terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Autismo: Tratamento

Embora não haja tratamento medicamentoso específico para o autismo, ou seja, não vamos usar um remédio que vai “curar” a situação, muito se pode colaborar com medicamentos nos quadros do espectro autista.

Devemos ter em mente que o tratamento dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD) envolve uma abordagem múltipla:

  • Intervenções psicossociais:
    a) com a família
    b) com a criança / adolescente
    c) com a escola
  • Intervenções psicopedagógicas, psicoterapêuticas, reabilitação interdisciplinar
  • Intervenções farmacológicas

Os exames complementares só serão necessários para investigar uma possível situação de base que cause os sintomas.

Neste contexto, os medicamentos serão úteis no controle de alguns sintomas do TGD e de algumas comorbidades (outras doenças que aparecem junto com o transtorno, como a epilepsia).

Os principais sintomas que podem requerer uma abordagem farmacológica são as estereotipias, a agressividade, a irritabilidade e a agitação psicomotora. A decisão de medicar ou não esses sintomas dependerá do impacto destes na vida da criança ou do adolescente.

Medicamentos como os anti-depressivos, os anti-psicóticos e até mesmo os anti-epilépticos são os mais utilizados.

A epilepsia quando presente deve ser tratada da mesma forma que quando aparece sem o TGD, porém, às vezes podemos escolher a medicação já visando melhorar outros sintomas ou realizar associações que ajudem em vários aspectos do quadro, para introduzir o mínimo possível de medicamentos.

A evolução do paciente autista é variável e depende primordialmente do investimento familiar, escolar e da equipe de saúde, porém sem uma família continente, que entenda as orientações e as coloca em prática, que respeita os limites da criança ou adolescente, não há boa evolução.

A maior parte dos autistas tem boas condições de se desenvolver, de aprender coisas novas e se tornar um adulto independente e produtivo. Basta acreditar!!

Um abraço

Dra Alessandra

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um passeio muito especial

Quero compartilhar mais uma bela história com vocês!!

Essa semana a mãe de uma paciente minha, chamaremos de J. telefonou para contar uma ótima novidade!!

Eu adoro quando as pessoas me telefonam para contar coisas boas, pois geralmente quando meu telefone toca é porque as coisas não vão muito bem...

J. tem diagnóstico de Doença de Tay-Sachs, que é uma doença rara, genética (autossômica recessiva) resultante da deficiência de uma enzima chamada hexosaminidase A.

Clinicamente, uma criança com Doença de Tay-Sachs desenvolve-se normalmente até nos primeiros meses de vida, quando lentamente ocorre perda da visão periférica e regressão gradual das funções neurológicas. Pacientes com Tay-Sachs infantil vêm a óbito geralmente antes dos cinco anos de idade e não há tratamento disponível até o momento.

Pois bem, minha princesa é uma guerreira, pois já está com 7 anos e contrariando as expectativas, segue bem viva!! Tem uma série de dificuldades, vive restrita ao leito, respira com suporte de aparelhos e se alimenta por sonda.

A mãe de J., que também é um ser humano pra lá de especial, tem como objetivo curtir a filha o máximo possível, dando-lhe qualidade de vida, amor e carinho incondicionais.

Esse fim de ano, elas viajaram para o litoral. Munidas de um aparato hospitalar, home-care e toda segurança possível, lá foi a família curtir a praia.

J. foi colocada na piscina com o pai, no mar para sentir as ondas batendo nas suas perninhas, tomou sol, enfim, curtiu á vida e a mãe me ligou para contar de um evento específico.

Uma tarde, elas estavam passeando, J. em sua cadeira de rodas, meio longe de casa, quando começou a chover e a mãe juntamente com a enfermeira correram em busca de um abrigo. Subiram a ladeira até em casa, esbaforidas, tentado com um guarda-chuvas protegê-la um pouco mais, e quando finalmente chegaram à garagem de casa, J. estava SORRINDO!!! Sorrindo muito, como há alguns anos ela não fazia.

A mãe fez questão de dizer que a primeira pessoa que ela se lembrou foi de mim (chego a ficar arrepiada) porque eu sempre insisto que J. pode perceber mais do que aquilo que nós percebemos. Que todo estímulo é bem-vindo pois não sabemos o que ela entende, mas alguma coisa ela sempre entende, mesmo em condições mais graves.

A palavra deve ser dita com cuidado perto dela, o carinho deve ser expresso de várias formas, porque alguma coisa ela vai entender.

E é nisso que eu acredito, que toda estimulação é boa e gera frutos visíveis ou não. Não é porque não enxergamos algo que ele não existe.

Ganhei meu dia, até porque quando ela surgiu com essa idéia, todo mundo disse que era loucura, mas um pouco de loucura faz muito bem à vida!!!

Uma semana de boas loucuras!!
Um abraço
Dra Alessandra

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....