever e redefinir metas para o segundo semestre, fazer um balanço do semestre que passou, são atitudes que me organizam internamente e que fazem com que eu me mantenha firme nos meus propósitos.

E agora de volta à vida útil, vamos retomar os artigos no blog e as respostas às dúvidas que vocês compartilham comigo.

Um abraço e boa semana
Dra Alessandra

quinta-feira, 9 de junho de 2011

EPILEPSIA: Mitos e Verdades

Hoje vamos conversar sobre uma situação cercada de dúvidas e especialmente de preconceitos: a Epilepsia.

A epilepsia é uma condição clínica que afeta cerca de 1-2% da população, sendo que a faixa etária mais acometida é a infantil (abaixo dos dois anos) seguida dos idosos (acima de 65 anos). Há discreto predomínio masculino.

Apesar de freqüente, muito ainda se tem de preconceito em relação à doença. E a maior parte deste preconceito advém da falta de conhecimento sobre o assunto.

A epilepsia é uma condição que tem em comum a presença de crises epilépticas ou convulsivas recorrentes na ausência de condição tóxico-metabólica ou febril. A crise epiléptica é causada por descargas elétricas cerebrais anormais excessivas e transitórias das células nervosas. O sintoma da crise depende da área cerebral envolvida. A crise tem inicio súbito e cessa espontaneamente ou quando muito prolongada com uso de medicação. Alterações de humor, stress ou outras condições emocionais não são responsáveis pelo início das crises.

O pricipal sintoma da epilepsia é a crise epiléptica. Esta pode ser grosseiramente dividida em parcial – que se origina em áreas do cérebro restritas ou localizadas- ou generalizada – caracterizada por descargas neuronais síncronas provenientes de ambos os hemisférios. A crise generalizada chamada tônico-clônica é a mais freqüentemente reconhecida, pois é aquela onde o indivíduo, cai no chão, se `debate` (movimentos clônicos), às vezes `baba`(sialorréia) e pode ou não haver liberação de esfíncter (fazer xixi ou evacuar na calça). Embora essa seja a forma de crise mais reconhecida, ela não é a única e nem é mais ou menos grave. A gravidade da epilepsia geralmente está ligada à causa desta, ou seja, a doença de base, e não ao tipo de crise propriamente dita.

Quanto à causa da epilepsia, esta depende da idade do paciente e do tipo de crise. As causas adquiridas mais comuns são, em crianças, hipóxia ou asfixia neonatal (falta de oxigênio ao nascimento), traumatismo craniano, distúrbios metabólicos, mal formação cerebral e infecções (meningites, encefalites).

Em crianças maiores e adolescentes a epilepsia idiopática ou primária (familiar).
Na idade adulta temos as epilepsias idiopáticas, traumatismos cranianos, abuso de álcool e outras substâncias tóxicas, tumores cerebrais e AVCs. Doenças parasitárias como a neurocisticercose (proveniente da larva da solitária) são causas comuns em nosso meio.

O diagnóstico da doença é dado principalmente pelo quadro clínico. O primeiro passo é definir pela anamnese se o episódio é ou não de origem epiléptica. O diagnóstico da epilepsia é essencialmente CLÍNICO!

O exame complementar mais importante é o eletrencefalograma (EEG), porém este pode ser normal em 30-40% dos pacientes epilépticos num primeiro exame. O EEG deve ser realizado em sono e despertar, preferencialmente sob privação de sono e com registro mínimo de 20 minutos.

O vídeo-EEG é um exame usado para melhorar a caracterização das crises epilépticas, necessário somente em alguns casos.

Exames de neuroimagem (Tomografia ou Ressonância) são importantes para afastar crises sintomáticas com lesão cerebral. Outros exames dependem da avaliação médica especializada.

Quanto ao tratamento, o prognóstico é bom ou excelente na maioria dos casos, porém a evolução vai depender do tipo de epilepsia (síndrome epiléptica). Cerca de 50-70% dos casos evoluem para a cura após 2 a 4 anos de tratamento.

O tratamento pode ser medicamentoso (remédios anti-epilépticos) e cirúrgico (casos lesionais ou refratários).

Embora a maioria das crises ocorra ao acaso, de modo inesperado, em alguns tipos de síndromes epilépticas podem ocorrer fatores desencadeantes de crises, tais como luzes piscando, privação de sono, ingestão de drogas e álcool, situações estressantes graves, período menstrual, entre outros.

É importante salientar que no momento da crise, devemos somente proteger o paciente, virando-o de lado para que não se engasgue caso apresente sialorréia (baba excessiva). Não devemos tentar abrir a boca, puxar a língua ou enfiar qualquer material na boca da pessoa.

A epilepsia é uma doença crônica, não contagiosa e com boa resposta ao tratamento na grande maioria dos casos. O início desta situação é muito desconfortável para a família e principalmente para o paciente, ainda mais se este for criança, por isso é importante conhecer a respeito e saber que na maioria dos casos, a epilepsia tem um impacto muito pequeno na vida desta criança. Não vai prejudicar inteligência, rendimento escolar, personalidade ou comportamento. Um seguimento profissional especializado, disciplina e seriedade no tratamento e logo logo esse evento não passará de uma história para contar.



Um abraço

Dra Alessandra

terça-feira, 31 de maio de 2011

O papel de pai e de mãe

Olá a todos! Quanto tempo né? É que ando realmente meio sem tempo...
Vou postar para vocês o texto do meu orientador Dr Francisco Assumpção Jr. que é psiquiatra infantil e tem o site psiquiatriainfantil.com.br
Vale a pena dar uma passada lá!!!

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DE PAI E MÃE

Francisco Baptista Assumpção Jr*

i) NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A CRIANÇA

Você já parou para se perguntar sobre o quanto é difícil ser pai e mãe e, em consequência, cuidar de alguém totalmente dependente de você? Não? Então vejamos:

LEMBRE-SE: A criança é um indivíduo em uma fase mais primitiva de desenvolvimento que as pessoas adultas e por isso, tem que ser vista a partir de sua ótica e não da ótica do adulto, que é o responsável. Isso porque se é viável para o adulto descer até ela, é impossível para ela pensar como alguém adulto.

Assim, se ele tem maiores dificuldades em compreender, você não deve deixar de conviver ou de brincar com seu filho achando que ele não entende. Pelo contrário, favoreça esse contato.

Você pensa que seu filho não perceberá sua participação, porém ele se beneficiará, não só socialmente, mas também pelos estímulos que ele receberá e pelos papéis sociais que ele aprenderá com e a partir de você.

E aí vem a pergunta: todas as crianças são iguais? Claro que não! Em primeiro lugar porque são pessoas diferentes e como tal devem ser tratadas e em segundo lugar porque seu grau de compreensão também é diferente conforme sua idade.

Você já deve ter escutado mil coisas sobre a criança, a maior parte delas bobagens, fruto do conhecimento vulgar, divulgadas como se fossem verdades absolutas.

Não se preocupe muito com isso pois essas coisas costumam ter um valor muito relativo e só interessam como curiosidade pois ter filhos não significa saber cuidar deles.

Mas, A criança deve ser vista dentro de seu ambiente e, em consequência, apresentar demandas diferentes que requerem atitudes e cuidados muito diferentes.

LEMBRE-SE BEM: Essas considerações são sempre gerais, não são estáticas e imutáveis e,por isso, você não deve desanimar no que se refere ao cuidado com a criança e, muito menos, achar que você sabe tudo uma vez que seus pais, e antes deles seus avós, já cuidavam dos filhos. Essas considerações são sempre gerais, não são estáticas e imutáveis e,por isso, você não deve desanimar no que se refere ao cuidado com a criança e, muito menos, achar que você sabe tudo uma vez que seus pais, e antes deles seus avós, já cuidavam dos filhos.

Ser pai e ser mãe leva, obrigatoriamente, à reflexão constante sobre o que se faz, como como se faz e para quem se faz uma vez que, as crianças, como já dissemos, são totalmente difere diferentes umas das oudas outras...

Outra pergunta muito comum quando se refere a algum problema que a criança apresenta é: de quem é a culpa pelo que está acontecendo? Saiba que, na maior parte das vezes, ninguém tem culpa, e quando existe uma responsabilidade sobre o fato, essa é familiar uma vez que existem muitos fatores que interferem no comportamento infantil.

Assim, existem condutas suas que se refletirão nas atitudes da criança e que se reverterão contra ela própria e contra a família.

Isso porque existem fatores que ocorrem durante a própria vida da criança como perdas, problemas educacionais e outros que se refletem em suas condutas. Por isso, como cuidar dela?

Uma criança é um organismo em desenvolvimento, e por isso, pode ser facilmente afetado. Assim, merece muitos cuidados.

Quando você não souber o que fazer procure informar-se com quem sabe. Um médico pediatra pode ser o profissional mais fácil de ser procurado. Quando for possível, um psicólogo ou um psiquiatra de crianças também são excelentes alternativas.

Veja, não é tão difícil pois "uma criança" precisa de coisas que todas as crianças precisam: afeto, carinho, atenção...


ii) A FAMÍLIA E A CRIANÇA

A família é uma organização única, célula básica da sociedade; é também uma unidade de troca, onde os valores são amor, proteção, segurança, bens materiais e informação.

Toda criança é produto de muitos fatores recíprocos. O sucesso da criança vai depender do ajustamento dos pais e de suas habilidades para prover os filhos e suas próprias necessidades pessoais.

A compreensão do potêncial de qualquer criança é função dos pais ao acompanharem seu crescimento e desenvolvimento. Cabe também aos pais a exploração das aptidões inatas e depende da força constante e do apoio que a criança recebe seu bom aproveitamento. Para conduzir bem esse trabalho os pais devem reduzir ao mínimo os conflitos emocionais pois os ajudará a aumentar a reciprocidade entre eles e a criança. Os pais de crianças com alguma dificuldade às vezes precisam de ajuda para evitar seus conflitos, ansiedades e frustrações.

LEMBRE-SE: O bom ambiente familiar é fator importante no desenvolvimento sadio das crianças.

A criança precisa ser socializada para não ficar em desvantagem com as outras pessoas; nesse processo de socialização ela deve ser olhada como um indivíduo único. Todas as suas necessidade biológicas e psicossociais estão interligadas e sofrem transformações à medida que criança cresce.

Sem ajuda e apoio dos pais a socialização será muito mais difícil. Para ela, o estímulo, a motivação e o afeto dos pais é imprescindível para uma boa orientação. A criança precisa formar um bom conceito de si mesmo, sentindo-se aceito.

O aprendizado do comportamento social adequado começa no lar, com a família, sendo os pais os responsáveis pela educação informal. Os estímulos dados e as respostas emitidas devem estar unidos para que o comportamento possa ser fortalecido ou enfraquecido.

LEMBRE-SE: Confie no seu filho que ele responderá adequadamente. Todas as pessoas respondem bem a confiança depositada nelas.

A criança precisa ser disciplinada e essa necessidade é decisiva. Esse princípio de disciplina precisa vir dos pais. Não é bom criar o seu filho com indulgência pois este fator o diferenciaria dos outros filhos. Para estimula-lo no seu desenvolvimento, como pessoa independente e auto-suficiente, precisamos dar-lhe condições para ser responsável. Como pais, temos que preparar a criança para a sociedade competitiva.

Os pais devem ensinar desde cedo a seus filhos o princípio da autoridade. Esse aprendizado facilita a interrelação das pessoas, pois quando há respeito há bom relacionamento.

LEMBRE-SE: Você é responsável pelo bom ajustamento de seu filho na sociedade ampla.

A família não deve esquecer-se que, dependendo de sua maneira de tratálas, as crianças são levadas a se desvalorizarem. Depende dos pais passar a seus filhos um bom conceito de si. Um saudável conceito de si mesmo aparecerá com certeza se a criança tiver seu desenvolvimento encaminhado corretamente, isto é, da dependência para uma independência cada vêz maior. Mesmo que a criança tenha problemas, suas dificuldades serão abrandadas se for adquirindo um autoconceito favorável.

LEMBRE-SE: Ajudar a criança a desenvolver uma auto-imagem favorável é decisivo para sua vida. Colabore.

As crianças precisam ter autoconfiança e o passo inicial para isso é a sua aceitação, da maneira como ela é, acreditando no seu valor e na sua possibilidade de progredir. Se ela se aceitar estará facilitando a sua adaptação social. Cabe à família ajudar as crianças a reconhecerem seu valor, fazendo-as compreender que são desejadas e amadas. Para os pais passarem isso precisam ter claro para si, buscando aceitação do filho como ele é, lidando com as suas limitações e ajudando-os a conseguir o que podem fazer. O respeito é fundamental nas relações assim como a preocupação com os sentimentos; a avaliação criteriosa das possibilidades levará essas crianças a terem mais segurança no mundo. É função da família mostrar à criança um mundo seguro.


iii) O BRINCAR INFANTIL

Durante o primeiro ano de vida , a criança brinca basicamente com seu próprio corpo a partir da necessidade de reconhecê-lo e diferenciá-lo das outras pessoas. Assim, surgem jogos repetitivos com as mãos e pés, bem como atividades ritualísíicas de balanceies de corpo e cabeça.

Ao final do segundo ano, entretanto, ela passa a fazer aquilo que chamamos de jogos de imitação onde experimenta atividades que irá desenvolver mais tarde, "copiando" atos do cotidiano. Assim, é muito frequente que, ao chegarmos em casa, encontremos o filho deitado, de olhos fechados e que, ao ser questionado, responda que "está fingindo que está dormindo".

Até este momento, a utilização de material lúdico é sempre com características sensoriais e, praticamente, sem significado.

Com o advento da função simbólica, a partir da qual a criança é capaz de representar através de um símbolo, um fato, um objeto ou uma pessoa, ela passa a ter aquilo que chamamos de jogo simbólico onde além de reproduzir, também "corrige" atitudes e atividades do cotidiano. Dessa maneira, quando uma menina de 3-4 anos de idade, diz à sua boneca para ir dormir senão apanha e, após uma pausa, continua dizendo que "como ela foi boazinha, poderá assistir mais um pouco de TV", ela não somente está reproduzindo as atitudes da mãe na primeira parte do diálogo, como está alterando essa conduta de forma que lhe seja tolerável.

Como as noções de real e imaginário ainda não estão definidas, o brincar serve para que ela adapte sua vontade às exigências sociais.

Nesse momento, o processo de socialização ainda se encontra em fase de estruturação, e as crianças brincam uma ao lado da outra, com pequena interação e com os jogos ocorrendo de forma paralela e sem regras. São típicos desse período os jogos com os quais a criança brinca isoladamente sem grandes interações interpessoais.

Ao redor da idade escolar, entre 6 e 7 anos de idade, o panorama se delineia de maneira diferente, com os jogos se estruturando de modo concreto, definindo-se regras que são um treinamento para o convívio social e, também são de caráter construtivo, uma vez que a sua capacidade lhe permite transformar um projeto bidimensional ( planta de um carrinho ou de uma casinha) em um objeto tridimensional real e concreto.

Assim, neste momento as brincadeiras já mostram uma adequação bem grande, com as regras sendo claras e obedecidas. É fácil se observar isso quando vemos um grupo de garotos de 8 anos jogar futebol, divididos em dois times e respeitando as regras conhecidas do jogo. Da mesma maneira, brinquedos como o Lego ou outros jogos de montar são bastante interessantes uma vez que permitem à criança o desenvolvimento de sua criatividade e de sua imaginação.

Os brinquedos representam um elemento importante do universo infantil, servindo para que a criança interaja, através dele, com seu universo criando-o simultaneamente.

Brinquedos muito sofisticados, bonitos ou caros não são, obrigatoriamente, os melhores para isso, e muitas vezes a criança prefere utilizar material não estruturado, como sucata, com o qual imagina jogos e objetos que lhe servirão para essa construção. Assim, mesmo sabendo que apesar de toda a publicidade, a criança só utilizará por mais tempo (depois de passada a curiosidade da descoberta) brinquedos que realmente tenham a ver com seu desenvolvimento, não podemos esquecer que o brincar é algo muito sério que possibilitará o desenvolvimento e à adequação da criança com seu ambiente social e familiar.


iv) BRINCANDO COM SEU FILHO

temos nenhuma identificação (pois são coisas de crianças) e que executamos porque faz parte do nosso papel de pai ou mãe.

O brincar, paralelamente ao fazer parte do universo infantil, se constitue em uma das poucas formas que a criança possue para se relacionar e para manifestar seus desejos, fantasias, medos e expectativas.

Concomitantemente, o adulto ao brincar retorna ao seu universo infantil e com isso revive episódios muitas vezes esquecidos e mal elaborados que produzem ansiedade ou tristeza, isso sem contar que, a partir de uma educação predominantemente pragmática, somos ensinados que "brincar" se constitue em perda de tempo uma vez que corresponde a uma atividade não produtiva.

Assim, cada vez mais a relação adulto-criança vai se distanciando, restringindose a capacidade de comunicaçõa entre ambos os grupos e a possibilidade do desenvolvimento da criatividade da criança. Isso porque ao brincar estabelece-se um diálogo imaginário onde são subvertidas as normas e regras do cotidiano estabelecendo-se uma relação onírica que transcende os simples papéis educativos presentes no relacionamentos pais-filhos.

Dessa forma, além de simplesmente cumprir o papel de pais, ao brincar com seus filhos de maneira livre e criativa, possibilita-se uma relação de afeto onde ambos os participantes aprendem a se conhecer no mais íntimo de seu ser independentemente das normas previamente estabelecidas e dos rituais que permeiam as relações familiares.

Mais que isso, é possibilitar à criança a chance de um crescimento saudável que lhe permita tornar-se um adulto mais criativo e consciente de suas possibilidades.


v) ALFABETIZAÇÃO PRECOCE

É bastante frequente observarmos crianças com 5-6 anos de idade, encaminhadas pela escola ao médico com queixa de "problemas de aprendizado" que, quando verificados, mostram-se como a dificuldade da criança em aprender a ler e escrever.

Isso nos traz a necessidade de uma reflexão profunda pois se, por um lado, uma sociedade pragmática e competitiva como a nossa demanda uma série de pré-requisitos que façam dessa criança alguém mais adaptado, por outro lado também nos leva a pensar nas reais possibilidades dessa criança.

Isso porque não podemos esquecer que, embora o investimento ambiental que é feito sobre a criança seja de extrema importância, uma vez que ela se constitui num ser de extrema plasticidade, existe o, assim chamado, “equipamento” genéticoconstitucional com o qual a criança nasce e que segue leis de desenvolvimento razoavelmente estudadas.

Durante essa fase de 2 a 6 anos de idade, a criança encontra-se em período préoperatório de desenvolvimento, no qual começa a realizar operações mentais, sem ainda condições, usualmente, de desenvolver um aprendizado acadêmico tradicional uma vez que não possui atenção estruturada para tal da mesma maneira que condições de inteligência que lhe permitam compreender os mecanismos necessários para a alfabetização.

Claro que nem todas as crianças se desenvolvem de maneira igual; dentro de uma mesma família podemos ter uma criança que aprende a ler mais cedo enquanto o irmão, dentro também dos padrões de normalidade, só vai conseguir aprender ao redor dos 7 anos.

Assim, o processo de alfabetização, mais do que decidido através de determinações das escolas, deve ser verificado a partir dos interesses e das possibilidades da criança, não devendo ser considerada como condição básica de seu desenvolvimento.


vi) A QUESTÃO DA INTIMIDADE ENTRE PAIS E FILHOS

Ao redor dos 3-4 anos de idade a criança, por seu desenvolvimento cognitivo, inicia a explorar seu próprio corpo visando estabelecer sua própria identidade sexual e, consequentemente, seu próprio papel sexual, com significado eminentemente social.

Paralelamente a essa auto-exploração, estabelece-se uma exploração em relação ao corpo do outro, quer seja de idade semelhante à sua, quer seja adulto. Dessa maneira, quando a criança nessa idade procura um familiar pedindo para tomar banho junto, em verdade procura inicialmente motivos para conhecer seu corpo e o do outro.

Entretanto, o adulto ao ser indagado, traz consigo uma série de valores éticos e morais, adquiridos no passar dos anos que, são normalmente, difíceis de ser enfrentados. O fato de ser questionado pela criança não implica que ele deva ceder e, com isso, desrespeitar seus valores e suas convicções.

O negar-se a proporcionar tais situações não implica obrigatoriamente em dificultar o desenvolvimento da criança, da mesma maneira que permiti-las não garante um melhor desenvolvimento.

Mais importante do que as questões relacionadas a permissividade maior ou menor é a necessidade de coerência na educação infantil, coerência essa que para ser mantida deve respeitar o sistema de valores da própria família, da mesma forma que deve adequar gradativamente a conduta infantil à sociedade na qual a criança se insere. Assim, a intimidade entre pai e filha nessa idade deve considerar os valores paternos, o desenvolvimento da criança e a adequação social, sem, é claro, ignorar-se que esse relacionamento deve sempre ser pautado pelo respeito mútuo e pela defesa da criança que, em hipótese alguma, deve ser levada à práticas ou atitudes que podem prejudicá-la.

Em caso de dúvidas, a conduta mais adequada é a conservadora, aquela que não oferece à criança nenhuma possibilidade de que venha a ser abusada ou mesmo, mal orientada pelo adulto.

A sua defesa, como ser em desenvolvimento, deve se constituir no fator básico de preocupação de pais e educadores.


*Psiquiatra Infantil. Professor Livre Docente pela Faculdadede Medicina da USP. Professor Associado do Instituto de Psicologia da USP




Projeto Distúrbios do Desenvolvimento do Laboratório de Saúde Mental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP)

Um abraço
Dra Alessandra

quinta-feira, 28 de abril de 2011

UM NOVO DIA

Essa semana faleceu um colega de profissão. Não éramos muito chegados, mas trabalhamos na mesma sala por 4 anos, ou seja, era alguém relativamente próximo. Um cara jovem (uns 5 ou 6 anos mais velho que eu... MUITO JOVEM), praticava esportes, com um filho adolescente. Infartou. Fulminante! Já chegou morto ao hospital.

Essas coisas assustam. E muito. A brevidade da vida, a proximidade de fatos inusitados e tristes nos faz pensar em nossa própria vida. Retomo então um assunto que abordei um tempo atrás, que é o que fazemos por nós? Como vivemos nossa vida?

Hoje estava lendo o post de uma amiga, a Tatiane, que escreve no blog Mãe, Mulher, Médica (vejam no link) em que ela falava desta correria desenfreada em que não achamos tempo para nada, tentamos bancar as heroínas (ou heróis) que trabalham muito, estudam muito, entendem de tudo e consegue fazer tudo. A pergunta é: qual o preço disso? Enxaqueca, ansiedade, depressão, irritabilidade, noites mal dormidas, vidas mal vividas!

Por isso, volto a insistir no nosso tempo. Fazer um tempo para nós mesmos. Claro, exige renúncia, desapego, mas é fundamental.

Esse ano, na minha listinha de ano novo, estava ter tempo para mim. Reduzi minha carga de trabalho e abri um tempo meu, onde me proibi de colocar qualquer atividade que não seja contemplar meu jardim e regar minhas flores. Uma tarde inteirinha! Quem me conhece sabe o quanto isso é difícil. Foi uma luta, entre culpas e renúncias, mas sigo ferrenhamente disciplinada em manter esse espaço para mim.

Outra resolução que venho mantendo é não me aborrecer com coisas que não valham a pena. Fiz uma lista de coisas que valem a pena. O resto.... eu deixo passar.

E assim vamos vivendo, aprendendo, trocando experiência, correndo atrás desse fantástico equilíbrio. Tão difícil, tão possível!! O importante é viver com consciência. Escolhas conscientes, estar presente em nossas próprias vidas. Erros ocorrem e fazem parte do crescimento, mas a caminhada tem que ser alegre, porque não sabemos onde é o fim da estrada.


Sejam felizes.

Um abraço

Dra Alessandra

quinta-feira, 31 de março de 2011

ACUPUNTURA EM CRIANÇAS

Embora seja uma medicina muito antiga, as práticas chinesas só alcançaram a faixa etária pediátrica na Dinastia Song (960-1279) e os textos pediátricos proliferaram após 1949, pois a saúde das crianças sofreu muito pelos problemas sociais e econômicos da china. Como em toda a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), os cuidados pediátricos têm um caráter preventivo e integram vários aspectos: Físico e mental: ausência de doença. Ambiental: ajustamento ao ambiente. Pessoal e emocional: auto-realização pessoal e afetiva. Sócio-ecológico: comprometimento com a igualdade social e com a preservação da Natureza. O corpo da criança na visão da MTC apresenta uma constituição mole, Qi e Xuê insuficientes, tendões e vasos insuficientemente formados, espírito não desenvolvido e baixa resistência corporal. Ou seja: CUIDADOS INADEQUADOS PODEM CAUSAR DOENÇA! Algumas peculiaridades da criança também são observadas, lembrando sempre que os órgãos são vistos de acordo com sua função energética e não sua função fisiológica ocidental: O Baço e o Yin da criança são freqüentemente insuficientes; os órgãos são frágeis e suaves; o Qi facilmente sai do seu caminho. Crianças adoecem facilmente e sua doença rapidamente torna-se séria, por outro lado, seus órgãos e vísceras são claros e vivos, rapidamente recuperam a saúde. É preciso tratar da mãe para tratar da criança. Esses são preceitos básicos da MTC para aplicação na pediatria. Não há contra-indicação para o uso de agulhas em crianças, porém culturalmente nossas crianças e principalmente, as famílias, apresentam restrições ao agulhamento. A técnica que mais utilizo nas crianças é a fitoacupuntura, onde colocamos sementes com propriedades fitoterápicas no acuponto, para realização de um duplo estímulo, tanto o da acupuntura, quanto o da fitoterapia. Na próxima semana exploraremos mais o assunto a vou mostrar algumas experiências positivas que venho observando com esta técnica.
Boa semana. Um abraço.

Dra Alessandra

quarta-feira, 16 de março de 2011

CUIDANDO DE QUEM CUIDA

Hoje, diferente do que geralmente faço, vamos falar da atenção as mães, pais, avós, irmãos e outras pessoas que se dedicam ao cuidado das crianças com alguma deficiência.

Achei interessante falar neste assunto, pois semana passada atendi uma criança que conheço desde o nascimento (ela está com 9 anos) e mal reconheci a mãe. Uma moça jovem, que tem menos de 30 anos, mas com aparência de pelo menos 10 anos a mais, emagrecida e com um aspecto realmente cansado.

Perguntei como ela estava e ela me respondeu o que estava na cara: Nossa Doutora! Estou muito cansada. Minha vida é correr de lá para cá em médicos e terapias, laudos, escolas, remédios... Enfim uma vida de compromissos!

Curiosa, fiz uma pergunta: e o que você faz para você? Tipo ir ao cinema, passear sozinha, ir ao salão de beleza, essas coisas. Ela deu risada e respondeu: Ah, desde que minha filha nasceu, não faço mais nada!

Aquela resposta me tocou profundamente por dois pontos: Primeiro, sei (e sei bem) que uma criança com necessidades especiais, ainda mais no caso dela que a filha é dependente para tudo, realmente dá muito trabalho e consome um tempo enorme. Entretanto não podemos esquecer que há um ser humano por trás da figura do responsável que tem necessidades também, que precisa de uma vida além da criança, até para poder dar seu melhor à criança.

E segundo, as situações neurológicas da infância são geralmente crônicas, ou seja, vão acompanhar a criança boa parte, ou a vida toda. Então é necessário que a família se organize para viver com essa realidade e não viver somente essa realidade.

Outro ponto que acho importante é que a gente aprenda a pedir ajuda. Ao pai da criança (que tem as mesmas responsabilidades da mãe), avós, tios, vizinhos. Quanto maior a rede que for construída em torno dessa criança, menos ela vai ser um peso na vida daquele responsável sobrecarregado. Se essa for uma rede de amor, aí então, ela só tem a ganhar.

Pedir ajuda a alguém é, além de um exercício de humildade, um exercício de tolerância, já que o outro pode não cuidar da mesma forma que nós cuidamos (Cuidado mamães!! Pois nós mães achamos que só NÓS cuidamos direito dos nossos filhotes), mas qualquer cuidado que venha com amor e boa vontade vai, com certeza, dar certo e fazer bem.

E uma vez resolvido isso, vá sem culpa, ao parque, ao cinema, à igreja, namorar seu marido, seu namorado, arrumar um namorado, enfim viver a sua vida, pois esse é um direito de todos nós.

Sejamos felizes!
Um abraço
Dra Alessandra

quarta-feira, 2 de março de 2011

Intervenção Precoce é um trabalho sensacional!!

Olá!! Quanto tempo!! Parece que o ano já começou agitado! Mas vamos colocando as coisas em dia com calma.

Esta semana, quero comentar a experiência do nosso grupo de intervenção precoce, que carinhosamente apelidamos de grupo de “bebês”.

Ele é composto por bebês que nasceram no Hospital de Cotia e que apresentaram alguma intercorrência durante o parto ou logo após, como prematuridade, falta de oxigênio ao nascer (Anóxia Neonatal), convulsão ao nascimento ou meningite neste período e que vem para um seguimento de rotina com a equipe do centro de reabilitação.

Eles passam em avaliações mensais ou bimestrais de acordo com a necessidade e orientamos desde exercícios de estimulação motora e alimentar, até a compra de brinquedos, músicas e passeios externos. Quando observamos alguma alteração no desenvolvimento, a criança é precocemente encaminhada à reabilitação.

A equipe conta comigo como médica, com uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional, uma fonoaudióloga e ao final das consultas (em torno do primeiro ano de vida), realizamos uma avaliação e orientação inicial da odontologia.

O grupo é pareado por idade cronológica (ou seja, de nascimento), e vemos no máximo cinco crianças por atendimento.

Hoje foi um dia inusitado, pois vimos duas situações distintas em que o grupo mostra sua validade e importância. Duas meninas que nasceram com 15 dias de diferença e ambas com peso abaixo de 1kg.

A maiorzinha, que está com 10 meses, é umas das nossas menores crianças, foi uma prematura extrema e nasceu com cerca de 600g. Está com 10 meses (7 meses de idade corrigida) e muito, muito fofa, com exame normal para a idade corrigida, esperta, sorridente. Uma família ótima e uma mãe que seguiu todas as orientações de estimulação.

A outra, com 9 meses, vem apresentando uma evolução ruim, com atraso importante (foi um caso mais grave, que teve sangramento na cabeça e hidrocefalia, necessitando de cirurgia), mas percebido desde sua chegada ao grupo com 4 meses. Já está em reabilitação e vem evoluindo lentamente, embora de forma consistente.

Tenho certeza que essa seria uma criança que chegaria a um centro de reabilitação por volta dos seus 2 ou 3 anos de idade, com um atraso imenso e um tempo precioso perdido.

E como criança é tudo de bom, as duas como boas “amigas de infância”, brincaram juntas, sorriram e dentro de suas possibilidades interagiram de forma plena. E na saída, a pequerrucha nos brindou com um “tchau” recém aprendido e ainda meio desengonçado, que levou à mãe às lágrimas, pois realmente são pequenas guerreiras desde sempre!!

Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Autismo: Tratamento

Embora não haja tratamento medicamentoso específico para o autismo, ou seja, não vamos usar um remédio que vai “curar” a situação, muito se pode colaborar com medicamentos nos quadros do espectro autista.

Devemos ter em mente que o tratamento dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD) envolve uma abordagem múltipla:

  • Intervenções psicossociais:
    a) com a família
    b) com a criança / adolescente
    c) com a escola
  • Intervenções psicopedagógicas, psicoterapêuticas, reabilitação interdisciplinar
  • Intervenções farmacológicas

Os exames complementares só serão necessários para investigar uma possível situação de base que cause os sintomas.

Neste contexto, os medicamentos serão úteis no controle de alguns sintomas do TGD e de algumas comorbidades (outras doenças que aparecem junto com o transtorno, como a epilepsia).

Os principais sintomas que podem requerer uma abordagem farmacológica são as estereotipias, a agressividade, a irritabilidade e a agitação psicomotora. A decisão de medicar ou não esses sintomas dependerá do impacto destes na vida da criança ou do adolescente.

Medicamentos como os anti-depressivos, os anti-psicóticos e até mesmo os anti-epilépticos são os mais utilizados.

A epilepsia quando presente deve ser tratada da mesma forma que quando aparece sem o TGD, porém, às vezes podemos escolher a medicação já visando melhorar outros sintomas ou realizar associações que ajudem em vários aspectos do quadro, para introduzir o mínimo possível de medicamentos.

A evolução do paciente autista é variável e depende primordialmente do investimento familiar, escolar e da equipe de saúde, porém sem uma família continente, que entenda as orientações e as coloca em prática, que respeita os limites da criança ou adolescente, não há boa evolução.

A maior parte dos autistas tem boas condições de se desenvolver, de aprender coisas novas e se tornar um adulto independente e produtivo. Basta acreditar!!

Um abraço

Dra Alessandra

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um passeio muito especial

Quero compartilhar mais uma bela história com vocês!!

Essa semana a mãe de uma paciente minha, chamaremos de J. telefonou para contar uma ótima novidade!!

Eu adoro quando as pessoas me telefonam para contar coisas boas, pois geralmente quando meu telefone toca é porque as coisas não vão muito bem...

J. tem diagnóstico de Doença de Tay-Sachs, que é uma doença rara, genética (autossômica recessiva) resultante da deficiência de uma enzima chamada hexosaminidase A.

Clinicamente, uma criança com Doença de Tay-Sachs desenvolve-se normalmente até nos primeiros meses de vida, quando lentamente ocorre perda da visão periférica e regressão gradual das funções neurológicas. Pacientes com Tay-Sachs infantil vêm a óbito geralmente antes dos cinco anos de idade e não há tratamento disponível até o momento.

Pois bem, minha princesa é uma guerreira, pois já está com 7 anos e contrariando as expectativas, segue bem viva!! Tem uma série de dificuldades, vive restrita ao leito, respira com suporte de aparelhos e se alimenta por sonda.

A mãe de J., que também é um ser humano pra lá de especial, tem como objetivo curtir a filha o máximo possível, dando-lhe qualidade de vida, amor e carinho incondicionais.

Esse fim de ano, elas viajaram para o litoral. Munidas de um aparato hospitalar, home-care e toda segurança possível, lá foi a família curtir a praia.

J. foi colocada na piscina com o pai, no mar para sentir as ondas batendo nas suas perninhas, tomou sol, enfim, curtiu á vida e a mãe me ligou para contar de um evento específico.

Uma tarde, elas estavam passeando, J. em sua cadeira de rodas, meio longe de casa, quando começou a chover e a mãe juntamente com a enfermeira correram em busca de um abrigo. Subiram a ladeira até em casa, esbaforidas, tentado com um guarda-chuvas protegê-la um pouco mais, e quando finalmente chegaram à garagem de casa, J. estava SORRINDO!!! Sorrindo muito, como há alguns anos ela não fazia.

A mãe fez questão de dizer que a primeira pessoa que ela se lembrou foi de mim (chego a ficar arrepiada) porque eu sempre insisto que J. pode perceber mais do que aquilo que nós percebemos. Que todo estímulo é bem-vindo pois não sabemos o que ela entende, mas alguma coisa ela sempre entende, mesmo em condições mais graves.

A palavra deve ser dita com cuidado perto dela, o carinho deve ser expresso de várias formas, porque alguma coisa ela vai entender.

E é nisso que eu acredito, que toda estimulação é boa e gera frutos visíveis ou não. Não é porque não enxergamos algo que ele não existe.

Ganhei meu dia, até porque quando ela surgiu com essa idéia, todo mundo disse que era loucura, mas um pouco de loucura faz muito bem à vida!!!

Uma semana de boas loucuras!!
Um abraço
Dra Alessandra

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

WORKSHOP DE VERÃO: Transtornos do Espectro Autista

No próximo sábado nos reuniremos com profissionais da saúde na USP para discutir o autismo.

Nosso grupo, que vai ministrar o curso, é formado por profissionais de várias áreas da saúde (Psiquiatras da infância e adolescência, neuropediatras, psicólogas, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional) e nosso maior objetivo é, além de estudar e pesquisar os distúrbios do desenvolvimento (autismo, dificiencia intelectual, TDAH), atender esses pacientes dentro de um modelo diagnóstico descritivo, ou seja falar à esses pais qual o diagnóstico do seu filho, como chegamos a isso e o que fazer à partir daí.

A orientação familiar, o conhecimento da patologia e sua história natural, a adequação das expectativas familiares e dos próprios profissionais (da saúde e especialmente da educação) é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida dessas crianças e adolescentes e a primeira abordagem terapêutica.

O autismo não tem um tratamento medicamentoso específico, ou seja, não há um remédio que “cure” o autismo, porém abordagens psico-educacionais associada à medicação quando necessária, para minimizar alguns sintomas, levam a uma evolução satisfatória.

O profissional deve ter a responsabilidade e a coragem de dizer à família o que a criança tem e sem fazer previsões mirabolantes, dar uma expectativa de evoluções possíveis dentro de determinado tempo.

Algumas vezes, a família não está pronta para ouvir, ou não aceita essa realidade e tem todo o direito de buscar outras opiniões. A medicina não é uma ciência exata, cada paciente é único, portanto passar por outras avaliações é saudável, desde que se escolha o que fazer e não passe anos rodando de serviço em serviço à espera de uma resposta que se adeque às expectativas familiares.

Eu vou falar de terapia medicamentosa e semana que vem , posto para vocês um resumo da minha aula e abordo ainda, o prognóstico.

Ah, e o evento ainda terá um ótimo efeito secundário... Já está lotado e a inscrição é a doação de brinquedos para montarmos nossa brinquedoteca!!
Acessem o site
http://disturbiosdodesenvolvimento.yolasite.com e vejam informações sobre o curso de pais que começará no próximo mês.

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Autismo: Vamos conhecer e entender melhor!!!

Situação muito frequente nos dias de hoje, creio eu, porque estamos diagnosticando mais e melhor, o autismo é uma subcategoria dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD).

Os TGD são um grupo de situações clínicas caracterizadas por prejuízo na interação social, prejuízo na comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses, atividades.

O autismo é o transtorno de desenvolvimento mais conhecido, porém nesta categoria se encontram ainda a Síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo do desenvolvimento e a Síndrome de Rett.

Não pode ser definido simplesmente como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem a deficiência intelectual associada ao quadro. A etiologia do autismo (sua causa) é variada, podendo ser causado por síndromes genéticas ou neurológicas ou não ter uma causa definida, quando é classificado como autismo primário.

Entre as etiologias mais frequentes do autismo, encontramos: Infecções intra-útero, como a rubéola e a toxoplasmose congenitas, a Síndrome de Willians, a Síndrome do X-frágil, a Esclerose tuberosa e algumas doenças metabólicas como a Fenilcetonúria.

Várias situações podem aparecer em comorbidade com o autismo, tais como a epilepsia, a deficiência intelectual, entre outros.

O diagnóstico é clínico baseado no DSM-IV cujos critérios estão listados à seguir:

A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois de (1), e um de cada de (2) e (3).

1. Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois dos seguintes itens:
a. destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a interação social.
b. dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o nível de comportamento.
c. falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse.
d. ausência de reciprocidade social ou emocional.

2. Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes itens:
a. atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de compensação através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas.
b. em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas.
c. ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento.

3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens:
a. obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que seja anormal tanto em intensidade quanto em foco.
b. fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais não funcionais específicos.
c. hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos.
d. obsessão por partes de objetos.

B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade:
1. interação social.

2. linguagem usada na comunicação social.
3. ação simbólica ou imaginária.

C. O transtorno não é melhor classificado como transtorno de Rett ou doença degenerativa infantil.

O diagnóstico deve ser feito pelo médico especialista qualificado para tal e os exames complementares são recomendados para investigação etiológica e devem ser realizados à critério do médico.

Na próxima semana abordaremos o tratamento e o prognóstico do autismo.

Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....