quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma conversa sobre Epilepsia

Embora seja um nome que traz muito preconceito quando dito, a epilepsia não é um bicho de sete cabeças. A epilepsia é um grupo de doenças que tem em comum a presença de crises epilépticas (ou convulsivas) recorrentes na ausëncia de condição tóxico-metabólica (meningite, baixa de glicose no sangue, etc) ou febre.

É importante salientar que crise epiléptica e crise convulsiva são a mesma coisa e que a crise é causada por descargas elétricas cerebrais anormais excessivas e transitórias das células nervosas.

O sintoma da crise depende da área cerebral envolvida. A crise tem inicio súbito e cessa espontaneamente. Afeta cerca de 1-2% da população com predomínio na infância e na terceira idade.

A causa depende da idade do paciente e do tipo de crise. As causas adquiridas mais comuns são, em crianças, hipóxia ou asfixia neonatal (falta de oxigênio no parto), traumatismo craniano, distúrbios metabólicos, mal formações cerebrais congënitas e infecções.

Em crianças maiores e adolescentes a mais comum é epilepsia idiopática ou primária que geralmente tem causa genética (familiar).

Na idade adulta temos as epilepsias idiopáticas, traumatismos cranianos, abuso de alcool e outras substäncias tóxicas, tumores cerebrais, AVCs (derrame cerebral) e as doenças parasitárias como a neurocisticercose (verme da carne de porco).

Para um correto diagnóstico da doença o primeiro passo é definir pela anamnese ou história clínica se o episódio é ou não de origem epiléptica. O diagnóstico da epilepsia é essencialmente CLÍNICO!

O exame complementar mais importante é o eletrencefalograma ou EEG, porém este pode ser normal em 30-40% dos pacientes epilépticos num primeiro exame.

O vídeo-EEG é um exame usado para melhorar a caracterização das crises epilépticas e só é utilizado nos casos de dúvida diagnóstica ou de epilepsia com indicaçao cirúrgica.

Exames de neuroimagem (tomografia computadorizada ou ressonância magnética) são importantes para afastar crises sintomáticas com lesão cerebral. Outros exames de imagem só são requeridos em casos mais graves com indicação cirúrgica.

A evolução é boa ou excelente na maioria dos casos, porém vai depender do tipo de epilepsia (síndrome epiléptica). Em mais da metade dos casos (60-70%) a evolução é para a cura após 2 a 4 anos de tratamento com medicação.

O tratamento é geralmente com medicamentos utilizados de forma contínua por um período relativamente longo (2 a 4 anos). O tratamento cirúrgico só é sugerido nos casos lesionais ou refratários (sem controle com remédio).

A maioria das crises ocorre ao acaso, de modo inesperado. Em alguns tipos de síndromes epilépticas podem ocorrer fatores desencadeantes de crises, tais como luzes piscando, privação de sono, ingestão de drogas e alcool, situações estressantes, período menstrual.

É importante salientar que no momento da crise, devemos somente proteger o paciente, virando-o de lado para que não se engasgue caso apresente sialorréia (baba excessiva). Não devemos tentar abrir a boca, puxar a língua ou enfiar qualquer material na boca da pessoa.

Embora seja uma doença que exija tratamento médico rigoroso e prolongado, a epilepsia é na maior parte dos casos um quadro com boa evolução e boa resposta ao tratamento que não incapacita, nem tão pouco modifica a vida do indivíduo afetado.

Um abraço
Dra Alessandra

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