Texto da psicóloga, especialista em terapia ABA, da clínica Vivere, Ana Luiza Roncati.
Vamos aprender mais sobre essa terapia?
A terapia ABA é a terapia com abordagem analítico
comportamental. ABA é a sigla para o nome, em inglês, de Applied Behavior
Analysis, traduzindo: Análise do Comportamento Aplicada.
Trata-se de uma
intervenção terapêutica e educacional para questões socialmente relevantes
baseada em uma abordagem científica chamada análise do comportamento. Portanto,
de uma abordagem que pode ser usada em qualquer ambiente e com qualquer tipo de
indivíduo, desde que socialmente relevante, como hospitais, empresas e clínica.
A palavra aplicada é somada a analise do comportamento, pois o surgimento de
tal linha teórica não foi no campo da prática clínica, mas sim em laboratório
com pesquisas sobre o funcionamento básico do comportamento humano com Burrhus
Frederic Skinner.
A partir, então, da linha teórica construída a partir de
estudos básicos é que foi se formando o campo da aplicação de tais princípios.
Nos últimos anos, porém, a terapia ABA tem mostrado resultados significativos
na intervenção com indivíduos com desenvolvimento atípico, entre eles o
autismo. Por isso, tem se tornado um modelo de referência para o tratamento de
crianças e adultos com tais diagnósticos.
Os primeiros dados de eficiência de
tal intervenção foram mostrados em 1987 por Lovaas. No artigo publicado, os
dados mostraram que 47% das crianças que realizaram Terapia ABA por 40 horas
semanais durante dois anos deixaram de mostrar comportamentos típicos do
autismo. Com um grupo controle, que não recebeu a terapia, apenas 2 % das
crianças obtiveram ganhos comportamentais semelhantes.
Por se tratar de uma intervenção baseada em uma abordagem científica, todas as
estratégias são fundamentadas em resultados de estudos de grande rigor científico.
Ainda assim, cada indivíduo é único e essa singularidade é sempre considerada
no planejamento de cada intervenção.
O plano de intervenção é sempre altamente
individualizado, mesmo que planejada para um contexto de grupo.
O foco da intervenção é construir uma ampla variedade de habilidades
importantes no ambiente social da pessoa, como fala, conteúdos acadêmicos e
comportamentos sociais e também diminuir problemas de comportamento que
dificultem a interação com o mundo a sua volta.
O primeiro passo da intervenção é sempre a avaliação. A partir de relatos das
pessoas mais próximas e de observações do indivíduo em ambientes arranjados e
naturais, a equipe terá dados sobre o repertório comportamental daquela pessoa,
o que inclui habilidades já apresentadas que devem ser mantidas, habilidades
deficitárias que precisam ser desenvolvidas e também comportamentos disruptivos
que devem diminuir. Tal avaliação pode ser realizada de forma mais lúdica e
menos estruturada ou com protocolos já existentes no mercado, como por exemplo
o VB-MAPP (The Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program) de
Mark Sundeberg ou ainda o ABLLS-R (The Assessment of Basic Language and
Learning Skills – Revised), desenvolvido por James Partington. Independente do
método escolhido para avaliação, é importante que a criança seja observada em
diferentes ambientes e com diferentes pessoas. Por isso, é bastante comum uma
visita do psicólogo a escola em que a criança estuda.
A partir dessa avaliação, será elaborado um PEI: Plano de
ensino individual. Trata-se de um documento com metas de curto, médio e longo
prazo a serem alcançadas, em termos de repertório comportamental e estratégias
que serão utilizada para tal ensino.
Um exemplo de repertório comportamental
que pode fazer parte de um PEI, por exemplo, é aumentar o repertório de fala da
criança. Ao longo de todo o processo, avaliações constantes são realizadas para
garantir os resultados e renovação de estratégias sempre. Nesse trabalho, existe
um tripé de parceria fundamental para o alcance das metas: equipe, família e
escola. A participação e interação entre essas pessoas é essencial para alinhar
as metas, ou seja, para que todos almejem os mesmos objetivos e também para que
todos tenham atitudes semelhantes diante dessas crianças. Regras claras e
comportamentos parecidos por parte dos cuidadores otimiza os resultados da
intervenção. Por esse motivo, é bastante comum que a criança seja atendida em
mais de um ambiente, como por exemplo, clínica, escola e casa. Além disso,
sessões de orientações de pais são parte da intervenção, pois é necessário que
todo o ambiente da criança se engaje nas estratégias traçadas.
O objetivo maior da Terapia ABA é sempre tornar o indivíduo
o mais autônomo possível para que, no futuro, possa aprender e interagir de
forma independente de adaptações e ajudas profissionais.
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