terça-feira, 17 de março de 2015

Epilepsia e Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) - Conhecendo esta associação

Falar de epilepsia e TEA e mais ainda da associação entre essas condições é um trabalho árduo e esse texto não tem, de forma alguma, a pretensão de esgotar um assunto tão amplo e tão diverso.


Tanto a epilepsia quanto os TEA são categorias amplas de situações clínicas, com uma grande diversidade nos quadros clínicos e várias etiologias (ou causas) envolvidas, portanto a abordagem deste texto será mais genérica, sem nos aprofundarmos na peculiaridade de cada diagnóstico.


A incidência de epilepsia em pacientes com TEA é maior que na população geral e essa associação foi mencionada já na descrição do autismo por Kanner na metade do século passado. A prevalência de epilepsia nesses pacientes varia de 7,6 a 28% em diferentes estudos sugerindo que o autismo por si só aumentaria o risco de ocorrência da epilepsia.


Por outro lado uma incidência maior de autismo é também observada em populações de epilépticos, sugerindo assim uma provável base neurobiológica comum. Embora não haja ainda o conhecimento de qual paciente com epilepsia tem maior risco de apresentar também o TEA, em alguns diagnósticos específicos, como por exemplo, a esclerose tuberosa, a presença tanto de epilepsia, quanto de TEA é muito maior que na população geral.


Não há ainda como predizer quais crianças com autismo vão desenvolver epilepsia e qual o grau de cognição, alterações comportamentais e outras características clínicas serão mais afetados.


É importante salientar que a epilepsia pode acarretar problemas adicionais no desenvolvimento, na aprendizagem, no comportamento e na qualidade de vida das crianças com TEA, portanto seu correto diagnóstico e tratamento deve sempre chamar a atenção da equipe da saúde.


Uma pequena porcentagem de casos de TEA aparece como comorbidade de condições neurológicas ou genéticas já bem estabelecidas, e estes frequentemente apresentam-se associados com epilepsia, tais como a síndrome do X-frágil, a Esclerose Tuberosa, a Síndrome de Angelman e a duplicação do cromossomo 15.


É de extrema importância salientar que o eletroencefalograma (EEG) não é um parâmetro para o diagnóstico de TEA e só deve ser solicitado quando há suspeita de epilepsia. Por outro lado, crianças epilépticas, quando apresentarem características clínicas compatíveis com TEA, devem ser avaliadas por profissionais especializados no assunto para um melhor diagnóstico e tratamento.


Um abraço

Dra Alessandra




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