Por Caroline Piotto
Terapeuta Ocupacional da Clínica Vivere,
Especialista em Terapia Ocupacional no contexto Hospitalar (Santa Casa),
Especialista em terapia de mão pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (USP).
Terapeuta Ocupacional infantil da AACD- Osasco.
Experiência nos métodos Bobath, IS, Therapy Taping e International Dynamic Taping.
1) Como se
define Integração Sensorial (IS)?
R.: Habilidade do cérebro de processar e
organizar toda a informação que recebe através dos sentidos e preparar uma
resposta adequada ao estimulo recebido. Segundo Ayres (1989), define IS como: “
o processo neurológico que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente
e torna possível a utilização do corpo dentro do contexto ambiental. Os
aspectos espaciais e temporais da informações recebidas de diferentes
modalidades sensoriais são interpretados, associados e unificados. Integração
sensorial é o processo da informação.”
2) Quais as
sensações que recebemos?
R.: A sensações que recebemos são:
táteis, auditivas, olfatórias, visuais, somestésica e gustativa.
3) O que é
disfunção de Processamento sensorial? Como isso ocorre?
R.: A disfunção de modulação sensorial
pode ser definida como problemas no ajuste e processamento das mensagens
neurais que carregam informações sobre intensidade, freqüência, duração, complexidade
e novidade de estímulos sensoriais. Na modulação sensorial, os processos
neurofisiológico envolvidos são a habituação e a sensibilização, que ocorrem de
acordo com o limiar neurológico de cada individuo, ou seja, de acordo com a
quantidade de estímulos necessários para o sistema nervoso reagir.
O de habituação ocorre quando o indivíduo
apresenta alto limiar neurológico, ocorre muita habituação, diminuem as
transmissões sinápticas e o indivíduo responde de forma lenta ou até mesmo
apática. Em contrapartida, poderão ser observados comportamentos de busca de
estímulos, na tentativa de ampliar suas experiências sensórias acrescentando inputs de movimentos, toques e sons
(hiporreação).
O de sensibilização ocorre quando o
indivíduo apresenta baixo limiar neurológico, ocorre muita sensibilização,
rápido disparo das transmissões sinápticas, gerando comportamentos de
irritabilidade, excitabilidade, ansiedade ou de fuga daquele estímulo
(hiper-reação).
4) Como a IS
contribui para o desenvolvimento neuropsicomotor?
R.: Ela contribui para que o cérebro
organize as informações recebidas e dê uma resposta adequada. Se a criança desde de pequena não receber
informações sensoriais importantes de forma clara e concisa, isso pode afetar o
seu desempenho neuropsicmotor.
5) Quem realiza
esse tratamento?
R.: O tratamento é realizado por Terapeutas Ocupacionais ou
profissionais com curso de especialização, que avaliam a criança através de
observações clínicas, entrevistas com a família e testes, e conseqüentemente
desenvolvem um programa individualizado composto de atividades de movimento e
estimulação sensorial com orientação familiar e/ou escolar. A terapia
ocupacional usa a integração sensorial como estrutura de vários tipos de planos
de intervenção, promovendo senso de direção, permitindo um contexto dentro do
brincar e facilitando respostas adaptativas nas áreas motora, social, afetiva e
cognitiva.
6) Qual a
população que se beneficia desse tratamento?
R.: Crianças com distúrbio do
desenvolvimento como, autismo, paralisia cerebral, síndrome do X frágil,
deficiência auditiva, deficiência intelectual, prematuros, exposição a drogas
durante o período pré-natal, deficiência visual entre outros.
7) Quais os lugares onde pode ser
aplicada a IS além do consultório e casa??
R: Pode ser aplicada também na escola,
quinze minutos antes das aulas promovendo um bom rendimento acadêmico,
interação social, aumento da atenção/alerta, concentração, memória e interesse.
O desfio sempre na medida certa
promovendo a segurança emocional e física da criança. Tem do terapeuta um
incentivo constante, reforço positivo e o ambiente sempre seguro, limpo e
organizado.
Alguns sinais de problemas na integração sensorial:
1. Falta de força e tônus muscular, o que pode
resultar em má postura e fadiga.
2. Má consciência espacial e desenvolvimento pobre da
percepção de posição, resultando em insegurança durante os movimentos.
3. Falta de coordenação entre os dois lados do corpo.
A criança pode ficar desajeitada e confusa quando as duas mãos precisam trabalhar
em conjunto, como para atividades de cortar ou escrever.
4. Falta de coordenação entre os olhos e o corpo, de
modo que há uso ineficaz de informação visual para auxiliar no desempenho de
ações.
5. Atenção de curta duração. A criança geralmente tem
dificuldade em focar nas tarefas que precisa fazer.
6. Lentidão ao desempenhar ou aprender tarefas
motoras novas, uma vez que precisa pensar sobre cada movimento que faz.
Desajeitada, bate-se nas coisas ou cai muito parecendo não ver os obstáculos no
caminho.
7. Comportamento hiperativo; a dificuldade em
concentração faz com que perceba todas as coisas ao mesmo tempo e não consiga
se concentrar em uma só.
8. Sentido tátil mal desenvolvido, fazendo com que
não goste de ser tocada, tenha dificuldade em aprender sobre a forma e textura
das coisas. Por outro lado, pode não perceber seu espaço pessoal e tocar demais
as pessoas, chegar perto demais.
9. Criança extremamente difícil para se alimentar: só
come comidas com um certo tipo de textura, ou na mesma temperatura.
10. Apresenta medo excessivo, isola-se
11. Dificuldade em graduar a força que precisa para
manipular objetos ou tocar as pessoas.
12. Problemas em usar e entender linguagem,
resultando em problemas na fala, leitura e escrita. Problemas na articulação da
fala sem razão aparente.
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