segunda-feira, 21 de maio de 2012

Para ler e amar!



Acabei de ler um livro lindo que quero compartilhar com vocês: Paralisia Cerebral – Olá! Quer ser meu amigo?

A autora, Sulamita Mattoso Maciel nos brinda com uma generosidade genuína ao contar sua história e de seu filho Gabriel, um jovem com paralisia cerebral.

Sulamita passeia com fluidez por todos os momentos do caminho, a suspeita do diagnóstico, suas dúvidas a respeito do desenvolvimento do Gabriel (com a família e o pediatra insistindo que era coisa da cabeça dela), até finalmente alguém dar o diagnóstico. Suas aflições e a forma de tratamento de alguns colegas da saúde que não conseguem enxergar o momento delicado que é o do diagnóstico de uma condição para a vida toda.

Conta ainda, todas as fases que ela passou na aceitação deste. Sua fase de vitimização, “Por que comigo?”, sua fase “Super mãe” até a chegada a um caminho de equilíbrio no processo.

Me emocionei várias vezes durante a leitura, desde o prefácio com a bela introdução do neurologista que hoje acompanha Gabriel (Fernando Kok), passando pelos relatos dos parentes e amigos, até a linda descrição que Sula faz sobre quem é Gabriel.

Esse é um ponto interessante. Na minha prática clínica, sempre pergunto às mães como é a criança e muitas não tem noção do que seus filhos gostam ou não gostam. E dizem que ele não entende nada. Fiquei maravilhada com a profundidade do conhecimento que Sulamita tem de Gabriel. Ele não fala, mas se comunica e a família tem a atenção e a sensibilidade necessárias para compreendê-lo. Isso é reflexo do amor. Isso é possível e o livro nos mostra isso de forma muito concreta.

A autora expõe de forma corajosa suas escolhas e reflete sobre elas, sem medo de perceber alguns erros cometidos na tentativa sincera de acertar. Comenta sobre a patologia de forma clara, correta e acessível e aponta a necessidade dos pais saberem o grau de comprometimento de seus filhos e o que esperar da evolução do quadro.

Finaliza de forma poética nos alertando que “os monstros vão existir enquanto houver medo. Uma coisa só existe quando acreditamos nela. Portanto, os monstros só existem se você acredita neles”.

Vale a leitura.

Um abraço
Dra. Alessandra

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