E o
Congresso acabou! Foi tão corrido que nem tive tempo de ir colocando as
novidades para vocês.
Participar
de um congresso internacional é sempre uma emoção diferente. Ainda mais neste,
que foi no Brasil. Convidados de vários países se misturavam aos muitos
brasileiros que foram até a bela Foz do Iguaçu no Paraná prestigiar o evento.
Mais
de 900 participantes fizeram deste encontro uma semana rica de trocas e
confraternização.
Muito
se falou da medicina dos países ditos “em desenvolvimento”, mas que na prática
nada mais são que países pobres, com uma medicina precária e mal distribuída,
onde os ricos tem toda a tecnologia de ponta e a saúde pública carece de
elementos básicos. Neste aspectos somos assustadoramente parecidos com a índia
e com países africanos. Todo nosso conhecimento e tecnologia não chega para a
maior parte dos pacientes. Enquanto se falava em ressonância neonatal para
diagnóstico precoce de paralisia cerebral, nós ainda lutamos por ultrassonografia
nas UTIs neonatais da rede pública.
Assuntos
importantes como paralisia cerebral, neurologia do desenvolvimento, neurologia
neonatal e epilepsia foram devidamente abordados, com palestras muito
interessantes, trabalhos de vários países mostrando diversas faces destas
patologias, incluindo um trabalho do nosso serviço, que tive a honra de
representar. Nestes momentos a discussão era extremamente prática e de
interesse para a rotina de trabalho de cada um.
Outros
assuntos como doenças metabólicas, doenças neuromusculares e neurogenética
também foram amplamente discutidos. Mas nestas áreas nosso país está muito
atrás. Coisas lindas são feitas, pesquisas interessantes são desenvolvidas, mas
infelizmente, isso ainda está muito longe da nossa realidade. Aqui, ainda demoramos
muito a realizar esses diagnósticos e mais ainda para dar o tratamento adequado.
Fica uma sensação de impotência e frustração. Entretanto fica também a
esperança de que a luta é árdua mas é possível e que vale muito a pena.
Sempre
me pergunto quando vou a congressos, o que isso fica para a minha vida
segunda-feira quando for atender meus pacientes. E fica muita coisa. Coisas
ótimas, como novas possibilidades de tratamento e investigação, como a certeza
de que embora com poucos recursos, fazemos uma medicina pautada pelo estudo,
pelo conhecimento e pela responsabilidade com o outro.
Mas
fica também algumas tristezas, como a de reconhecer que se houvesse interesse
político poderíamos ter um país com a saúde muito melhor para nossa população.
Políticas públicas de saúde bem feitas, dinheiro bem investido, menos corrupção,
políticos mais interessados no trabalho e menos em cuidar dos próprios
interesses são ações que podem melhorar nosso caminho. E parte disso está nas
nossas mãos. Votando com consciência e cobrando de nossos representantes. Vamos
ao trabalho!
Boa
semana
Um
abraço
Dra
Alessandra
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