quarta-feira, 16 de março de 2011

CUIDANDO DE QUEM CUIDA

Hoje, diferente do que geralmente faço, vamos falar da atenção as mães, pais, avós, irmãos e outras pessoas que se dedicam ao cuidado das crianças com alguma deficiência.

Achei interessante falar neste assunto, pois semana passada atendi uma criança que conheço desde o nascimento (ela está com 9 anos) e mal reconheci a mãe. Uma moça jovem, que tem menos de 30 anos, mas com aparência de pelo menos 10 anos a mais, emagrecida e com um aspecto realmente cansado.

Perguntei como ela estava e ela me respondeu o que estava na cara: Nossa Doutora! Estou muito cansada. Minha vida é correr de lá para cá em médicos e terapias, laudos, escolas, remédios... Enfim uma vida de compromissos!

Curiosa, fiz uma pergunta: e o que você faz para você? Tipo ir ao cinema, passear sozinha, ir ao salão de beleza, essas coisas. Ela deu risada e respondeu: Ah, desde que minha filha nasceu, não faço mais nada!

Aquela resposta me tocou profundamente por dois pontos: Primeiro, sei (e sei bem) que uma criança com necessidades especiais, ainda mais no caso dela que a filha é dependente para tudo, realmente dá muito trabalho e consome um tempo enorme. Entretanto não podemos esquecer que há um ser humano por trás da figura do responsável que tem necessidades também, que precisa de uma vida além da criança, até para poder dar seu melhor à criança.

E segundo, as situações neurológicas da infância são geralmente crônicas, ou seja, vão acompanhar a criança boa parte, ou a vida toda. Então é necessário que a família se organize para viver com essa realidade e não viver somente essa realidade.

Outro ponto que acho importante é que a gente aprenda a pedir ajuda. Ao pai da criança (que tem as mesmas responsabilidades da mãe), avós, tios, vizinhos. Quanto maior a rede que for construída em torno dessa criança, menos ela vai ser um peso na vida daquele responsável sobrecarregado. Se essa for uma rede de amor, aí então, ela só tem a ganhar.

Pedir ajuda a alguém é, além de um exercício de humildade, um exercício de tolerância, já que o outro pode não cuidar da mesma forma que nós cuidamos (Cuidado mamães!! Pois nós mães achamos que só NÓS cuidamos direito dos nossos filhotes), mas qualquer cuidado que venha com amor e boa vontade vai, com certeza, dar certo e fazer bem.

E uma vez resolvido isso, vá sem culpa, ao parque, ao cinema, à igreja, namorar seu marido, seu namorado, arrumar um namorado, enfim viver a sua vida, pois esse é um direito de todos nós.

Sejamos felizes!
Um abraço
Dra Alessandra

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dúvidas, sugestões, comentários? Me escreva!!!

Ansiedade na infância: por que nossas crianças sofrem com o amanhã?

Eu acho que a infância é, sem dúvidas, a melhor fase da vida. Onde tudo é lúdico e onde a vida ainda é mais diversão do que obrigação....