domingo, 22 de março de 2015

Terapia ABA. Vamos conhecer e entender!

Texto da psicóloga, especialista em terapia ABA, da clínica Vivere, Ana Luiza Roncati. 

Vamos aprender mais sobre essa terapia?

A terapia ABA é a terapia com abordagem analítico comportamental. ABA é a sigla para o nome, em inglês, de Applied Behavior Analysis, traduzindo: Análise do Comportamento Aplicada. 

Trata-se de uma intervenção terapêutica e educacional para questões socialmente relevantes baseada em uma abordagem científica chamada análise do comportamento. Portanto, de uma abordagem que pode ser usada em qualquer ambiente e com qualquer tipo de indivíduo, desde que socialmente relevante, como hospitais, empresas e clínica. 

A palavra aplicada é somada a analise do comportamento, pois o surgimento de tal linha teórica não foi no campo da prática clínica, mas sim em laboratório com pesquisas sobre o funcionamento básico do comportamento humano com Burrhus Frederic Skinner. 

A partir, então, da linha teórica construída a partir de estudos básicos é que foi se formando o campo da aplicação de tais princípios. 

Nos últimos anos, porém, a terapia ABA tem mostrado resultados significativos na intervenção com indivíduos com desenvolvimento atípico, entre eles o autismo. Por isso, tem se tornado um modelo de referência para o tratamento de crianças e adultos com tais diagnósticos. 

Os primeiros dados de eficiência de tal intervenção foram mostrados em 1987 por Lovaas. No artigo publicado, os dados mostraram que 47% das crianças que realizaram Terapia ABA por 40 horas semanais durante dois anos deixaram de mostrar comportamentos típicos do autismo. Com um grupo controle, que não recebeu a terapia, apenas 2 % das crianças obtiveram ganhos comportamentais semelhantes. 

Por se tratar de uma intervenção baseada em uma abordagem científica, todas as estratégias são fundamentadas em resultados de estudos de grande rigor científico. Ainda assim, cada indivíduo é único e essa singularidade é sempre considerada no planejamento de cada intervenção. 

O plano de intervenção é sempre altamente individualizado, mesmo que planejada para um contexto de grupo.

O foco da intervenção é construir uma ampla variedade de habilidades importantes no ambiente social da pessoa, como fala, conteúdos acadêmicos e comportamentos sociais e também diminuir problemas de comportamento que dificultem a interação com o mundo a sua volta.

O primeiro passo da intervenção é sempre a avaliação. A partir de relatos das pessoas mais próximas e de observações do indivíduo em ambientes arranjados e naturais, a equipe terá dados sobre o repertório comportamental daquela pessoa, o que inclui habilidades já apresentadas que devem ser mantidas, habilidades deficitárias que precisam ser desenvolvidas e também comportamentos disruptivos que devem diminuir. Tal avaliação pode ser realizada de forma mais lúdica e menos estruturada ou com protocolos já existentes no mercado, como por exemplo o VB-MAPP (The Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program) de Mark Sundeberg ou ainda o ABLLS-R (The Assessment of Basic Language and Learning Skills – Revised), desenvolvido por James Partington. Independente do método escolhido para avaliação, é importante que a criança seja observada em diferentes ambientes e com diferentes pessoas. Por isso, é bastante comum uma visita do psicólogo a escola em que a criança estuda.


A partir dessa avaliação, será elaborado um PEI: Plano de ensino individual. Trata-se de um documento com metas de curto, médio e longo prazo a serem alcançadas, em termos de repertório comportamental e estratégias que serão utilizada para tal ensino. 

Um exemplo de repertório comportamental que pode fazer parte de um PEI, por exemplo, é aumentar o repertório de fala da criança. Ao longo de todo o processo, avaliações constantes são realizadas para garantir os resultados e renovação de estratégias sempre. Nesse trabalho, existe um tripé de parceria fundamental para o alcance das metas: equipe, família e escola. A participação e interação entre essas pessoas é essencial para alinhar as metas, ou seja, para que todos almejem os mesmos objetivos e também para que todos tenham atitudes semelhantes diante dessas crianças. Regras claras e comportamentos parecidos por parte dos cuidadores otimiza os resultados da intervenção. Por esse motivo, é bastante comum que a criança seja atendida em mais de um ambiente, como por exemplo, clínica, escola e casa. Além disso, sessões de orientações de pais são parte da intervenção, pois é necessário que todo o ambiente da criança se engaje nas estratégias traçadas.

O objetivo maior da Terapia ABA é sempre tornar o indivíduo o mais autônomo possível para que, no futuro, possa aprender e interagir de forma independente de adaptações e ajudas profissionais.



terça-feira, 17 de março de 2015

Epilepsia e Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) - Conhecendo esta associação

Falar de epilepsia e TEA e mais ainda da associação entre essas condições é um trabalho árduo e esse texto não tem, de forma alguma, a pretensão de esgotar um assunto tão amplo e tão diverso.


Tanto a epilepsia quanto os TEA são categorias amplas de situações clínicas, com uma grande diversidade nos quadros clínicos e várias etiologias (ou causas) envolvidas, portanto a abordagem deste texto será mais genérica, sem nos aprofundarmos na peculiaridade de cada diagnóstico.


A incidência de epilepsia em pacientes com TEA é maior que na população geral e essa associação foi mencionada já na descrição do autismo por Kanner na metade do século passado. A prevalência de epilepsia nesses pacientes varia de 7,6 a 28% em diferentes estudos sugerindo que o autismo por si só aumentaria o risco de ocorrência da epilepsia.


Por outro lado uma incidência maior de autismo é também observada em populações de epilépticos, sugerindo assim uma provável base neurobiológica comum. Embora não haja ainda o conhecimento de qual paciente com epilepsia tem maior risco de apresentar também o TEA, em alguns diagnósticos específicos, como por exemplo, a esclerose tuberosa, a presença tanto de epilepsia, quanto de TEA é muito maior que na população geral.


Não há ainda como predizer quais crianças com autismo vão desenvolver epilepsia e qual o grau de cognição, alterações comportamentais e outras características clínicas serão mais afetados.


É importante salientar que a epilepsia pode acarretar problemas adicionais no desenvolvimento, na aprendizagem, no comportamento e na qualidade de vida das crianças com TEA, portanto seu correto diagnóstico e tratamento deve sempre chamar a atenção da equipe da saúde.


Uma pequena porcentagem de casos de TEA aparece como comorbidade de condições neurológicas ou genéticas já bem estabelecidas, e estes frequentemente apresentam-se associados com epilepsia, tais como a síndrome do X-frágil, a Esclerose Tuberosa, a Síndrome de Angelman e a duplicação do cromossomo 15.


É de extrema importância salientar que o eletroencefalograma (EEG) não é um parâmetro para o diagnóstico de TEA e só deve ser solicitado quando há suspeita de epilepsia. Por outro lado, crianças epilépticas, quando apresentarem características clínicas compatíveis com TEA, devem ser avaliadas por profissionais especializados no assunto para um melhor diagnóstico e tratamento.


Um abraço

Dra Alessandra




Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....