Embora seja praticamente carnaval,
tempo de festa e diversão, vamos tratar de um assunto muito sério, o autismo.
Chamado agora de transtornos do espectro autista (TEA), essa condição é
bastante frequente e seu diagnóstico vem
aumentando nos dias atuais. É preciso pensar no diagnóstico e se possível,
fechá-lo o mais cedo possível.
Entretanto os estudos atuais
evidenciam que crianças com atraso na fala e na sociabilização devem ser
tratadas e estimuladas por equipe experiente, independente do diagnóstico.
Aproveitar esse tempo importante que chamamos “janela de oportunidade”, fará toda
a diferença no futuro desses pequenos.
Uma vez fechado o
diagnóstico de TEA, como tratá-lo? Tem cura? Qual o remédio? Quem trata? Essas
são perguntas extremamente frequentes na minha rotina.
O tratamento dos TEA requer um
manejo psicossocial, com abordagem multidisciplinar. Essa abordagem prevê:
¨ Reabilitação multidisciplinar;
¨ Intervenções farmacológicas,
quando necessário.
É importante salientar que, a
abordagem farmacológica (remédio), realizada pelo médico, não substitui de
forma alguma a abordagem da reabilitação (terapia comportamental, terapia
ocupacional e fonoterapia), esse sim o verdadeiro tratamento. Embora não
falemos em cura ainda, falamos em adaptação, com uma vida muito próxima ao normal, dependendo especialmente do
potencial cognitivo da criança e do investimento familiar.
Quanto a terapia medicamentosa, embora
não haja remédio específico para o autismo muito se pode colaborar com
medicamentos nos quadros do espectro autista. Essa indicação deve ser avaliada
e prescrita pelo médico especialista, neuropediatra ou psiquiatra de infância.
Além dos déficits sociais e
cognitivos específicos do transtorno, os problemas de comportamento são uma
grande preocupação, já que representam as dificuldades que mais frequentemente
interferem na integração de crianças autistas dentro da família e da escola, e
de adolescentes e adultos na comunidade.
Neste contexto, os medicamentos
serão úteis no controle de alguns sintomas do TEA, chamados sintomas-alvo e de
algumas comorbidades como a epilepsia e os transtornos do sono.
Os principais sintomas que podem
requerer uma abordagem farmacológica são as estereotipias, a agressividade, a irritabilidade
e a agitação psicomotora.
A decisão de medicar ou não esses
sintomas dependerá do impacto destes na vida da criança ou do adolescente.
Medicamentos como os
anti-depressivos, os anti-psicóticos e até mesmo os anti-epilépticos são os
mais utilizados.
A epilepsia quando presente deve
ser tratada da mesma forma que quando aparece sem o TEA, porém, às vezes
podemos escolher a medicação já visando melhorar outros sintomas ou realizar
associações que ajudem em vários aspectos do quadro, para introduzir o mínimo
possível de medicamentos.
Reconhecer o transtorno, investir
na criança, medicar quando necessário, estimular sempre. Esse é o caminho para
nossos meninos serem produtivos, integrados à sociedade e, claro, felizes.
Boa semana e bom feriado.
Um abraço
Dra Alessandra