quinta-feira, 19 de junho de 2014

A difícil tarefa de dar (mais) um diagnóstico

Texto da Neuropsicóloga Melanie Mendoza
Publicado no blog Verdade Dura e Crua

Nas últimas semanas coloquei a questão do uso de psicofármacos. Abordei este assunto porque ele também diz respeito à deficiência.
Existe uma crença irracional e bastante disseminada de que crianças e adolescentes com  uma deficiência não podem ter um transtorno de outra ordem. Por exemplo, quem tem Paralisia Cerebral não pode ter TDAH ou quem tem mielomeningocele não pode ter autismo, ou quem tem autismo não pode ter Transtorno de Pânico.

A literatura internacional diz exatamente o contrário, pessoas com quadros que podem afetar a mobilidade e/ou comportamento estão mais propensos a problemas de saúde mental e prejuízos cognitivos específicos de diversas naturezas.

Profissionais de reabilitação tem de fazer um duríssimo trabalho de sensibilização para a aceitação de mais um diagnóstico, sem que ocorra uma crise familiar ou institucional. Isso porque sem um diagnóstico não pode se implementar uma conduta psicoterápica, medicamentosa ou de treino cognitivo.

O tratamento para o sofrimento e prejuízo de pacientes idosos, adultos ou crianças é assegurado por lei. Eu me pergunto em diversas ocasiões por que pacientes com deficiência podem de ter este direito negado mesmo quando existe estrutura para o tratamento?

Será porque eles já cumpriram sua cota na CID? Ou por que não podemos aceitar um mundo em que crianças e adultos tenham de lidar com mais de uma limitação?

Eu convido os leitores deste blog a questionarem os profissionais sobre os recursos para melhoria de qualidade de vida, pois nosso dever é pensar nas melhores soluções disponíveis.

Um grande abraço,
Melanie Mendoza



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