domingo, 11 de maio de 2014

Congresso Internacional de Neurologia Infantil 2014


E o Congresso acabou! Foi tão corrido que nem tive tempo de ir colocando as novidades para vocês.

Participar de um congresso internacional é sempre uma emoção diferente. Ainda mais neste, que foi no Brasil. Convidados de vários países se misturavam aos muitos brasileiros que foram até a bela Foz do Iguaçu no Paraná prestigiar o evento.
Mais de 900 participantes fizeram deste encontro uma semana rica de trocas e confraternização.

Muito se falou da medicina dos países ditos “em desenvolvimento”, mas que na prática nada mais são que países pobres, com uma medicina precária e mal distribuída, onde os ricos tem toda a tecnologia de ponta e a saúde pública carece de elementos básicos. Neste aspectos somos assustadoramente parecidos com a índia e com países africanos. Todo nosso conhecimento e tecnologia não chega para a maior parte dos pacientes. Enquanto se falava em ressonância neonatal para diagnóstico precoce de paralisia cerebral, nós ainda lutamos por ultrassonografia nas UTIs neonatais da rede pública.

Assuntos importantes como paralisia cerebral, neurologia do desenvolvimento, neurologia neonatal e epilepsia foram devidamente abordados, com palestras muito interessantes, trabalhos de vários países mostrando diversas faces destas patologias, incluindo um trabalho do nosso serviço, que tive a honra de representar. Nestes momentos a discussão era extremamente prática e de interesse para a rotina de trabalho de cada um.

Outros assuntos como doenças metabólicas, doenças neuromusculares e neurogenética também foram amplamente discutidos. Mas nestas áreas nosso país está muito atrás. Coisas lindas são feitas, pesquisas interessantes são desenvolvidas, mas infelizmente, isso ainda está muito longe da nossa realidade. Aqui, ainda demoramos muito a realizar esses diagnósticos e mais ainda para dar o tratamento adequado. Fica uma sensação de impotência e frustração. Entretanto fica também a esperança de que a luta é árdua mas é possível e que vale muito a pena.

Sempre me pergunto quando vou a congressos, o que isso fica para a minha vida segunda-feira quando for atender meus pacientes. E fica muita coisa. Coisas ótimas, como novas possibilidades de tratamento e investigação, como a certeza de que embora com poucos recursos, fazemos uma medicina pautada pelo estudo, pelo conhecimento e pela responsabilidade com o outro.

Mas fica também algumas tristezas, como a de reconhecer que se houvesse interesse político poderíamos ter um país com a saúde muito melhor para nossa população. Políticas públicas de saúde bem feitas, dinheiro bem investido, menos corrupção, políticos mais interessados no trabalho e menos em cuidar dos próprios interesses são ações que podem melhorar nosso caminho. E parte disso está nas nossas mãos. Votando com consciência e cobrando de nossos representantes. Vamos ao trabalho!

Boa semana
Um abraço
Dra Alessandra


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