terça-feira, 10 de junho de 2014

Estimulação e Aprendizagem

Texto da Neurolpsicóloga Melanie Mendoza

Na prática clínica um dos desafios cotidianos de psicólogos e terapeutas ocupacionais é orientar os pais sobre a famosa “estimulação”.
Estimulação nada mais é o do que facilitar a aprendizagem. Criar um contexto plenamente favorável para que a aprendizagem ocorra.  Vamos analisar uma das situações mais comuns: estimular a criança a saborear novos alimentos.
Algumas aprendizagens são mais fáceis do que outras. De maneira geral temos mais facilidade em aprender a gostar de chocolate do que de jiló, pois biologicamente, através do processo de seleção natural, nossa espécie evoluiu preferindo alimentos doces e gordurosos (pudim, bolo, picanha…) à alimentos amargos (jiló, almeirão…), portanto essas aprendizagens já “preparadas pela natureza” exigem menos esforço, bastando que a criança seja apresentada à situação. Isso não ocorre, é claro, apenas com comida, mas também com estímulos atraentes sensorialmente e que requerem pouco esforço (tablets, smart phones, etc.)
É um segundo tipo de aprendizagem que ocorre durante o desenvolvimento  que necessitamos da tal da “estimulação”. A aprendizagem que tem maior valor de longo prazo para o indivíduo e para o seu grupo, mas que não é “preparada pela natureza”. Esta aprendizagem necessita de um intermediador, que em situação normal é paciente e amoroso.  Retomando o exemplo da comida: ensinar uma criança a gostar de brócolis, almeirão e rúcula exige – para quase todo mundo – criatividade, persistência e paciência, muita paciência.
Existem um sem número de comportamentos que precisam ser estimulados, mais precocemente por pais e mais tardiamente por um contexto social mais amplo. Citando apenas uma ínfima parte deles: comer com talheres, falar língua materna, escovar os dentes, segurar nossa raiva, esperar a nossa vez, largar a mamadeira, levantar quando o despertador toca, fazer os alongamentos prescritos pela fisioterapia ou os exercícios físicos prescritos pelo cardiologista, cortar (ou deixar cortar) as unhas, segurar o xixi ou o cocô até chegar ao banheiro, dar um beijo na tia que não gostamos, trabalhar para receber dinheiro, saber que o nome daquele bicho que faz “miau” se escreve G-A-T-O, pedir de um outro jeito que não seja chorando ou me mordendo...
As sociedades humanas tem múltiplas configurações, valores e culturas. Por isso o conteúdo do que é ensinado pode variar tanto de região para região do planeta, mas uma coisa que não muda é que os comportamentos relevantes precisam ser sempre ensinados por outra pessoa. Quanto mais estreita e prazerosa a relação destes facilitadores com o pequeno aprendiz e constante for o conteúdo ensinado, tão mais eficiente será esta aprendizagem.
Então que tal cantar (mesmo que desafinadamente) algumas músicas infantis (sugiro as músicas do CD “Arca de Noé”), jogar “escravos de Jó”, ou fazer uma sessão de cócegas depois das  prescrições do terapeuta. Tenho certeza que será muito prazeroso para “mestres” e “aprendizes” e assim você estará estimulando muuuuito seu pequeno.
Grande Abraço
Melanie


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