quinta-feira, 7 de maio de 2015

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode ocorrer no adulto?


Falar do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças já gera bastante dúvidas e surpreendentemente alguma polêmica. Hoje vamos explorar um campo ainda mais desconhecido, que é o TDAH no adulto.

A forma clínica da idade adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria em 1980, por conta de sua publicação no DSM-III, persistindo seu diagnóstico nas edições subsequentes. A Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) ainda não lista a forma adulta e seus critérios diagnósticos, embora estes já estejam bem estabelecidos como veremos no decorrer deste texto.

O diagnóstico de TDAH no adulto ainda é motivo de debates, visto que desde a sua descrição o TDAH tem sido definido como uma situação da infância.

Boa parte dessa dúvida se dá pelo fato dos sintomas de hiperatividade e impulsividade melhorarem na adolescência, dando a impressão de cura do transtorno após essa fase da vida.
Entretanto, estudos demonstraram que o TDAH persiste na vida adulta em torno de 60 a 70% dos casos e embora haja diferenças clinicas entre adultos e crianças, a tríade clássica de desatenção, hiperatividade e impulsividade persiste em intensidade e características diferentes, porém com impacto funcional e adaptativo também no adulto.

Há atualmente, inclusive, escalas específicas para a avaliação de TDAH em adulto, como a ARSR (Adult Self-Report Scale), uma escala auto aplicável para rastreio do transtorno e outros testes já utilizados no Brasil como o CPT (Continuous Performance Test), um teste computadorizado, padrão ouro para avaliação das funções executivas que vai dos 6 aos 80 anos. Para maiores informações sobre o CPT acesse http://www.vivereclinica.com/#!Diagnóstico-no-Transtorno-de-Déficit-de-Atenção-e-Hiperatividade/cpbq/54c2591d0cf2ad5dc6cd7015.

Outros recursos como a avaliação neuropsicológica também são bastante importantes no diagnóstico do transtorno nos adultos.

É importante salientar que muitos indivíduos podem ser diagnosticados na idade adulta e o impacto na vida da pessoa continua existindo mesmo depois de tantos anos convivendo com o transtorno. É muito comum na minha prática clínica realizar o diagnóstico do pai ou da mãe de uma criança após o diagnóstico do filho.

O tratamento tanto medicamentoso, quanto psicoterápico, seja com treino cognitivo, com o COGMED ou com terapia cognitivo comportamental ou seja na associação de intervenção terapêutica e medicamentosa melhora de forma impactante a vida do indivíduo com o TDAH e esse diagnóstico pode e deve ser realizado em qualquer idade.

Embora o TDAH seja um diagnóstico muito mais prevalente na infância, diagnosticar e tratar o adulto com o transtorno é fundamental para melhorar a qualidade de vida, a performance e a funcionalidade destes indivíduos.

Um abraço
Dra Alessandra


Leitura Recomendada:
Biederman J, Faraone SV. Attention-deficit hyperactivity disorder. Lancet. 2005;366(9481):237-48.
Faraone SV, Biederman J, Spencer T, Wilens T, Seidman LJ, Mick E, et al. Attention-deficit/hyperactivity disorder in adults: an overview. Biol Psychiatry. 2000;48(1):9-20.
MATTOS, Paulo et al. Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul [online]. 2006, vol.28, n.1 [cited  2015-05-07], pp. 50-60 . Available from: . ISSN 0101-8108.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81082006000100007.


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