domingo, 27 de abril de 2014

Conhecendo a Integração Sensorial

Por Caroline Piotto
Terapeuta Ocupacional da Clínica Vivere, 
Especialista em Terapia Ocupacional no contexto Hospitalar (Santa Casa), 
Especialista em terapia de mão pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (USP). 
Terapeuta Ocupacional  infantil da AACD- Osasco. 
Experiência nos métodos Bobath, IS, Therapy Taping e International Dynamic Taping. 

1) Como se define Integração Sensorial (IS)?

R.: Habilidade do cérebro de processar e organizar toda a informação que recebe através dos sentidos e preparar uma resposta adequada ao estimulo recebido. Segundo Ayres (1989), define IS como: “ o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente e torna possível a utilização do corpo dentro do contexto ambiental. Os aspectos espaciais e temporais da informações recebidas de diferentes modalidades sensoriais são interpretados, associados e unificados. Integração sensorial é o processo da informação.”

2) Quais as sensações que recebemos?

R.: A sensações que recebemos são: táteis, auditivas, olfatórias, visuais, somestésica e gustativa.

3) O que é disfunção de Processamento sensorial? Como isso ocorre?

R.: A disfunção de modulação sensorial pode ser definida como problemas no ajuste e processamento das mensagens neurais que carregam informações sobre intensidade, freqüência, duração, complexidade e novidade de estímulos sensoriais. Na modulação sensorial, os processos neurofisiológico envolvidos são a habituação e a sensibilização, que ocorrem de acordo com o limiar neurológico de cada individuo, ou seja, de acordo com a quantidade de estímulos necessários para o sistema nervoso reagir.
O de habituação ocorre quando o indivíduo apresenta alto limiar neurológico, ocorre muita habituação, diminuem as transmissões sinápticas e o indivíduo responde de forma lenta ou até mesmo apática. Em contrapartida, poderão ser observados comportamentos de busca de estímulos, na tentativa de ampliar suas experiências sensórias acrescentando inputs de movimentos, toques e sons (hiporreação).
O de sensibilização ocorre quando o indivíduo apresenta baixo limiar neurológico, ocorre muita sensibilização, rápido disparo das transmissões sinápticas, gerando comportamentos de irritabilidade, excitabilidade, ansiedade ou de fuga daquele estímulo (hiper-reação).

4) Como a IS contribui para o desenvolvimento neuropsicomotor?

R.: Ela contribui para que o cérebro organize as informações recebidas e dê uma resposta adequada. Se a criança desde de pequena não receber informações sensoriais importantes de forma clara e concisa, isso pode afetar o seu desempenho neuropsicmotor.

5) Quem realiza esse tratamento?

R.: O tratamento é realizado por Terapeutas Ocupacionais ou profissionais com curso de especialização, que avaliam a criança através de observações clínicas, entrevistas com a família e testes, e conseqüentemente desenvolvem um programa individualizado composto de atividades de movimento e estimulação sensorial com orientação familiar e/ou escolar. A terapia ocupacional usa a integração sensorial como estrutura de vários tipos de planos de intervenção, promovendo senso de direção, permitindo um contexto dentro do brincar e facilitando respostas adaptativas nas áreas motora, social, afetiva e cognitiva.

6) Qual a população que se beneficia desse tratamento?
R.: Crianças com distúrbio do desenvolvimento como, autismo, paralisia cerebral, síndrome do X frágil, deficiência auditiva, deficiência intelectual, prematuros, exposição a drogas durante o período pré-natal, deficiência visual entre outros.

7) Quais os lugares onde pode ser aplicada a IS além do consultório e casa??

R: Pode ser aplicada também na escola, quinze minutos antes das aulas promovendo um bom rendimento acadêmico, interação social, aumento da atenção/alerta, concentração, memória e interesse.  O desfio sempre na medida certa promovendo a segurança emocional e física da criança. Tem do terapeuta um incentivo constante, reforço positivo e o ambiente sempre seguro, limpo e organizado.


Alguns sinais de problemas na integração sensorial:
1. Falta de força e tônus muscular, o que pode resultar em má postura e fadiga.
2. Má consciência espacial e desenvolvimento pobre da percepção de posição, resultando em insegurança durante os movimentos.
3. Falta de coordenação entre os dois lados do corpo. A criança pode ficar desajeitada e confusa quando as duas mãos precisam trabalhar em conjunto, como para atividades de cortar ou escrever.
4. Falta de coordenação entre os olhos e o corpo, de modo que há uso ineficaz de informação visual para auxiliar no desempenho de ações.
5. Atenção de curta duração. A criança geralmente tem dificuldade em focar nas tarefas que precisa fazer.
6. Lentidão ao desempenhar ou aprender tarefas motoras novas, uma vez que precisa pensar sobre cada movimento que faz. Desajeitada, bate-se nas coisas ou cai muito parecendo não ver os obstáculos no caminho.
7. Comportamento hiperativo; a dificuldade em concentração faz com que perceba todas as coisas ao mesmo tempo e não consiga se concentrar em uma só.
8. Sentido tátil mal desenvolvido, fazendo com que não goste de ser tocada, tenha dificuldade em aprender sobre a forma e textura das coisas. Por outro lado, pode não perceber seu espaço pessoal e tocar demais as pessoas, chegar perto demais.
9. Criança extremamente difícil para se alimentar: só come comidas com um certo tipo de textura, ou na mesma temperatura.
10. Apresenta medo excessivo, isola-se
11. Dificuldade em graduar a força que precisa para manipular objetos ou tocar as pessoas.
12. Problemas em usar e entender linguagem, resultando em problemas na fala, leitura e escrita. Problemas na articulação da fala sem razão aparente.


terça-feira, 22 de abril de 2014

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMORBIDADE

Comorbidade é a presença ou associação de duas ou mais doenças no mesmo paciente. Deriva do latim “cum” à contigüidade, correlação, companhia e "morbus“ que  designa estado patológico ou doença. É a coexistência de transtornos ou doenças no mesmo indivíduo.

Várias situações clínicas predispõe a ocorrência de outras em associação. Por exemplo, a frequência de epilepsia em indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA) é bem maior que na população geral. Assim como a presença de TEA e outros transtornos psiquiátricos nos pacientes com paralisia cerebral (PC). Na PC temos ainda outras comorbidades bastante frequentes, como a deficiência intelectual e a epilepsia.

Em algumas situações como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade a presença de comorbidades é muito frequente e eventualmente, a ocorrência pura do transtorno é até menos observada do que associado a outras condições.  

É de extrema importância a investigação e o diagnóstico das comorbidades, especialmente nos casos onde o quadro clínico é duvidoso ou a resposta ao tratamento não é satisfatória.

Conhecer as situações clínicas mais comumente associadas e realizar o correto diagnóstico é fundamental para um bom planejamento terapêutico.

É sempre importante salientar que procuramos ativamente por um menor número de diagnósticos que expliquem a queixa clínica, mas a presença de outras situações clínicas associadas não devem trazer angústia ou aumentar as preocupações e sim melhorar o tratamento e a qualidade de vida.

Um abraço
Dra Alessandra

"comorbidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/comorbidade.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Transtornos do Espectro do Autismo

Vamos novamente tecer algumas considerações sobre essa situação frequente, abordando principalmente seu conceito e a nova classificação.

A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se para si mesmo”.  A primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler em 1911. A palavra autismo referia-se a um quadro de “ensimesmar-se”, tornando-se alheio ao mundo social – fechando-se em seu mundo.
Em 1943 o psiquiatra infantil norte americano Leo Kanner estudou com mais atenção 11 pacientes  e observou neles o autismo como a característica mais marcante e usou a expressão “Distúrbio Autístico do Contato Afetivo” para descrever o quadro, que se caracterizava por isolamento extremo, comportamento obsessivo e estereotipias.
 O autismo e as condições relacionadas ao espectro do autismo são condições crônicas, cujas manifestações comportamentais incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões repetitivos e estereotipados de comportamento e um repertório restrito de interesses e atividades. De acordo com a classificação vigente desde 2013, o DSM – 5, os transtornos antes classificados como Autismo infantil, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e Síndrome de Asperger, passaram a ser denominados Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).
A epidemiologia dos TEA corresponde a aproximadamente 1 caso em cada 80 a 100 crianças, predominando no sexo masculino. Essa prevalência vem aumentando nas últimas décadas, especialmente pela realização de diagnósticos mais precoces e mais acurados, associada a uma melhor e mais ampla definição dos critérios diagnósticos.
O diagnóstico dos TEA é baseado principalmente no quadro clínico do paciente, não havendo ainda um marcador biológico que o caracterize, ou seja não há exame complementar que confirme ou afaste o diagnóstico.
Essa avaliação diagnóstica deve ser preferencialmente realizada por uma equipe multidisciplinar, composta pelo médico neuropediatra ou psiquiatra da infância, neuropsicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, que vão além de dar o diagnóstico, montar o melhor plano terapêutico para a criança.

Hoje ainda não se pode prevenir o autismo, mas o diagnóstico precoce e uma intervenção comportamental intensiva são capazes de melhorar os resultados funcionais de muitas crianças.

Um abraço

Dra Alessandra

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Novos atendimentos - Terapia Ocupacional

Amigos

Como vocês sabem, obra é uma coisa que tende ao infinito. Mas aos poucos vamos montando a clínica e colocando todos os atendimentos que planejamos.

Já estamos atendendo com neurologia infantil, neuropsicologia e acupuntura. Temos ainda, a parceria com a fonoaudiologia no mesmo local, para avaliação multiprofissional de problemas escolares, além de avaliação auditiva com processamento auditivo central (PAC).

Na próxima semana, estaremos iniciando o atendimento de terapia ocupacional (TO). E para saber um pouco mais sobre essa especialidade, segue o texto da nossa TO Caroline Piotto, que também atua na AACD.


Terapia Ocupacional


Terapia Ocupacional é uma profissão de nível superior que atua no campo da saúde, da educação e na esfera social. Volta-se à prevenção, tratamento e reabilitação de pessoas em todas as faixas etárias, com alterações cognitivas, motoras, sensoriais e psicoemocionais, que as prejudiquem no desempenho de suas ocupações cotidianas, tais como tomar banho, vestir-se sozinho, trabalhar, brincar, estudar, fazer compras, entre outras. Busca facilitar a autonomia e a independência das pessoas promovendo a saúde e a qualidade de vida.




Caroline Regina Piotto
Terapeuta Ocupacional especialista em Terapia Ocupacional no Contexto Hospitalar pela  Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo , em Terapia da Mão pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Conhecimento em Avaliação e Tratamento de Pacientes com Disfunção Neurológica  Baseado no Conceito Bobath, bandagem  terapêutica pelos métodos Therapy Taping e International Dynamic Taping e Integração Sensorial  e sua utilização com crianças com distúrbios de aprendizagem e neurológicos, tais como paralisia cerebral e autismo.


Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....