Esse é um canal de muita liberdade, onde podemos
dividir com nossas angústias e dificuldades do dia a dia. E são muitas as
angústias.
Crianças sem diagnóstico por anos a fio, sendo tratadas como
preguiçosas, outras com diagnóstico mas sem a abordagem adequada, outros ainda
com boa abordagem, mas com muitas inadequações ambientais e escolares. Enfim,
muitos pontos para pensarmos.
Mas o ponto mais difícil é quando temos resistência
familiar, especialmente em relação ao diagnóstico. É difícil para a equipe
lidar com reabilitação quando não se segue as orientações, quando não se
acredita que a criança não faz de propósito.
Quando orientamos algumas
adaptações ou apoio para dar a criança com deficiência ou com dificuldade um
aparato mínimo para que ela expresse sua plena potencialidade e a família acha
que estamos “facilitando demais a vida”. Esse é um ponto difícil de lidar.
Porque se isso é verbalizado na consulta, fico com medo do que é dito em casa.
A sensação é que não estamos todos no mesmo time.
Por outro lado, temos a dificuldade de quando se
orienta a dar mais independência, a deixar, mesmo que lentamente, que ela se
vista, ou coma sozinha.
É difícil deixar qualquer filho sair da nossa asa,
ainda mais quando nos preparamos para ter um criança dependente por mais tempo,
eventualmente, pela vida toda. Mas precisamos estar atentos no quanto essa
dependência é real e o quanto ela é gerada por excesso de zelo. Esse aspecto me
preocupa menos porque é parte do envolvimento, do amor e lidar com excesso de
cuidados é sempre mais fácil do que com a falta.
Já falei várias vezes neste ou em outros canais, que
exercer a paternidade e a maternidade dá muito trabalho. Trabalho esse que só é
proporcional a alegria que dá ter filhos.
O olhar deve sempre estar atento. A intenção de
acertar sempre permeando as atitudes. E acima de tudo, esse amor maior que
norteia essa relação deve ser palpável e presente todos os dias.
Um abraço.
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