terça-feira, 29 de junho de 2010

Formas clínicas de PC – continuação

Continuando o assunto da semana passada, vamos hoje conversar sobre as outras formas clínicas da PC.

A forma atetóide ou discinética é caracterizada por movimentos involuntários, coréicos ou atetóides, acometendo a musculatura apendicular, tronco, face e língua, podendo ser assimétrico, geralmente se intensificam em períodos de estresse emocional e tendem a desaparecer no sono. Estes movimentos iniciam-se entre o quinto e o décimo mês de vida, mas o quadro completo não aparece antes do segundo ou o terceiro ano, sendo precedidos por hipotonia intensa, quando por vezes observa-se episódios de hipertonia principalmente à manipulação, não havendo um limite exato do início das distonias. A persistência de reflexos primitivos e a intensidade da hipotonia são considerados fatores preditivos da gravidade da distonia. Os pacientes podem também ter problemas na deglutição e na coordenação da fala, condição esta conhecida como disartria, decorrentes do envolvimento dos músculos buco-laríngeo-faringeos. Alguns pacientes podem inclusive apresentar problemas nutricionais em decorrência das dificuldades em deglutir. Também a mímica destes pacientes é acometida, levando a careteamentos bizarros que podem dar a falsa impressão de retardo mental.
A movimentação fina das mãos, como na escrita e alimentação é muito comprometida assim como a marcha, sendo que a maioria destes pacientes não a adquirem. A inteligência é normal ou na faixa limítrofe e epilepsia é incomum, sendo geralmente de fácil controle. A PC forma atetóide corresponde aproximadamente entre 10 a 20% dos casos de PC e está geralmente associada à asfixia perinatal grave e hiperbilirrubinemia ou associação destes.

A forma atáxica é rara existindo controvérsia quanto à sua existência assim como seus aspectos patológicos. Esta forma altera o equilíbrio e sensibilidade profunda, levando a incoordenação, marcha instável com aumento de base e com dificuldade em movimentos finos. Tremor de intenção pode estar presente. O quadro geralmente só se torna evidente após o primeiro ou segundo ano de vida, quando a criança começa a deambular. Esta forma corresponde de 5 a 10% dos pacientes com PC.
As formas mistas são comuns com sintomas de mais de uma das formas acima descritas em qualquer combinação, sendo a mais comum a associação de espasticidade e movimentos atetóides.

É importante salientar que independente da apresentação clínica da PC, o paciente com ECNE ou PC necessita reabilitação em equipe interdisciplinar e avaliação criteriosa de suas dificuldades, para não cometermos erros especialmente na esfera cognitiva. São indivíduos que devem ser estimulados no serviço de saúde, mas principalmente em casa, onde o investimento deve ser intenso.
Boa semana
Dra Alessandra

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