sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O tratamento medicamentoso. Medos e possibilidades.



Hoje vamos falar de um assunto que gera muito medo e muitas expectativas nos pais, que é a abordagem de uma situação clínica através do uso de medicamentos.

Em primeiro lugar, eu quero salientar que geralmente na nossa prática clínica, o uso do medicamento só ocorre quando entendemos que esse é o melhor caminho para a melhora ou a resolução de uma queixa clínica. Há alguma situação, que impacta negativamente a vida daquela criança e de sua família e após uma avaliação clínica minuciosa, com ou sem a necessidade de exames complementares, fechamos um diagnóstico e optamos por introduzir um remédio.

Em alguns casos, como a epilepsia, por exemplo, essa introdução é mandatória, ou seja, o tratamento é primordialmente realizado com remédios. Em outros, como os transtornos do espectro do autismo, a medicação só entra para auxiliar a reabilitação, quando necessário e isso pode e deve, inclusive ser discutido com a família.

Em outros casos, como o TDAH, a associação de medicamentos e reabilitação cognitiva com terapia cognitivo comportamental é a melhor associação, porém essa escolha também pode ser discutida com a família e com a própria criança.

Dois aspectos devem ser salientados neste assunto. O primeiro, e que mais me preocupa, é o excesso de expectativa em relação ao tratamento medicamentoso. Um remédio tem uma função, geralmente única, de melhorar algum sintoma alvo que causa mais impacto, mas ele não vai resolver todos os problemas da vida. Ele (ainda bem) não vai modificar quem aquela criança é. E finalmente, ele não vai substituir a presença dos pais, a colocação de limites e as necessidades de supervisão próprias de cada idade.

O outro aspecto é o inverso. Vivemos num mundo onde parece que tudo pode ser resolvido com remédio. Remédio para dormir, para acordar, para ser feliz, para estudar... E por aí vai. Isso acaba gerando em algumas famílias uma resistência ao uso de toda e qualquer medicação, especialmente, as medicações controladas.
Isso é uma pensa, porque por conta de preconceitos, normalmente infundados, perdemos a chance de melhorar muito a vida de uma criança. Sempre comento para os meus pacientes que não existe remédio “forte”, existe remédio bem indicado.

Quando um remédio é usado com objetivos concretos, baseado num diagnóstico cuidadoso e com um bom plano de tratamento traçado para melhorar a qualidade de vida da criança, então ele é realmente bem indicado.

Por isso, busque o diagnóstico do seu filho. Entenda o porquê daquela prescrição. Pesquise, escute outras opiniões e não tenha medo de eventualmente usar um medicamento que pode ajuda-lo em vários aspectos da vida.

Um abraço
Dra Alesandra

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